A chegada do segundo filho: como lidar com a mudança na rotina do filho mais velho

Psicologia, Maternidade e DM1
infanciapositiva
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13 min readOct 1, 2018

Não importa qual a idade do seu primogênito, ele terá alguns ajustes à fazer quando um novo bebê entrar em cena. Essas dicas facilitarão as mudanças para todos vocês.

Photo by Isaac Del Toro on Unsplash

Ter “crises de ciúmes” é praticamente um ritual de passagem para todos os primogênitos. No entanto, a maneira como você lida com isso pode afetar como o seu filho se relacionará com o irmão e se serão amigos ou inimigos na jornada da vida. Estas dicas ajudarão você a guiar seu filho mais velho por esta incrível etapa cheia de novidades.

O que você pode esperar

Crianças pequenas podem ficar muito sensíveis com a chegada de um novo bebê. Especialmente as menores de 3 anos de idade, esta fase costuma ser o momento mais difícil para um primogênito aceitar um novo bebê, já que é uma idade onde as crianças estão bastante vinculadas à mãe e ainda necessitam de cuidados exclusivos. Isso tudo pode aumentar o ciúme entre irmãos e a resistência a aceitar o bebê como um membro pleno da família. Entretanto, não há regras absolutas para quando e como o ciúmes se manifesta em cada família e criança, mas é possível que seu filho sinta algum incômodo com as mudanças na rotina já nas primeiras semanas com o novo bebê em casa. Algumas vezes esse incômodo não aparece nas primeiras semanas mas apenas quando o bebê aprende a engatinhar e a se locomover para pegar os objetos e brinquedos de seu filho mais velho. O fato é: cedo ou tarde e de uma ou outra maneiras, as crianças, no geral, apresentarão mudanças no comportamento com a chegada de um novo bebê, ocasionadas pelo período de intensas emoções na família e, sobretudo, pelas alterações na rotina e na vida da mãe.

Muitas crianças ficam chorosas ou “grudentas”, especialmente depois que a novidade de ter um novo bebê em casa desaparece. As crianças podem querer mamar de novo se tiverem sido desmamadas ou beber de uma mamadeira quando estiveram alegremente usando um copo de canudinho há meses. Os rituais da hora de dormir podem se arrastar e colidir tragicamente com o período agitado de seu bebê. Além disso, uma criança que tenha dormido em sua própria cama pode, repentinamente, querer dormir na sua, especialmente se o bebê estiver no seu quarto. E se a criança estiver dormindo durante a noite, ela pode começar a ter pesadelos ou acordar e querer entrar em ação quando ouvir o bebê no meio da madrugada. A maioria das crianças na primeira infância se sente muito conflituosa em relação a um novo bebê: Por um lado a criança gostaria de voltar a ser bebê e receber atenção exclusiva da mãe, mas por outro lado há a parte que diz “Eu posso fazer muitas coisas sozinho”, que quer e gosta da autonomia e da independência conquistada.

As crianças mais velhas, entre 4 e 6 anos, geralmente tendem a ser mais compreensivas e podem ser bastante sensatas quanto à introdução de um novo irmão em sua rotina. Então, se o bebê baba ou regurgita um pouco de leite sobre ela, é mais fácil explicar que ele não fez isso de propósito. E se o bebê tentar mexer em seus brinquedos, você pode ajudá-la a guardar seus favoritos para que o bebê não possa alcançá-los. Você também pode pedir ajuda para separar os brinquedos com peças pequenas e com risco de asfixia que devem sempre ser mantidos fora de alcance do bebê. As crianças nessa faixa etária têm melhores habilidades de enfrentamento, e capacidade de se revezar ou esperar a vez por um lanche, uma história, etc. Elas também têm mais vida própria, entre escola, amigos e atividades. O mundo de seu filho está se ampliando e ele não depende tanto de você. Ainda assim, os pais continuam sendo as maiores figuras de apego da criança, e se ela não está recebendo a atenção que precisa, ela pode temer que esteja sendo deixada para trás ou esquecida. Por isso, mesmo as crianças com mais idade ainda tendem a manifestar alguns comportamentos desafiadores de transição, mas que são absolutamente normais devido à grande novidade vivida.

