Toluca: saída pela direita

Thiago Barone
Imponderável FC
Published in
4 min readApr 25, 2016

Quase a contragosto, o São Paulo se classificou para a próxima fase da Libertadores da América. Apesar de três bons jogos contra Trujillanos, River Plate e The Strongest — neste último com direito a doses cavalares de emoção —, o time ainda não passa tanta confiança para o torcedor. E agora, nas oitavas de final, enfrentará um dos adversários mais chatos do torneio em 2016: o Toluca.

Na primeira partida contra o Grêmio, jogando com um homem a menos (Velasco foi expulso por acertar um soco em Douglas), o time mexicano deu espaço para o Grêmio tocar a bola na parte defensiva e não permitiu que os homens de frente do time gaúcho articulassem as jogadas.

Mas houve um padrão nas jogadas do Toluca que o Grêmio não conseguiu anular: a saída de bola pela direita. Veja o grafo abaixo.

Os jogadores estão divididos por times (Toluca em vermelho, Grêmio em azul), os passes são as conexões e o tamanho do nó se refere a centralidade de intermediações, que é a frequência com que um jogador aparece entre as trocas de passes da equipe. Devido a expansão utilizada (Force Atlas2), os atletas não aparecem, necessariamente, em suas posições. Mas, explico onde estavam.

O time mexicano atuou com Talavera no gol, Flores na lateral-direita, Jordan da Silva como zagueiro central, Paulo da Silva como zagueiro pelo lado esquerdo, e Rodríguez como lateral-esquerdo. No meio tinha Velasco, Ortiz (este ajudando um pouco mais na saída de bola) e Ríos como volantes; Arellano, pelo lado esquerdo do ataque, Triverio, centralizado, e Esquivel aberto pela direita

Depois da expulsão de Velasco, Ortiz ficou mais centralizado, se tornando um ponte importante entre os dois lados do campo.

Note que os jogadores que atuam pelo lado direito do Toluca tem um grau de centralidade maior que os demais. E isso ocorreu pelo esquema adotado pelo time durante todo o jogo. Jordan Silva recebia a bola (geralmente do outro zagueiro, Paulo da Silva), abria com Flores na lateral-direita, que acionava Esquivel. A partir disso o atacante mandava a bola na área (ou aguardava a subida do lateral para que ele o fizesse), ou recuava o jogo no lateral-direito, que tentava uma jogada pelo meio.

E isso ocorreu durante toda a partida. Com espaço para que os zagueiros girassem a bola de um lado para o outro, o Grêmio se afundou em campo por não apertar a marcação e não trocar passes no ataque. Repare que os jogadores com maior importância para a troca de passes do time foram Maicon, Wallace Olivera, Edinho, Fernandinho e Marcelo Oliveira — uma linha de uma lateral a outra, sem verticalização de jogadas. Douglas, Giuliano e Everton não achavam espaço para furar a defesa e recuavam a bola, mantendo o padrão de lado ao lado.

Algumas jogadas individuais foram tentadas pelos gremistas, principalmente pelo lado direito, com Wallace Oliveira e Giuliano, mas ou perdiam a jogada para Ríos, que acionava Ortíz ou Esquivel, ou recuava para os zagueiros, ou eram barrados pela marcação de Rodríguez, que quando com a bola, tinha três jogadas principais: abria na ponta-esquerda com Arellano; acionava Ortiz pelo meio (que abria com Flores ou Esquivel); ou recuava para Paulo da Silva, que dava início ao padrão Jordan Silva-Flores-Esquivel.

A saída pela direita foi tão importante que Esquivel foi o atleta que mais recebeu bolas na partida (52 recepções), seguido pelos dois zagueiros (51 para cada). Em quarto aparece Rodríguez, com 47 recepções.

O segundo gol do Toluca, inclusive, nasce de um lançamento da direita para Triverio, que invadiu a área e foi derrubado por Geromel (o primero gol surgiu no início do segundo tempo, em um dos raros cruzamentos de Rodríguez).

Na tabela dos cinco atletas que mais aparecem entre os passes do Toluca, estão Ríos (8,90), Ortiz (5,44), Jordan Silva (4,62), Esquivel (3,80) e Rodríguez (3,60).

Para o São Paulo vencer o Toluca, seja no Morumbi ou no México, além de manter o mesmo empenho dos últimos jogos e prestar muita atenção em Triverio (centroavante brigador, do estilo de Calleri), precisa melhorar o lado esquerdo da defesa. Por ali, foram originadas as jogadas dos gols do The Strongest (em São Paulo e em La Paz, depois de falta do lateral-esquerdo Mena) e do River Plate, também depois de uma falta, mas de João Schmidt, que atua pelo lado esquerdo do campo.

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