OBSOLECÊNCIA

RicardoC
impublicável.
May 24, 2024

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OBSOLECÊNCIA

O meu tempo se foi sem que atinasse:
Eu, quando dei por mim, já não servia.
Como a viver senão de nostalgia
Ou de quinquilharia eu não passasse.

Obsoleto de todo, quanto olhasse
Tão-só faria ver sem serventia
Cada mínima coisa que eu fazia,
Se co’a devida luz m’examinasse.

Quando não parvo, há anos sendo usado,
Passo agora por traste, abandonado,
E resto entre outras tantas bagatelas.

O meu tempo passou sem que soubesse,
Que sou senão memória que s’esquece
Ou outro fauno evitado por donzelas?

Betim — 20 05 2024

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RicardoC
impublicável.

Escrevo. Gosto de escrever. Se sou escritor ou poeta eu deixo para o leitor ponderar.