o amor cura onde os olhos não conseguem alcançar
um romance nunca é visível de primeira. é a graça de um afeto, ser o sentimento inesperado que engole o coração.
a primeira vez que meus olhos encostaram em você, éramos toda timidez. moramos um pouco na vergonha de ver alguém de perto. senti de ti uma distância, uma pele de casca. mas permaneci ali. nessa noite, compartilhamos mais sorrisos do que eu imaginava.
a placa de três caipirinhas por vinte e cinco com alguma tinta fluorescente perto da nossa mesa. o limão tomando conta da boca e a chuva lá fora ignorando o fato do nosso encontro era pra ser na rua. quando a gente se adoçou, o destilado se tornou fogo.
nosso elemento em comum. essa ardência que existe sem dar dicas nem espaço para questionamentos. ao longo dos dias, fomos consumidos entre o bom dia diário, as páginas de livros, fotos e poemas. um calor para além da energia erótica. você se tornou um aconchego (mesmo em meio a dureza).
o inesquecível mora naquele dia em que os olhares densos e tímidos escaparam por cima dos copos.
ali, uma ruptura em quem éramos aconteceu. a gente se viu mais de perto. um encontro para além do que somos agora. é maior do que vivemos até aqui. felizmente, você entende bem melhor do que sou capaz de descrever nessas linhas. está intrínseco ao que temos. sinto por você e sinto você. vamos traçando essa história toda escrita nos astros. até antes deles. antes desse encarne. antes das coisas que vemos.
“Olhando pro tempo parece pouco, mas olhando […] o tanto que caminhamos”, você diz.
meu bem, o amor ultrapassa o tempo.