DA SÉRIE: QUASE TUDO QUE SEI SOBRE A A.’.A.’. — O QUE NÃO É MUITO.

Quase tudo que sei sobre Liber HHH

Frater F.
Imprimatur
Published in
27 min readSep 13, 2023

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Neste artigo é abordado:

Contexto
Uma análise Qabalística
As meditações de HHH
Conclusão
Perguntas e Respostas

Contexto

Em Liber Collegii Sancti, no item 4 da Tarefa de um Neófito, está escrito: “(…)ele também começará a estudar Liber H(…)”.

Até onde tenho notícias, nunca foi publicado ou mencionado um “Liber H” em nenhum outro contexto. É improvável que seja algo diverso do Liber HHH. Assim como o grau de Neófito é associado à Malkut na Árvore da Vida, suas principais consecuções e instruções são associadas aos três caminhos que dali partem, e como verificamos em Liber Viarum Viae:

ת A Formulação do Corpo de Luz. Liber O.

ש A Passagem da Câmara do Rei. Liber HHH.

ק A Divinação do Destino. Liber Memoriae Viae CMXIII.

Diante do exposto, deduzo que:

  • É pouco provável que Liber H tenha existido, exceto como referência à Liber HHH, ou parte dele;
  • Na hipótese de que tenha existido, Liber HHH provavelmente é uma evolução deste, como Liber Pyramidos é uma evolução do Liber Throa;
  • Liber HHH certamente é instrução adequada para o caminho de Shin.

Quanto ao Zelator, lemos nos itens 3 e 4 de seu Juramento/Tarefa:

3. Além disso, ele demonstrará alguma familiaridade e experiência com as meditações dadas em Liber HHH. E nisto o seu Registro será a sua testemunha.

4. (…) ele passará por exames em Liber HHH.

Finalmente, no Item 4 do Juramento de um Practicus, lemos:

4. (…) Além disso, ele passará pela prática de meditação S.S.S., em Liber HHH.

Uma análise Qabalística

Na introdução de nosso Liber HHH está escrito em latim o que em português se traduz aproximadamente como:

Dois são os modos do homem tornar-se Deus: Sem Forma e Vazio.
Que a Mente se torne como uma chama, ou como um poço de água parada.
De cada método são dados três exemplos àqueles que estão fora do Limiar.
Neste primeiro livro estão escritas as Reflexões Aquosas.

O primeiro verso do primeiro capítulo do livro de Gênesis (Bereshit no Torá) trata da “Passagem do Nada Incompreensível do Ain Soph para a Perfeição da Criação expressa pelas Dez Vozes ou Emanações” como brilhantemente demonstrado por Fr. Iehi Aour em nosso Liber MMCMXI — Uma Nota sobre o Gênesis, tema sobre o qual procurei dar uma releitura moderna e simplificada em A Formação.

Na primeira parte do verso seguinte é dito que “Sem forma” e “Vazio” são os atributos deste princípio: V-ha-áretz haytá tóhu va-bóhuou — ou em hebraico והארץ היתה תהו ובהו — que podemos traduzir aproximadamente como: “E o reino/mundo/criação era perplexo/confuso/caótico/sem forma e atônito/sem matéria/vazio.”

Estes são os atributos — ou melhor, a falta deles — da fonte do poder criativo de onde toda Magick retira o seu “combustível”, e sem os quais nenhuma criação é possível. Quando O Louco combina este poder criativo com a Sabedoria de Chokmah, temos sua polaridade positiva, Força, Shin. Quando O Mago a combina com o Entendimento de Binah, temos sua polaridade negativa, Forma, Mem.

“Nenhuma, respirou a luz, tênue & encantada, das estrelas, e dois.”

A Forma é a taça de borda e profundidade infinitas capaz de conter a Força ilimitada da Baqueta que nela é derramada.

“Pois Eu estou dividida por amor ao amor, pela chance de união.
Esta é a criação do mundo, que a dor de divisão é como nada, e a alegria da dissolução tudo.

E assim são formuladas a segunda e teceria tríade, e a interação entre as três gera Malkuth. Quando a Alta Sacerdotisa faz a ponte entre aquela fonte primordial e a Beleza de Tiphereth — que é o coração de toda a árvore — isto vivifica a Otz Chiim, e é como o fôlego divino, Aleph, é soprado dentro da matéria.

Liber HHH oferece três reflexões aquosas, Mem, àqueles que estão fora do limiar, ou seja, na Primeira Ordem: Νϵκρος (Cadáver), Πυραμις (Pirâmide), e Φαλλος (Phallus). As reflexões ígneas, Shin, são dadas em Liber IAO, que nunca foi publicado, e cujo esboço é Liber DCCCXI — Entusiasmo Energizado. Mais sobre os aspectos ígneos das formas de se tornar Deus pode ser estudado em meu artigo, Quase tudo que sei sobre Magia Sexual.

A introdução de Liber HHH conclui:

A estrela inteira é Nechesh e Messiach, o nome אהיה reunido com יהוה.

אהיה + יהוה = IAO e HHH

A estrela completa é Nechesh (Serpente) e Messiach (Messias, Ungido), quando יהוה, o macroprosopus — Eu Sou — , são reunidos com אהיה, o microprosopus — Eu Serei. Temos então o triângulo azul descendente e o vermelho ascendente, a Pomba e a Serpente, a Rosa e Cruz.

