William Pardo
impublicável.
Published in
May 31, 2021

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Vitrine

Eu sou a vitrine dos rebeldes covardes
Ninguém me picha ou me enche de pedras
Me admiram em segredo, mas com vergonha de admirar o ridículo em si mesmos

Sou o que paga prestações atrasadas
O que tem preguiça de ir trabalhar
O sono depois do meio dia
O desejo, só pelo desejo, sem mas ou tentativas de explicar

Sou o inicio do fim em mim na tentativa de nos explorar
No meu último ato, vou exclamar:
- Mundo fodido, partirei sabendo que transei contigo.
Sem céu, sem pão, sem luz no fim do túnel
Morrerei com um tesão danado pelos que estão vivos

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William Pardo
impublicável.

Escritor de boteco, filósofo de porta de padaria, ator de quermesse de cidade do interior, vocalista de araque, sonegador de dízimo.