Sempre tenha tempo sozinho com seu filho, mesmo que seja apenas uma história de 15 minutos, enquanto o bebê está nos braços do pai ou de outra pessoa. Lembre-se de sorrir quando seu filho entrar na sala ou no quarto que você estiver. (Não é preciso muita energia para sorrir e dar abraços e beijos a um pequenino que pode precisar deles.) Um tempo exclusivo com o filho mais velho é o melhor antídoto para o seu medo de abandono. Mesmo que seja apenas uma ida ao supermercado, convide-o para fazer tarefas diárias com você enquanto o bebê estiver com outra pessoa. E quando o bebê fizer coisas que podem chatear seu filho mais velho, seja sua advogada: conserte o livro rasgado; Console-o com uma música suave, um abraço, diga: “Eu sei que pode estar sendo difícil, mas você está se saindo muito bem! Me dê um abraço, vamos respirar fundo juntos”.

Procure alternativas para acalantar os dois ao mesmo tempo, ou, amenizar a necessidade de atenção do mais velho. Se ele lamenta e pede que você o carregue, mas você está ocupada cuidando do bebê, diga a ele: “Você está triste porque eu não posso te pegar agora. Estou triste também. Venha se aconchegar ao meu lado e ao lado do bebê. E quando eu terminar aqui, vamos nos abraçar todos!”

Nomeie emoções do seu filho. Tente algo como: “Parece que você realmente quer ser um bebê agora também”, “vejo que você está feliz agora”, “acho que você pode estar cansado”.

Para ajudar seu filho a se adaptar à sua nova rotina, planeje com antecedência, ainda na gravidez, a nova rotina do seu filho. As rotinas de dormir inevitavelmente são encurtadas quando o novo bebê chegar, então, estruture-as o quanto antes. Se seu filho está acostumado dormindo com a mãe e com a mãe preparando o café da manhã, faça a transição para o pai. O pai pode dizer o quanto está animado por ter um tempo com o filho no turno da manhã ou ler novas histórias de dormir escolhidas pela criança mais velha em um dia especial com o pai na livraria. Se o plano é fazer o bebê dormir no berço do seu filho mais velho, leve-o para a nova cama meses antes de o bebê chegar (ou compre outro berço). Faça estes ajustes e transições na rotina antes que o bebê nasça. Também é importante evitar culpar o bebê, mesmo que não intencionalmente, por quaisquer mudanças negativas na casa — isso é uma receita para o ressentimento.

Faça o possível para envolver seu filho mais velho com o bebê. Convide-o a ajudar a enrolar uma toalha ao redor do bebê quando você tirá-lo da banheira, incentive que seu filho mais velho para que leia uma história para o bebê ou que o distraia com uma música durante uma troca de fralda, ou ainda, que faça movimentos circulares em sua barriguinha na hora da massagem do bebê. Mas tenha cuidado para não exigir que ele seja uma espécie de “cuidador mirim”, o que poderia rapidamente se tornar um fardo.

Outras maneiras de ajudar seu filho a se ajustar à nova rotina

“grayscale photography of two children sitting on ledge” by Joshua Clay on Unsplash
  • Não tente impedir ou desejar que seu filho não demonstre emoções negativas com a chegada do bebê. É completamente normal uma fase de instabilidade e ciúmes. Lidar com isso de forma positiva será benéfico para toda família;
  • Faça o melhor que puder para entender as emoções do seu filho
  • Reconheça e reforce sempre que a criança estiver sendo gentil e amável com o bebê.
  • Saiba que o ajuste do irmão mais velho para um novo bebê é um processo contínuo e que precisa de alguns meses para se estabelecer.
  • Sempre que possível tente aproximar e fortalecer a relação entre os irmãos: faça ensaios fotográficos com os irmãos, revele as fotos e pendure pela casa, faça um desenho ou ilustração dos irmãos.
  • Deixe que o irmão mais velho carregue, abrace, beije e cheire o bebê, com sua supervisão e cuidado.
  • Peça ajuda para organizar as coisas do bebê.
  • Dê um boneco ou boneca para representar o bebê que seu filho deverá cuidar junto com você.
  • Leia livros infantis com seu filho sobre a chegada de um novo bebê
  • Faça atividades lúdicas, artísticas e criativas com seu filho mais velho e garantam tempo de muita qualidade juntos.
  • Olhe nos olhos de seu filho e diga o quanto o ama e o quanto ele é importante para você e para o bebê.
  • Caso seu filho tenha expressado emoções negativas e até alguns ataques físicos ao novo bebê, manifeste sua reprovação a ação, mas não ao seu filho, dizendo frases como “Eu amo você e sei que pode estar sendo difícil, mas não é certo beliscar seu irmãozinho, ele sente dor e fica triste com isso e eu também”. Jamais leve para o pessoal, saiba que isso é normal, (especialmente em crianças menores de 3 anos), respire fundo e dê um tempo a ele. Em um outro momento, reforce a importância do amor e paciência ao novo bebê por todos da família.
  • Explique o quão importante e amado ele é. E o quanto eles brincarão juntos assim que o irmão crescer. Você pode nomear as brincadeiras e atividades preferidas de seu filho, e encorajá-lo que logo logo ele e o irmão poderão se tornar grandes parceiros de aventuras.
  • Seja paciente e tente compensar sua ausência de outras maneiras. Tenha em mente que esta fase, assim como outras, também passará.
  • Os comportamentos difíceis desta fase só devem representar preocupação se perseverarem, piorarem ou estiverem causando algum sofrimento muito intenso à criança. Nesses casos é recomendável que os pais procurem ajuda especializada.