A palavra אהיהוה soma 32, a soma das dez Sephiroth e seus 22 caminhos, é a palavra que expressa a unidade entre o Altíssimo e o humano. Esta unidade está presente nos rituais do Pentagrama, na soma das pontas dos quatro pentagramas ao redor e dos dois hexagramas, acima e abaixo. Podemos substituir os três “ה” pelas três letras-mãe como Crowley ensina em Liber Sepher Sephiroth, resultando em אשיאום, Alfa e Ômega, com a numeração de 358, a mesma de נחש (Nechesh) e de משיח (Messiach). Outra curiosidade é que Liber HHH foi publicado svb figura CCCXLI — sob a numeração 341 — e Liber IAO seria svb figura XVII, 17. A soma de ambos, mais uma vez, resulta em 358.

Essas são as polaridades do Amor: O polo ígneo é a Serpente, aquele que vai; o polo aquoso é a Pomba, aquele que vem. No primeiro, o entusiasmo é energizado, ativo, cheio. No segundo, o entusiasmo é plácido, passivo, vazio. O primeiro combate, o segundo se entrega.

Mas qual a importância disto?

Para o Neófito

Como abordado em detalhes em Quase tudo que sei sobre O Neófito, a fórmula deste grau consiste em insuflar a matéria inerte com energia, e isso é feito em suas três dinâmicas: A fagulha divina de Shin, a água da vida de Mem, o fôlego divino de Aleph. Pyramidos inicia esse processo na consciência. Via de regra, uma vez encerrado o ritual o indivíduo volta ao mundo, e a “nova criatura” vai aos poucos se tornando velha e cansada novamente. Liber HHH é um processo meditativo em que podemos “matar o traidor” de novo e de novo, a fim de que a consciência não durma novamente, mas vele aguardando a chegada do Anjo.

Para o Zelator

Talvez o grau para o qual as práticas de HHH sejam de maior importância. O Zelator jura “obter o controle das fundações do meu próprio ser”. A matéria prima de tais fundações é “Sem Forma” e “Vazia” — ou como Crowley preferiu traduzir “Reto” e “Averso”. As meditações de HHH lidam diretamente com as tais fundações. Ademais, conforme Uma Estrela à Vista, o Zelator deve “alcançar sucesso completo em Āsana e Prāṇāyāma.” Embora controle da respiração seja parte do Pranayama, Prana não é apenas “ar” ou “oxigênio”. A prática adequada das meditações de HHH familiarizará o Zelator com o Prana — inclusive a parte “além do ar” — e lhe ajudará a estender e controlar (आयाम, Ayama) sua energia vital (प्राण, Prana).

Para o Practicus

Para este de quem , segundo Uma Estrela à Vista, “Espera-se que complete seu treinamento intelectual e, em particular, que estude a Cabala”, o valor da exposição anterior é evidente. Quanto ao aspecto prático, ele é lembrado de que “a Ação é o equilíbrio dele que está na Casa de Mercúrio, que é o Senhor da Inteligência”, então, que ele não permita que todas essas coisas que formula em sua esfera mental se afastem da vivência prática. Ele deve construir a Taça e HHH auxiliará a formular, nos devidos planos, a “infraestrutura” — o Vazio da taça! — onde poderá, no grau seguinte, ser preenchida com a Força do “Sem Forma”.

As meditações de HHH

Embora o texto de HHH diga que “a primeira é chamada de Νϵκρος, a segunda de Πυραμις, e a terceira de Φαλλος”, é evidente que MMM, embora seja a primeira meditação dada em HHH, não se refere a Νϵκρος e, sim, a Πυραμις. Parece provável que ao escolher qual meditação viria primeiro, Crowley se deparou com o mesmo problema que eu ao elaborar a tabela acima: Colocar em ordem das letras-mãe ou conforme as práticas dos graus?

Conforme as letras-mãe, sim, a ordem é Cadáver, Pirâmide e Phallus, mas conforme práticas dos graus, Pirâmide é do Neófito, Cadáver é do Zelator, e Phallus é do Practicus e do Phillosophus. Tal relação não é feita para dizer que “só se deva praticar tal conteúdo em determinado grau”, mas apenas no sentido de que se relacionam com os temas de tais graus.

Cada uma das meditações são sequências de instruções sobre postura a se assumir, imagens a visualizar, ideias a conceber, pranayamas, atitudes mentais, etc. Tentar “Estudá-las” e “decifrá-las” é algo que deve ser realizado paralelamente com a prática meditativa. Quanto mais avançado o Irmão for no caminho da Santa Ordem, mais terá vivência para entender ao que essas práticas se referem. A recomendação é que enquanto você não puder fazer melhor, faça o melhor que pode.

As ideias que forneço a seguir são apenas fruto da minha prática e não pretendem ser verdades objetivas. A utilidade delas é apenas somar ideias que talvez não tenham ocorrido ainda a alguns praticantes, porém, estes deverão verificar se tem lugar ou não em sua prática pessoal.

