You're not skinny as you think you are.

Gabrielli Duarte
impublicável.
2 min readOct 26, 2018

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Don' Trus the Bitch of Apartment 23 — Krysten Ritter

O Instagram aberto no computador faz todas as pessoas parecem tão estúpidas. O tempo é algo que nos consome. Seja por sua lentidão, quando faz pirraça e se recusa a passar pela simples provocação de nos deixar irritadiços, seja pela rapidez com a qual se move no decorrer da existência. Numa dessas lutas com o tempo me pego abrindo na tela do computador a inutilidade e navego por quase todas as redes sociais mais famosas em busca de acabar com o tédio. Isso só me custa 5 minutos. O que me irrita, porque eu precisava matar umas boas horas. Esse meu passeio não resulta em nada senão raiva, revirada de olhos, asco da humanidade e dos tempos presentes. Não que já tenha sido melhor, mas antigamente as pessoas costumavam a ser estúpidas em suas próprias casas e eu não era obrigada a ter ciência. Ora, não venha argumentar-me "então saia", pois muito bem sabemos que não há como sair. Estamos entrelaçados na malha da modernidade, com suas instituições e hierarquias. Nada de novo debaixo do sol. Só mudaram-se as formas. Como pode o ser humano ser tão estúpido? Estupidez que parece diluída na minúscula tela do celular, mas que, se escancarada em telas acima de 14 polegadas, torna-se ridiculamente mais ridícula. Aqueles rostos enormes, e não raro sem beleza, saltando em frente aos seus olhos logo pela manhã é de causar pânico até no mais destemido forasteiro. Como se a vida inteira fosse uma farsa. Um teatro burlesco mal ensaiado, com atores medíocres. Frases de efeito tão ou mais ridículas que as pessoas. E o pior: compartilhadas por aqueles que sabemos não ter um pingo de decência na cara. É claro que toda a regra tem sua exceção. Há aqueles passarinhos inocentes que soltam uma positividade aqui, uma foto bonita das luzes de seu carro ali ou até mesmo do seu outfit de todos os dias. A exceção só confirma a regra. Não que essas pessoas mereçam o meu amargo discurso. É só que no fim tudo vira a mesma coisa, uma salada de vaidades, com molho de hipocrisia. Sua vida é bem mais chata que isso, nós sabemos. Aceite. Que seu rosto não é assim tão bonito, que ninguém quer saber da sua história, muito menos da sua vida. Você não é o que você vende. Pare de culpar as travestis por se travestirem. Você se traveste todos os dias, fingindo ser quem não é, pintando a cara, exagerando nos trejeitos, para vender algo que sequer te traz dinheiro. E o mais importante de tudo: you're not skinny as you think you are.

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