A metade do chocolate com menta
Cheguei a metade. Ainda não sei se a metade do ano.
As gotas de chuva intensa molham a varanda, os vidros, e as plantas, enquanto os relâmpagos iluminam o céu inteiro, como quem acende uma luz led branca num quarto que estava escuro.
Desde aqui consigo ver o vento fortíssimo arrastando os galhos no meio da avenida vazia. Vazia de carros, de almas e de esperanças.
Hoje de tarde ouvi na estação do trem da Linha Mitre, um taxista falando que a irmã dele estava profundamente deprimida. Que já não aguentava mais a situação
Estamos no inverno, mas faziam uns 26 graus.
A ironia esteve presente em toda a minha caminhada: caras fechadas, e as aventuras normais de qualquer grande cidade.
Mais tarde na sala de espera na clínica de traumatologia, tinha um casal de velhinhos que estudavam tudo o que acontecia na frente deles.
Depois disso, a minha compra do Chocolate com menta me encheu de culpa. Mas já ia pela metade. A metade do ano, mas parece a metade da vida.
Madrugada do 18 de junho de 2020.