MMM (Pirâmide)

A primeira meditação é baseada no trabalho do Liber Pyramidos. O processo iniciático quase sempre é visto como o caminho pelo qual um indivíduo “entra” ou “sobe” até uma consciência superior. Convido você a imaginá-lo, desta vez, como o processo através do qual a divindade vem residir na matéria para realizar sua Vontade entre os vivos.

0. Fique sentado em teu Āsana, vestindo o robe de um Neófito, o capuz abaixado.

A matéria inerte, imóvel. O capuz cobre a face como a venda cobre os olhos do candidato em Pyramidos. Ele está no escuro.

“E a terra era sem forma e vazia(…)”

1. É noite, pesada e quente; não há estrelas. Nem mesmo um sopro de vento agita a superfície do mar, que é tu. Nenhum peixe brinca em tuas profundezas.

Aqui temos o primeiro oficiante, Mem, Asi, a natureza original e intocada. Não há ainda Ruach. Não foi ainda criada a Grande Ilusão, a Lua não produz suas marés.

“(…)e havia trevas sobre a face do abismo(…)”

2. Que um Sopro ascenda e perturbe as águas. Isso tu também sentirás tocar sobre tua pele. Isso perturbará a tua meditação duas ou três vezes, após as quais tu deverias ter conquistado essa distração. Mas a menos que tu primeiro o sintas, esse Sopro não surgiu.

O segundo oficiante, Aleph, Tahuti, o senhor do conhecimento. Com sua chegada, o Sopro que perturba e distrai a meditação. “As Palavras contra o Filho da Noite Tahuti fala na Luz.”

“(…)e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.(…)”

3. Em seguida, a noite é fendida pelo relâmpago. Isso também tu sentirás em teu corpo, que deve tremer e saltar com o choque, e isso também deve ser tanto sofrido quanto superado.

O terceiro oficiante, Hoor-Apep, e com ele o relâmpago que fulmina Sebek.
“Conhecimento e Poder, guerreiros gêmeos, agitam O Invisível; eles despedaçam As trevas; a matéria brilha, uma serpente. Sebek é esmagado pelo Trovão.”

“E disse Deus: Haja luz; e houve luz.”

4. Após o relâmpago, repousa no zênite um ínfimo ponto de luz. E essa luz irradiará até que um cone perfeito se estabeleça sobre o mar, e é dia.

O equilíbrio elemental foi estabelecido. A pirâmide é formulada por Luz em Extensão. O cone perfeito está sobre o Mar. Para um observador externo, tal pirâmide pareceria “de cabeça para baixo”, mas aquele que ali habita não o perceberia, pois só a vê pelo lado de dentro. “A Luz irrompe de Baixo.”

São formulados os planos de existência/consciência, o divórcio entre Nuit e Hadit, e o início do conflito. Sugiro leitura do capítulo “A teoria cabalística do Início” em Quase tudo que sei sobre Qabalah.

Com isso, teu corpo ficará rígido automaticamente; e isso tu suportarás recuando para dentro do teu coração na forma de um Ovo perfeito de escuridão; e dentro dele tu permanecerás por um tempo.

Mas a pirâmide não é para os vivos! O rigor mortis se estabelece. O processo de Iniciação do Ente Supremo o conduz em uma “queda” do estado original. Ele se recolhe em um ovo de escuridão no coração da matéria inerte.

“Eu sou a flama que queima em todo coração de homem, e no âmago de toda estrela.”

5. Quando tudo isso for executado perfeitamente e facilmente à vontade, que o aspirante imagine para si mesmo uma luta contra toda a força do Universo. Nisto, ele só é salvo por sua pequenez.

Preso à Malkuth, ele enfrenta todo o peso do Universo, o caminho de Tav, Saturno.

Mas no final ele é vencido pela Morte, que o cobre com uma cruz negra.

A Cruz Negra é a matéria, é o plano elemental, mas também é a possibilidade de redenção — a chance de união.

6. Assim deitado, que ele aspire fervorosamente ao Sagrado Anjo Guardião.

Nisso tudo, ele aspira ao Altíssimo.

7. Agora, que ele retome sua postura anterior.

De que maneira ele pode voltar à sua “postura anterior” após ter viajado o Caminho do Raio, de Kether à Malkuth?

Duas e vinte vezes, ele imaginará que é mordido por uma serpente, até mesmo sentindo o veneno dela em seu corpo. E que cada mordida seja curada por uma águia ou um falcão, que abre suas asas acima de sua cabeça e derrama um orvalho curativo sobre ela. Mas que a última mordida seja uma angústia tão terrível na nuca que ele parece morrer, e que o orvalho curativo seja de tal virtude que ele se põe de pé.

A Serpente é Nechesh, a Águia ou Falcão é Messiach. Cada um dos caminhos da Serpente com suas acusações e atribuições elementais, planetárias e zodiacais é viajado, sofrido pelo ser e, então, redimido pelo orvalho curativo do Falcão. Os atos de Amor (que produzem União) são realizados sob Vontade.

“(…) não veleis vossos vícios em palavras virtuosas: estes vícios são meu serviço;”

As 22 acusações de Liber Pyramidos

8. Agora que sejam postas dentro do ovo uma cruz vermelha, então uma cruz verde, então uma cruz dourada, então uma cruz prateada; ou aquelas coisas que estas simbolizam. Aqui há silêncio; pois aquele que executou corretamente a meditação compreenderá o significado interno desta, e isso servirá como um teste de si mesmo e de seus semelhantes.

