Como o ambiente afeta a criatividade infantil
Esta é uma série de textos traduzidos do Dawn Hyde Books (DawnHydeBooks.com)
O comportamento das crianças é o produto de sua experiência ambiental. Desde o nascimento à medida que surgem novas habilidades na criança, elas precisam ser exercitadas e fortalecidas.
Um ambiente ideal é um lugar onde as crianças podem assimilar a cultura sem a necessidade de instrução direta. Este ambiente aprimora seus sentidos, refina o movimento e eles se tornam mais estabelecidos e ordenados. Acima de tudo, as crianças precisam se sentir amadas e aceitas.
As crianças acham mais fácil se adaptar às configurações e rotinas familiares. Isso lhes dá um sentimento de segurança e não incerteza. Qualquer ansiedade atrasa sua capacidade de se adaptar ao ambiente.
As crianças conhecem o mundo através dos sentidos, e o ambiente pode oferecer materiais adequados para testar cada sentido. Os pais podem preparar materiais naturais em casa para esse fim. Quando os sentidos são refinados e a consciência sintonizada, as percepções também são formadas.
Por exemplo — Enquanto ela carrega uma bandeja com objetos, derrama uma xícara de chá de um pequeno bule ou coloca uma tampa, vê as conseqüências do movimento desordenado à medida que os objetos se deslocam da bandeja, o chá transborda ou a tampa não vai caber. Estes são exercícios de auto-correção ou controle do erro.
O ambiente precisa ser seguro, interessante e atraente. Deve haver acesso a uma variedade de materiais naturais para manipular e usar na experimentação inventiva e no brincar. Através da interação com o ambiente preparado, a criança começa a reconhecer a ordem, resultando em mais disciplina.
Professores, pais, irmãos e amigos fazem parte do ambiente social da criança. Estar na companhia de pessoas que entendam a criança e direcionem suas ações para um curso positivo e não a julguem é o ideal.
Mostrar à criança como cuidar do ambiente é um papel importante do adulto. Dar ordens cegas, ser autoritário sobre o que a criança deve fazer ou pensar, faz com que a criança fique aborrecida e cada vez coopere menos. A criança precisa estar em um ambiente onde ela pode fazer escolhas, onde possa pensar e agir em sua própria intuição. Ela precisa de tempo para reconhecer e desfrutar da influência recíproca entre suas ações e seus arredores.
Qualquer forma agressiva de gerenciamento de comportamento pode causar uma resposta igualmente agressiva e tem um efeito negativo sobre as outras habilidades de desenvolvimento da criança — particularmente fatores sociais e emocionais. Um ambiente ideal dá à criança uma dica, de forma indireta, do que ele pode fazer para agir em harmonia com ele.
Quando a criança se envolveu em seu trabalho, quando a tarefa que escolheu corresponde a sua habilidade, ela experimenta um estado de fluxo. Há uma sensação de intemporalidade e motivação intrínseca. Crianças que experimentam esse estado de fluxo estão aprendendo a ser pensadores criativos, elas gostam do que produzem e tem suas próprias recompensas. É um trabalho recompensador por sua própria natureza. Não tornando a criança refém de reconhecimentos ou elogios. Um ambiente onde há uma compreensão do fluxo, e onde ele é valorizado, contribui para o desenvolvimento, para o sucesso e e para a felicidade da criança na vida. Para proteger este estado tão delicado, deve haver uma área que seja pacífica e silenciosa, criando as circunstâncias para que as crianças vivenciem esse estado habitualmente. À medida em que ela consegue dominar as habilidades, ela se sente empoderada e seus esforços são incansáveis.
As crianças não têm experiência em controlar seus estados de espírito. Podemos ajudá-las com vários métodos calmantes:
- Aquecê-la com uma pano úmido
- Colocar os pés na água se eles estiverem quentes.
- Levá-las à um lugar mais silencioso.
- Colocar uma música calmante.
- Massagear a criança.
- E vários outros métodos que podem variar dependendo da idade e preferências da criança. Estas formas de acalmar a criança podem ser percebidas através das tentativas de acalmá-la e também através da própria criança. Podemos perguntar a ela o que gostaria de fazer para se acalmar.
Um exercício Montessori que tem um efeito calmante é “Andar na linha”. O professor desenha uma elipse no chão com giz, ou cola fitas adesivas coloridas no chão e as crianças caminham na linha. Este é um bom exercício de normalização.
Quando encorajamos todos a ajudar com as tarefas domésticas, as crianças tomam esse modo de vida como certo. As coisas precisam ser configuradas para que possamos participar da vida e não apenas assistir. É nos primeiros anos que formamos hábitos, e porque é mais fácil para nós fazer as tarefas domésticas, as crianças muitas vezes se tornam inúteis na realização de tarefas simples. Ao realizarem ativamente essas tarefas, estão fortalecendo sua auto-estima e coordenando suas ações e se adaptando à vida.
Os dispositivos eletrônicos agora dominam as casa modernas e o uso excessivo pelas crianças pode bloquear sua adaptação a um ambiente particular. Eles têm um apelo fascinante, e podem assumir toda a atenção da criança, limitando suas experiências da vida real. As crianças pequenas vêem muitas coisas na TV, mas são espectadores passivos. Elas não são responsáveis pelo que é apresentado e não fazem parte disso. Ao explorar o mundo real, eles têm uma sensação de aventura, assumir o controle sobre como proceder e se perguntar sobre as possibilidades.
O movimento é importante para o corpo e sentar passivamente por longos períodos torna as crianças letárgicas. Elas então dificultam a transição para qualquer outra atividade quando estiverem envolvidos em jogos, música e entretenimento em dispositivos eletrônicos.
A música que ele ouve na casa, o tipo de ilustrações que ele vê, o cheiro de cozinhar alimentos, constroem uma lembrança única dessa casa em particular.
É importante que elas tenham tempo para brincar, pois brincar tem um papel importante em fazer com que as crianças se adaptem ao mundo.
As crianças precisam responder ao seu ambiente, ou melhor ainda, se apaixonar por ele. É através do seu trabalho num ambiente preparado que as crianças se tornam autodisciplinadas, ordenadas, inquisitivas, inventivas, corajosas, criativas, imaginativas, alertas e felizes.
Dawn Hyde é autora e ilustradora australiana que trabalhou e dirigiu escolas montessorianas na Austrálias por mais de 10 anos. Para ler mais textos na íntegra acesse: DawnHydeBooks.com