do quê eu sinto falta

caroline vital
impublicável.

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Eu gosto de falar, de perguntar e de (não) ouvir respostas. Receber mais perguntas, multiplicar minhas dúvidas e rir disso. Gargalhar alto e depois tentar me conter, porque afinal, tem pessoas ao redor.

Sinto falta dos sons da minha voz encontrando-se no ar com a tua. Notas musicais invisíveis. Subtonando. Mais bonito que música — ou quase. Sinto falta de você me encarando e elogiando minha voz enquanto eu pensava ‘se você pudesse ouvir a sua como eu a ouço…’.

O texto é sério demais, real demais. Quero as múltiplas possibilidades de uma conversa. Olhando nos olhos e nos gestos que você faz quando se empolga contando algo interessante. Não importa muito o assunto. Me interesso pelo teu interesse. Tua empolgação contagia quem se aproxima e teu olhar brilha quando fala do que ama. Eu sorrio porque acho a coisa mais linda.

Eu gosto de conversas intensas e hipnotizantes, capazes de me fazer esquecer da hora, do lugar, do sono. Agora converso com outros e penso ‘se fosse com você, estaríamos até às 5 da manhã debatendo literatura, filosofias, teorias (ir)racionais…’. Não gosto de não ter mais tempo. A vida adulta escancarou a porta. Não pediu licença. Perdemos o contato. Eu, no entanto, consegui separar uns minutos para resgatar um texto inacabado e editá-lo só para dedicar ele a você.

Não temos conversado em redes sociais. Não tenho escrito nada pra que você me ajude a editar. Parece que o fio dessa amizade tem se esticado lentamente até… bem, até arrebentar. Então, me perco nas memórias, navego nas lembranças, mergulho em um passado recente de noites normais. Quando o abraço apertado do breve adeus ainda era permitido e o sorriso de rosto inteiro era uma dádiva completamente subestimada.

Eu amo pessoas que me inspiram e que me trazem boas lembranças, pessoas que me fazem sentir saudades até das menores coisas, pessoas com um olhar único sobre o mundo. Pessoas como você. Você, meu caro, é uma das poesias mais lindas com quem já tive o prazer de esbarrar. Quem dera eu pudesse me deter um pouco mais nessa leitura… quem dera…

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