“Sobe-se à Coroa pela lua e pelo Sol, e pela seta, e pelo Fundamento, e pelo escuro lar das estrelas partindo da terra negra.” — Liber LXV I:9

A compreensão disso é inequívoca, pois possui a exata numeração do processo vibracional envolvido tanto aqui quanto em Pyramidos.

Todas essas coisas são colocadas dentro do ovo, ou seja, são experimentadas e integradas àquela consciência.

9. Agora que ele permaneça na Pirâmide ou Cone de Luz, como um Ovo, mas não mais de escuridão.

A fórmula do Neófito está completa. A matéria, antes inerte, recebeu o Fôlego da Vida, a Agua da Vida, e a Fagulha Divina.

10. Então que seu corpo fique na posição do Enforcado, e que ele aspire com toda a sua força ao Sagrado Anjo Guardião.

“Mas estes teus profetas; eles devem gritar alto e fustigar-se; eles devem cruzar desertos virgens e oceanos insondados; esperar por Ti é o fim, não o princípio.” — Liber LXV 2:62

11. A graça lhe tendo sido concedida, que ele comungue misticamente da Eucaristia dos Cinco Elementos e que ele proclame Luz em Extensão; sim, que ele proclame Luz em Extensão.

Então temos uma estrela completa, um Deus Encarnado, que realiza sua Vontade entre os vivos, e partilha da eucaristia dos cinco elementos — ou seja, das coisas dos sentidos e do arrebatamento. Essa Eucaristia também está implícita em A Missa da Fenix.

AAA (Cadáver)

A segunda meditação é baseada em Liber Cadaveris. Enquanto MMM trata da Iniciação do Ente Supremo em que ele é dividido em infinitos pontos de vista, e enfaixado em Força e Forma, vem a se tornar um indivíduo imbuído com a semente divina em suas três formas, este trata da morte de Osíris, sua ressurreição a fim de gerar o Não-Nascido, e a jornada do Filho que eventualmente se torna o Pai no processo de vingá-lo.

0. Fica sentado em teu Āsana, ou reclinado em Śavāsana, ou na posição do Buda moribundo.

Aqui o processo iniciático começa do ponto de vista do indivíduo.

1. Pensa na tua morte; imagine as várias doenças que podem te atacar ou os acidentes que podem te ocorrer. Imagina o processo da morte aplicando sempre a ti mesmo.

(Uma prática preliminar útil é ler manuais de Patologia e visitar museus e salas de dissecação.)

Ele se familiariza com as diversas formas com que a morte de seu corpo e de sua vontade temporária podem ocorrer. Esta etapa não apenas colocará a mente no estado adequado para esta meditação, como eventualmente livrará o aspirante dos quatro medos, que são oito.

2. Continua esta prática até que a morte esteja completa; segue o cadáver em seus estágios de embalsamamento, enfaixamento e enterro.

A vontade temporária e seus desejos chegam ao fim:
as funções fisiológicas — o desejo da vida;
as projeções e racionalização — o desejo da luz;
seu vínculo com o mundo — o desejo do amor;
sua capacidade de agir — o desejo da liberdade.

3. Agora imagina um sopro divino entrando em tuas narinas.

4. Em seguida, imagina uma luz divina iluminando os olhos.

5. Em seguida, imagina a voz divina despertando os ouvidos.

6. Em seguida, imagina um beijo divino impresso nos lábios.

Ele recebe as quatro emanações da Lei que substituem os desejos da vontade temporária recém dissolvida.

7. Em seguida, imagina a energia divina dirigindo os nervos e músculos do corpo e concentra-te no fenômeno que já foi observado em 3, a restauração da circulação.

É a energia divina que aviva a matéria. A Rosa floresce pregada na Cruz. O Prana divino flui pelos nervos e músculos, dourando na luz cada parte do corpo do comungante dos mistérios. “Não há parte de mim que não seja dos Deuses”, “Não sou mais eu quem vive, mas Cristo que vive em mim”, etc. Todas as partes e funções do microcosmo estão alinhadas com a Vontade, “para cumprir com seu dever nessa situação da vida para a qual agradou a Deus querer chamá-lo”.

8. Por fim, imagina o retorno do poder reprodutivo; e emprega-o para a impregnação do Ovo de luz em que o homem é banhado.

Como o Phallus de Osíris lhe é restituído a fim de gerar em Isis uma Criança, a energia libidinal é restituída, potente e livre de qualquer distorção, para que o Deus feito carne possa gerar o Não-Nascido. “Também o rio tornou-se o rio de Amrit, e o botezinho era a carruagem da carne.”

9. Agora, retrata para ti que esse Ovo é o Disco do Sol se pondo no Oeste.

Daqui em diante, até o verso 13, uma meditação dentro da meditação, onde Osíris contempla os Mistérios Solares: Ra na barca de milhões de anos. Vide Liber Resh vel Helios e Notas Sobre Liber Resh.

10. Que ele afunde na escuridão carregado pela barca do céu sobre as costas da vaca santa Hator. E pode ser que tu ouvirás o mugido dela.

