Algodões São Países Para Todas as Nuvens

Lucas Pimentel
impublicável.
2 min readJul 8, 2024

--

Hoje eu aponto os dedos em dívida
A boca é um cárcere que guardo teu nome
As torres que se findam nas mãos
E toda a amônia convertida em areia

Rastejando pelo céu de carne
Cessando heróis fronteiriços
Com o infinito despropósito
A dor que engolira precipícios

Há um caso que as cruzes não se intimidam
E insistem que provar as cores secas
Por baixo de cada assento do banquete
Este olhar tão esvaziado por naturezas mecânicas

Todas as cabeças de peixe
Choram ao lembrar da pele
Um adeus ressentido com o vento
Dançando um tango no quarto escuro

Gaia sempre alheia, fruto da conquista dos homens
Persuadindo com ameaças veladas
Adulterando liberdades intransigentes
Envenenando rios com o feitiço de sua química

Derrama o amanhecer contra álibis inquietos
Um dia tão inócuo, procura razão
Nos braços magros de seus credores
Ofertando carcaças de cervos abatidos na estrada

Tanatoscopia romântica, escreve sintomas em versos
O deslumbre do caleidoscópio é um prato farto de substâncias
Evitar a comunhão com o último fator da tristeza
Essa gente penará para reconhecer-nos um par

Tal cântico nobre recria sonho sem cores
Como um algodão encharcado de devaneios
Que ironia, para além da chaga, o próprio tempo
Para além de nós, um cinismo sufocando vaidades

--

--

Lucas Pimentel
impublicável.

Me verás caer como una flecha salvaje. | 29 anos | Instagram: pierrotruivo