Leitura recomendada para os pais

Irmãos Sem Rivalidade — O que Fazer Quando os Filhos Brigam

Das mesmas autoras de “Como falar para o seu filho ouvir e como ouvir para o seu filho falar”, este livro aborda sobre como ajudar os irmãos a conviverem bem, como tratar os filhos de forma diferente mas com justiça, como libertar as crianças de rótulos e como agir positivamente no momento das brigas. Com este livro, os pais aprenderão a resolver conflitos de forma pacífica.

Livros recomendados para ler com a criança

Eu Só, Só Eu

Ana Saldanha e Yara Kono — Editora Peirópolis

O menino quer tudo para si, só para si. Até que uma bela surpresa acontece. Um irresistível álbum ilustrado por Yara Kono sobre como as crianças sentem a chegada de um irmão.

Agora sou a irmã mais velha

Annette Sheldon — Artmed Kids

Quando seu irmãozinho nasceu, Maria Clara ficou empolgada e orgulhosa. Porém, a nova realidade, que fez dela a irmã mais velha, muda constantemente e, às vezes, de maneira surpreendente e não muito bem aceita pela menina.

Agora sou o irmão mais velho

Annette Sheldon — Artmed Kids

A vida do menino Pedro muda quando sua irmãzinha nasce. Ser o irmão mais velho é difícil e Pedro precisa aprender a dividir a atenção dos adultos. Com o tempo, contudo, o menino começa a gostar de ter uma família maior e de todas as coisas relacionadas ao fato de ser o irmão mais velho.

Quero Nascer de Novo

Ilan Brenman — Editora Saber e Ler

Ganhar um irmão não é nada fácil. A mamãe e o papai encontraram uma maneira muito interessante de falar sobre o irmãozinho de Sofia que vai chegar. “Quero nascer de novo!” É um afago ao irmão mais velho e uma explicação emocionante, que faz com que o amor tome o lugar do ciúme.

A IRMÃZINHA DE LISA

Anne Gutman e Georg Hallensleben — Editora Cosac Naify

Novas peripécias da cachorrinha branca, que ganha uma irmãzinha e morre de ciúmes, como acontece nas melhores famílias

MUDANÇAS

Ilan Brenman — Editora Edelbra

Tem gente que gosta, tem gente que não. Mas não tem jeito, a vida é cheia de mudanças. Mudança de tamanho, de escola, de casa, de amigos, de cidade. Quando as pessoas se acostumam a ver e a sentir o mundo de um jeito, aí vem ela, mudança. Neste livro, a autora procura mostrar que as mudanças acontecem com todo mundo e que pode até ser divertido os variados acontecimentos.

COMO ELE FOI PARAR AÍ DENTRO

Ilan Brenman — Editora Aletria

Rafaela é daquelas crianças que, diante de um barrigão de grávida, não hesita em perguntar — ‘como ele foi parar aí dentro?’. Nesta história escrita por Ilan Brenman e ilustrada por Vanessa Prezoto, a menina vai descobrir, não sem antes formular as mais mirabolantes hipóteses, como são formados os bebês que saem da barriga das mamães.