O caminho que se percorre antes que se chegue ao ocaso é o meio-dia do Sol, repleto de amor, prazer, arte, beleza e outros similares dos quais Hator é patrona. É o que fica para trás na medida em que ele entra no ocaso.

11. Que ele se torne mais preto do que toda a escuridão. E nesta meditação tu deverás ficar absolutamente sem medo, pois aquele vazio que te aparecerá é uma coisa terrível além de toda a tua compreensão.

E se tu executaste bem e propriamente esta meditação, tu ouvirás subitamente o zumbido e o som alto de um Besouro.

A meia-noite do Sol, que para o humano é o inconsciente totalmente inacessível e a morte. Para a Divindade, é o período que descansa oculto no humano. O Besouro obviamente é Kephra: Kteis + Phallus + Ra.

12. Então agora a Escuridão passará, e com rosa e ouro tu te levantarás no Leste, com o grito de um Falcão ressoando em tua orelha. Será estridente e forte.

A divindade oculta na matéria atinge a manifestação. O falcão é Heru-Ra-Ha — Horus, Sol Encarnado — pois o bebê no ovo e a criança conquistadora são conjugadas, e ele manifesta a dignidade não de Osíris, mas de Ra.

13. No final, tu ascenderás e ficarás no meio do céu, um globo de glória. E com isso surgirá o Som poderoso que os homens santos compararam ao rugido de um Leão.

O processo foi experimentado, e a ilusão da morte foi revelada. O Leão — a energia libidinal que, em sua raiz, é divina — é a chave para a renovação da vida.

14. Então tu sairás da Visão reunindo-te na forma divina de Osíris sobre seu trono.

Agora Asar-Un-Nefer, “Osíris, o Perfeito”.

15. Então tu repetirás audivelmente o grito de triunfo do deus ressurgido conforme será dado a ti pelo teu Superior.

Para a fórmula dada, dificilmente outro grito seria tão compatível. Trata da essência inviolada do divino contido no indivíduo, o bebê que formula o pai e fertiliza a mãe, por fim exaltado como o Sol no Sul.

16. E, isso sendo cumprido, tu poderás entrar novamente na Visão, que através disso será aperfeiçoada em ti.

Heru-Ra-Ha chegou a sua verdadeira estatura e dignidade, e está pronto para redimir o mundo.

17. Depois disso, tu retornarás ao Corpo e darás graças ao Deus Altíssimo IAIDA; sim ao Deus Altíssimo IAIDA.

A visão do Sol no Sul é terrível demais para a consciência humana, portanto ele deve ocultar-se em seu disfarce original. IAIDA é referido no Aethy LIL — que é 70, Ain, O Olho de Hórus, o Sol no Sul. Seu próprio nome pode representar a fórmula: ( י ) Virgo inviolada, ( א ) Heru-par-Kraat, ( י ) a chama oculta no coração, ( ד ) vênus, ( א ) a energia criadora em ação equilibrada.

18. Nota bem que esta operação deveria ser realizada se possível em um lugar separado e consagrado às Obras da Magia da Luz. Também que o Templo deveria ser aberto cerimonialmente, como tu tens conhecimento e habilidade para realizar, e que no final o fechamento deveria ser realizado com máximo cuidado. Mas na prática preliminar é suficiente limpar-te por ablução, por vestir o robe, e pelos rituais do Pentagrama e do Hexagrama.

Sendo uma completa cerimônia de Iniciação contida em uma meditação, é desejável que se tenha os mesmos cuidados de uma prática cerimonial.

Primeiramente 0–2 deve ser praticado até algum entendimento ser obtido; e a prática deveria ser sempre seguida por uma invocação divina de Apolo ou de Ísis ou de Júpiter ou de Serápis.

Primeiramente se aprende a morrer. Para banir as forças da morte, uma invocação ligada as forças que desafiam a morte.

Em seguida, após uma síntese rápida de 0–2, pratica 3–7.

Aprendendo a morrer como homem, aprenda em seguida a viver como Deus encarnado.

Isso sendo dominado, adiciona 8.

O Phallus restituído a Osíris, etc. que engendra o bebê no ovo.

Então adiciona 9–13.

A viagem através da qual o bebê no ovo e a criança conquistadora conjugados ascendem à sua verdadeira dignidade.

Então, estando preparado e fortificado, bem-preparado para o trabalho, realiza toda a meditação de uma vez só. E que isso continue até que seja alcançado o sucesso perfeito. Pois esta é uma meditação poderosa e santa, tendo poder mesmo sobre a Morte; sim, tendo poder mesmo sobre a Morte.

Sucesso perfeito nisso produzirá um Adepto.

(Nota de Fra. O. M. A qualquer momento durante esta meditação, a concentração pode acarretar em Samādhi. Isso deve ser temido e evitado mais do que qualquer outra quebra de controle, pois esta é a mais tremenda das forças que ameaçam obcecar. Existe também algum perigo de melancolia delirante aguda no ponto 1.)

Como qualquer prática mental que destrói antagonismos, o Samadhi é provável. Nesse caso, é indesejado, pois as ideias envolvidas na maior parte da meditação não são equilibradas e perfeitas em si mesmas, e só atingem equilíbrio no movimento de umas para as outras. Os conselhos de Liber O se aplicam a fim de evitar obsessão. “Seja qual for a ameaça, o que quer que o seduz, mesmo se fosse Tifão e todos os seus exércitos soltos do abismo e reunidos contra ele, mesmo se viesse uma Voz do Trono do Próprio Deus ordenando-lhe para ficar e se contentar, que ele se esforce para seguir em frente, sempre em frente.”

