Sou bom poeta?
Não sou bom poeta
Não tenho a vida escorrendo entre os meus dedos
Tampouco sou capaz de superestimar todo o medo que há em mim
Me sinto como uma bomba-relógio
Mas não daquelas poéticas que todo mundo aprecia e fala “uau que interessante”
Não… é triste e mórbido
Ninguém quer você por perto
E você não quer ninguém
Você quer se olhar no espelho e se sentir bem consigo próprio
Quase nunca consegue
Porque a vida não foi feita pra você
Foi feita para os outros
Para aqueles que não são uma bomba-relógio
E nem aspiram ser poetas
Eles não têm no que pensar e nem o que sofrer
São capazes de olhar sim, no espelho, mas não sentem absolutamente nada
São fantasmas carregando as vidas que eu queria viver
Mas não posso fazê-las sem me fazer amante das contradições
E subestimar arrogantemente todo o medo que existe em mim
Que se foda
Cansei de morrer de vontade de querer viver
Eu quero solenemente existir
Sem que o espelho se quebre diante de mim