UM BEBÊ VEM AI

Jonh Burningham — Editora Paz e Terra

A chegada do bebê se aproxima, e as perguntas que surgem na cabeça de uma criança pequena são descritas neste livro. ‘Um bebê vem aí’ busca traduzir o amor, a excitação e a confiança de um menino à medida que ele imagina vários possíveis futuros para seu irmãozinho ou irmãzinha.

UM NOVO BEBÊ ESTÁ CHEGANDO

Emily Menendez Aponte — Editora Paulus

A chegada de um novo bebê é uma ocasião de alegria, euforia e esperança. Mesmo para uma criança pequena, isso pode causar confusão, preocupação e angústia. A melhor maneira de ajudar a criança neste momento de transformação da família é através de uma preparação prudente, amor seguro e convite gentil para a participação da criança na espera e cuidado do novo bebê. Auxiliada pelos amáveis elfos, a autora Emily Menendez-Aponte mostra o caminho para ajudar a criança a dar as boas-vindas, de braços abertos, ao novo membro da família.

Este não é o presente que eu pedi

Aline Abreu — Editora Melhoramentos

Sob a ótica infantil, o livro narra a chegada de um bebê na família. A delicadeza das ilustrações ajuda a dar forma aos sentimentos ambíguos vivenciados pela criança mais velha. A criança queria muito um irmão. Eba! Muita expectativa de brincadeiras sem fim, andar de bicicleta, ser o fiel escudeiro um do outro… Mas a realidade da chegada do bebê é um pouco diferente; ora, ele não é capaz de fazer nada disso! O bebê precisará crescer para poder compartilhar essas brincadeiras. A realidade imediata não corresponde ao imaginado, mas o menino logo vai descobrir como interagir com o pequenino. E vai descobrir também que amor de irmão, assim como a gente, só cresce.

Coisa de Irmão

Luciana Rigueira e Elisabeth Teixeire — Editora Paulinas

‘Coisa de irmão’ trata do ciúme entre a irmã mais velha e o recém-nascido. A menina quer entender por que há tanta atenção do pai e da mãe para o bebê — tudo que a criaturinha faz agrada aos olhos dos outros, mesmo quando se trata da coisa mais sem graça. Mas quando lhe perguntam se quer se livrar do irmão, ela é firme — de jeito nenhum. Afinal, ele foi muito desejado por ela.

Nós Agora Somos Quatro —

Lilli Larronge

Tudo muda na vida desta família com a chegada de um novo pequenininho. De repente, a casa fica cheia de barulho, ninguém tem mais hora para dormir e há confusão por todo canto. Com ilustrações delicadas e um texto escrito com palavras-chave, este livro mostra para adultos e crianças de todas as idades quantas alegrias e quanto amor um novo bebê é capaz de trazer.

Julius, o Rei da Casa

Kevin Henkes

Embora Lily achasse que ia ser a melhor irmã do mundo, quando Julius nasceu as coisas não foram bem assim. Quando ficava sozinha com ele, assustava-o com máscaras horríveis…e até aprendeu truques de magia para o fazer desaparecer. Como é que os seus pais podiam achar que ele era um bebé adorável? Ou… será que era mesmo?

Mas e eu? Uma grande surpresa para um irmão mais velho

— Emily Johnson

Com a chegada da irmãzinha recém-nascida, Breno elabora um plano ultrassecreto para conseguir chamar a atenção do papai e da mamãe. Será que Breno, agora o irmão mais velho, vai conseguir? Descubra nesta história engraçada e tocante toda sobre aceitar um novo membro na família.

Eu Vou Ganhar Um Irmãozinho!

Laurence Bourguignon

De onde vêm os bebês? Você sabe a resposta? A curiosa Aline também quer saber. Ela vai ganhar um irmãozinho e está muito ansiosa com a espera! Então ela fica sentadinha à janela pensando, pensando… Será que eles simplesmente chegam e tocam a campainha? Ou são entregues por uma cegonha branca e fofinha? Talvez brotem da terra junto com lindos pés de repolho? Mas, por mais que perguntasse, ninguém lhe contava o segredo. Até que um dia, muito surpresa, ela descobriu a verdade… Os questionamentos das crianças sobre a chegada de um bebê são o tema central deste livro. Com uma abordagem natural e encantadora, ele certamente irá contribuir para satisfazer a curiosidade dos pequenos.

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