SSS (Phallus)

A última meditação é baseada no trabalho de Sri Sabhapati Swami. É um método de prana-bindu, ou seja, de mover o prana para um ponto objetivo ou imaginário do corpo — como um músculo, nervo, chackra, etc — através de Dharana, promovendo sua ativação voluntária. É discutível se é um método puramente aquoso, já que nele há o envolvimento da energia libidinal e sua ascensão, a fim de realizar a fórmula da Rosa+Cruz.

0. Fica sentado em teu Āsana, de preferência o do Raio.

A pressão do calcanhar no assoalho pélvico pode auxiliar que o indivíduo se torne consciente dos gânglios sacrais e do nervo pélvico, cujas inserções são na porção sacral da coluna vertebral. A inaptidão do praticante em assumir essa postura, caso se dê por uma impossibilidade anatômica, pode ser suprida por Dharana ou outro método físico de causar pressão na área.

É essencial que a coluna vertebral esteja na vertical.

A “posição vertical” se refere ao tronco ereto, na posição natural da coluna — ou seja, respeitando as curvaturas cervical, torácica, lombar e sacral. Tentar manter a coluna reta como um poste causará tensão desnecessária.

1. Nesta prática, a cavidade do cérebro é a Yoni; a medula espinhal é o Lingam.

Dentro do ser, pares de opostos. A força instintiva e ascendente da energia libidinal é a Serpente, o Lingam. O aspecto receptivo é a Pomba, a Yoni. A coluna é a Baqueta ou Lança, o condutor da Vontade, o Verbo. O cérebro é a Taça, a Compreensão, o veículo da graça.

2. Concentra teu pensamento de adoração no cérebro.

Por Raja ou por Bhakti, o humano aspira união com o divino.

3. Agora começa a despertar a coluna vertebral desta maneira. Concentra teu pensamento de ti mesmo na base da coluna vertebral, e mova-o gradualmente para cima um pouco de cada vez.

A consciência é focalizada na base da coluna, promovendo ativação neural voluntária. Na medida em que se move da base para o topo, se move do inconsciente para o consciente, e dali para o superconsciente.

Por meio disso, tu te tornarás consciente da coluna vertebral sentindo cada vértebra como uma entidade separada. Isso deve ser alcançado da maneira mais completa e perfeita antes que a prática posterior seja iniciada.

No dia a dia, raramente o indivíduo se dá conta de sua respiração, a não ser quando esta sofre alguma perturbação. O mesmo acontece com as costas, quase sempre fora do campo de visão, e ainda mais se tratando da coluna. Seja do ponto de vista das funções coordenadas pelos gânglios, do ponto de vista do tato e da forma, ou mesmo dos chackras e o que lhes é atribuído, o processo é o mesmo: Se tornar consciente do que está inconsciente com relação à coluna.

4. Em seguida, adora o cérebro como antes, mas imagina para ti mesmo seu conteúdo como infinito. Considera-o como sendo o útero de Ísis ou o corpo de Nuit.

O recipiente da graça é a conexão do Um com o Tudo.

5. Em seguida, identifica-te com a base da coluna vertebral como antes, mas imagina para ti mesmo sua energia como infinita. Considera-o como sendo o falo de Osíris ou o ser de Hadit.

A energia libidinal, embora “pertença” ao indivíduo pelo instante em que ele vive, está com ele em comodato. Não é o falo de Osíris dado a ele por Isis para lhe restaurar o poder criativo? Não é Hadit apenas a discriminação temporária de um ponto em Nuit que causa a dor da divisão, e que em breve será dissolvido?

6. Estas duas concentrações 4 e 5 podem ser impelidas até o ponto de Samādhi. No entanto, não perca o controle da vontade; não deixa que Samādhi seja teu mestre aqui.

Como já dito, onde há união de opostos, Samadhi é provável.

7. Então agora, estando consciente tanto do cérebro quanto da coluna vertebral, e inconsciente de tudo que não seja isso, imagina a fome do um pelo outro; o vazio do cérebro, o desejo da coluna vertebral, assim como o vazio do espaço e a falta de rumo da Matéria.

Isso será particularmente fácil para quem realizou os primeiros passos à contento. Parece a este autor altamente improvável que a fome de um pelo outro não surja espontaneamente. Se for o caso, minha sugestão é que se reforce os pontos 4 e 5.

E se tu tiveres experiência da Eucaristia em ambos os tipos, isso ajudará na tua imaginação aqui.

Sugiro leitura de Quase tudo que sei sobre Magia Sexual e reflexão sobre os trunfos chamados “Os Amantes” e “A Arte”.

8. Que essa agonia cresça até ser insuportável, resistindo a cada tentação pela vontade. Tu não procederás até que todo o teu corpo esteja banhado de suor, ou esteja suando sangue, e até que um grito de angústia intolerável seja forçado de teus lábios fechados.

