Micro monólogo de automanipulação comigo mesmo

Vitor Duplomalte
impublicável.
2 min readApr 2, 2024

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Péssimos gostos musicais, para livros, filmes e gêneros literários. Ela tinha mania de conhecer lugares chatos, específicos, insalubres, sem sal, aroma, tempero ou algum atrativo que servisse para mínimos apreciadores de segurança sanitária. Seus assuntos eram péssimos, massantes, eternos monólogos de autodepreciação implorando por afirmações óbvias que alimentassem seu ego. Sobre seu ego? Enorme, colossal e frágil tanto quanto seu equilíbrio emocional, aliás, somente nisso havia emoções.

Beijos sem gosto, sexo sem tesão, abraços frios e palavras vazias eram tudo que tinha a oferecer. E eu, como um tolo piegas, aceitei. Aceitei de bom grado o que deste, mas quando viu que eu me divertia, tomou de volta.

Ah, seria tão mais fácil se houvesse ódio que pudesse ocupar o espaço que você deixou. Eu seria um ser humano rancoroso, ranzinza, mal amado, podre por dentro, porém não morreria em esquinas clamando teu nome impronunciável e impublicável com uma garrafa de cachaça na mão com cigarros no bolso. Eu morreria lentamente debruçado em minhas próprias lágrimas, me afogando no amargo da tua ausência.

Ah, demônio, faça-me o favor de ser tudo o que mais odeio, para não seres mais tudo o que mais amo. Destroce meu coração em migalhas e cuspa até que morra em mim o que ainda existe, pois não sei quanto tempo mais conseguirei mentir para mim sobre tudo que amei em você.

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Vitor Duplomalte
impublicável.

ignorando regras da escrita formal da língua brasileira e de outras.