Divina Expressão da Vida
este é o caminho que conduz ao pulmão dos pássaros,
o meu fôlego abraça-os ao de leve no alto.
o olhar corre livre como um cardume no ribeiro,
desfolha o rosmaninho e as hortênsias em flor.
ainda que da cor do chumbo, hoje o céu está leve e fresco,
abençoado manifesto da mão divina
que se divide e multiplica
nesta imensidade de formas e de perfumes e sensações.
esta é a floresta-jardim que vivencio com olhos de Monet,
coração de Rumi — consciente da remota história destas terras.
o vento roça-me os braços com a ternura de um amigo, e eu
recordo os pés despidos do Mestre em jornada neste mundo.
sou o verdilhão que chama nos ramos, sou o pó da estrada,
a gota do orvalho e o raio de sol abrasante.
sou a aprendiz e a fera,
a vida inteira e cíclica que debaixo do céu germina, esvoaça, rasteja.
de todas as estações da vida sou a essência,
a perene consciência
que não se esgota da luz cimeira — no seu curso que demora
outros 5 bilhões de anos
a completar a lição primeira.