A estimulação da coluna através da vontade e da concentração é análoga à estimulação genital. O Samadhi é evitado como o orgasmo seria na masturbação em que se objetivasse a ascensão da energia libidinal. “Suar sangue” é uma figura de linguagem óbvia, e é fisiologicamente impossível em sentido literal.

9. Agora que uma corrente de luz, de azul escuro salpicado de escarlate, passe para cima e para baixo na coluna vertebral golpeando como se fosse sobre ti mesmo que estás enrolado na base como uma serpente.

A Águia salpicada pelo Leão. O afogamento nas águas de Maim (O Enforcado) salpicadas pela força ativa do adorante (O Imperador).

“Eu sigo a Ti, e as águas da Morte lutam estrênuas contra mim. Eu passo às Águas além da Morte e além da Vida.”

Que isso seja extremamente lento e sutil; e embora seja acompanhado pelo prazer, resista; e embora seja acompanhado pela dor, resista.

O estímulo deve ocorrer como uma fervura em fogo baixo, controlada, equilibrada e constante. Deve haver calor, mas não o suficiente para que transborde. Como quem se mantém no ápice da curva orgástica, se mantenha no ápice do transe, sem cair dele, sem ultrapassar o ponto que conduziria à Samadhi.

10. Isto continuará até que tu estejas exausto, nunca relaxando o controle. Não avance até que tu possas realizar a seção 9 durante uma hora inteira. E retira-te da meditação por um ato de vontade, passando para um Prāṇāyāma gentil sem Kumbhakham, e medita sobre Harpócrates, o Deus silente e virginal.

O item 9 não deve resultar no orgasmo/samadhi. Sua prática é estar no fio da navalha. “Uma hora inteira” embora factível, me parece um dos exageros habituais de Crowley. Assim como em Asana, não é o tempo que é relevante, mas finalmente atingir aquele estágio de desenvolvimento em que se assume aquele transe à vontade, e não lhe é mais torturante. Retirar-se do transe “por um ato de vontade” quer dizer que você não desiste dele por fraqueza, nem é derrubado dele por qualquer evento.

O pranayama após tal prática é como um alongamento após a prática física e auxiliará que a circulação do prana volte ao habitual.

11. Então por fim, estando bem-preparado de corpo e mente, estável em paz, sob um céu favorável de estrelas, à noite, em um clima calmo e quente, tu podes acelerar o movimento da luz até que ele seja absorvido pelo cérebro e pela coluna vertebral, independentemente da tua vontade.

Essa é uma forma da fórmula Rosa+Cruz das mais sublimes, e realizá-la completamente implicaria em um consecução compatível com o trabalho dos adeptos.

12. Se nesta hora tu deves morrer, não está escrito: “Bem-aventurados são os mortos que morrem no Senhor”? Sim, bem-aventurados são os mortos que morrem no Senhor!

Essa morte é como aquela sobre a qual Paulo teria dito “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” ou muito mais apropriado a este aeon, quando lemos no Liber AL vel Legis: “Eu sou a flama que queima em todo coração de homem, e no âmago de toda estrela. Eu sou Vida, e o doador de Vida, no entanto por isto conhecer-me é conhecer a morte.”

Conclusão

Liber HHH, mais que uma simples meditação, é uma ferramenta para desenvolver a consciência e alcançar a compreensão de conceitos da Iniciação através da experiência em primeira mão. É uma forma acessível para os membros da Primeira Ordem entrarem em contato com os entusiasmos aquosos e porta de entrada para mistérios elevados e sublimes como a fórmula da Rosa + Cruz. Todas as ideias, sugestões e pontos de vista dados aqui só fazem sentido caso o leitor pratique por si com sinceridade. Torço que seja este o seu caso, para que, no seu universo, esse texto esteja imbuído da semente divina, que traz vida ao que, de outra forma, seriam apenas letras mortas.

“A carne em nada se aproveita; a mente em nada se aproveita; aquilo que é desconhecido para ti e está acima destes, enquanto firmemente baseado em seu equilíbrio, dá a vida.”

Perguntas e Respostas

Perguntas de Fr. Tzadkiel:
P.
Sobre os exageros habituais de Crowley: Concordo, mas como e quando é considerado na A.’.A.’. algo como um exagero e se espera algo relativo ou quando é literal? O instrutor pode decidir isso?
R. Quando se trata de práticas que visam objetivos ou consecuções específicas, uma pessoa que já passou por elas sabe se de fato precisará de metas tão monumentais. Quem além de passar por elas acompanhou muitos Irmãos no processo, terá uma noção ainda mais acurada. Então, sim, o Instrutor poderá oferecer — se assim decidir fazê-lo — uma visão com bastante validade. Na ausência do ponto de vista do Instrutor, são questões que se solucionarão com ao prática.

P. Sobre a pratica do HHH, deve se decorar o conteúdo para praticar? Pois senão teria que ficar o tempo todo consultando o texto para saber o que fazer. Ou seria uma boa ideia gravar a voz de leitura e escutar como uma meditação guiada?
R. Sugiro que se memorize e se execute passo a passo, ou blocos pequenos da prática, adicionando a etapa seguinte apenas quando se sentir à vontade na anterior. Então, como será algo abordado gradualmente, a memorização em etapas é adequada. A gravação da meditação é uma ideia complexa, já que cada etapa narrada poderá demorar mais ou menos tempo para ser realizada por cada praticante.

P. Se entendi bem, é dito que o Liber HHH oferece 3 reflexoes aquosas, existem reflexoes igneas que seriam dadas no Liber IAO. Existem tambem reflexoes dos outros elementos? (ar, terra)
R. Em teoria, existem reflexões dos três elementos primordiais, representados pelas três letras-mãe: Aleph — Ar, Mem — Água, Shin — Fogo. Contudo, não há menção clara nas obras de Crowley às “Reflexões Aéreas” de Aleph, nem às “Terrestres” que poderiam ser forçadas em um Tav — Terra.

P. Existe um motivo por ter sido escolhido as letras titulo “HHH”, “MMM”, “AAA”, “SSS” (Heh, Mem, Aleph, Shin? Por que 3 vezes)?
R. No caso de HHH, a necessidade da triplicidade fica evidente ao analisarmos a estrela completa de Nechesh e Messiach, onde אהיה se combina com יהוה, formando יאו e ההה. Há então o “macete cabalístico” de substituir o triplo He pelas letras-mãe, אמש. Em cada uma das meditações, o triplo He é substituído apenas pela letra-mãe correspondente ao seu elemento, representando ali a pureza deste — por exemplo, SSS é “fogo do fogo do fogo”.

P. Tem sentido em pensar por exemplo no MMM como um complemento do Liber Pyramidos? Seria uma melhor opçao praticar apos o Liber Pyramidos? Ou entao a pratica como uma preparaçao para o Liber Pyramidos?
R. São práticas complementares, sendo Pyramidos uma prática ritualística de Magick, e MMM uma prática mística, meditativa. Uma não é melhor opção do que a outra, não substitui a outra, e nem deve ser vista como preparativo para a outra.

P. No MMM o que significa “duas e vinte vezes…”?
R. Significa “vinte e duas vezes”. Esse jeito “estranho” de se escrever se deve às convenções de linguagem e estilo da lingua inglesa da época.

P. Na explicaçao do AAA, diz que “…eventualmente livrará o aspirante dos quatro medos, que são oito.”. O que seriam estes medos?
R. Esses medos estão descritos em Liber Pyramidos:

O medo das Trevas e da Morte.
O medo da Água e do Fogo.
O medo do Fosso e da Corrente.
O medo do Inferno e da Respiração morta.

Que por fim culminam no “grande medo”:

O medo Dele, do Demônio terrível
Que no Limiar do Vazio
Está com Seu Dragão, o Medo, para matar
O Peregrino do Caminho.

Pergunta de Caio Domingues:
P. É dito no juramento de Neófito que eu devo iniciar os estudos do liber HHH. Seria adequado eu fazer as praticas descritas no liber?
R. Sim, o Liber HHH é uma prática recomendada ao grau de Neófito, especialmente a meditação MMM. As outras também deveriam ser ao menos experimentadas.

Pergunta de Fr. zG:
P.
Considerando que no Liber E o exercício de pranayama proposto é similar (senão o mesmo) proposto no Hatha Yoga Pradipika, cuja finalidade é limpar os nadis (Ida, Pingala e Susuma), a omissão da prática no período de Probacionista pode de alguma forma atrapalhar a obtenção de resultados — ou dificultar a prática — do liber HHH?
R. O Probacionista terá contato com essas instruções tanto no Currículo de Estudante quanto pelo que diz seu Juramento: “(…) ele estudará as Publicações da A∴A∴ em Classe B” — onde ele esbarrará com Liber E. Esperar que um Probacionista — ou mesmo Neófito — obtenha sucesso em Pranayama é pedir demais, já que no currículo da Ordem, esse é um tema do grau de Zelator. Claro que, independente do grau, alguém que tenha experiência com o controle do prana terá mais facilidade com Liber HHH, principalmente com a meditação SSS, mas o controle do prana não é essencial ao trabalho de um Probacionista.

Pergunta de Fr. Tupã 691:
P.
Até quando eu posso praticar Liber HHH, e como saber que atingi a meta com ele?
R. Você pode praticá-lo o quanto quiser, até onde quiser, conforme suas inclinações. Como “conteúdo de graus”, o Superior observará se houve prática consistente e resultados, mas não é divulgada qualquer meta específica — o que é ótimo para evitar a mentalidade de “bater a meta”, sempre detrimental à verdadeira Iniciação.

P. Estava relendo o HHH e notei que ele diz para não entrar em Shamadi, mas levando em conta que Shamadi é o objetivo maior da meditação, e o Liber HHH ensina a técnica de levar a ele, porque não considerar o estado de shamadi alcançando na técnica?
R. Samadhi, no contexto de HHH, trata da união da consciência com o objeto observado. A sequência de ideias das meditações pretende levar a um êxtase maior do que a união com as ideias expostas inicialmente. Permitir Samadhi, nesse contexto, seria como comer a comida crua “porque o objetivo é se alimentar”, ou ter ejaculação precoce “porque o objetivo da estimulação sexual é o orgasmo”, ou similares.

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Frater F.
Imprimatur

Minha Vontade é pavimentar os caminhos: tornar a Iniciação mais próxima do homem comum, zelar pelo avanço das próximas gerações, abrir o caminho ao Não Nascido.