Biblioteca, o que é isso?

Gabriel Justino
InfocoNaBiblio
Published in
5 min readFeb 16, 2020

Por: Gabriel Justino

Talvez o título desse post chame a atenção justamente por mostrar desconhecimento de um lugar onde muitos de nós deveríamos estar familiarizados. A nossa relação com as bibliotecas deveria mudar, aliás, faz quanto tempo que você não vai a uma biblioteca? Um dia, um mês, um ano ou nunca pisou em uma? E não vale a conta se você for um profissional da área.

O que permeia a sua imaginação do que seja uma biblioteca? Será que quando falamos de uma biblioteca, você pensa nisso:

Foto da biblioteca da FECAP

Você está correto em pensar na biblioteca dessa forma, mas aí eu te pergunto e o quê mais? A biblioteca para você se resume a esse monte de corredores e livros com esses códigos que ninguém entende (opa, aos bibliotecários de plantão, eu sei que os números são as classificações, porém, nem todos tem ciência da CDD, CDU, Cutter e afins). O que mais você faz quando frequenta a biblioteca pública, a da sua faculdade ou qualquer outra? Você conhece algum projeto desenvolvido na biblioteca que frequenta?

Já parou para pensar, que sempre quando vemos uma entrevista de um especialista ou até mesmo banners e propagandas de universidade, lá estão elas, servindo de cenário para isso tudo, evocando uma erudição daquele espaço, mas que num primeiro momento esquecemos de qual lugar se trata (oras é uma BIBLIOTECA!) e o porquê ser feito uma entrevista ou propaganda por ali. O que deveria ficar claro é que além de parecer, a biblioteca é um lugar onde podemos aprender e buscar o conhecimento.

Estamos falhando enquanto sociedade, por mais que estejamos evoluindo para informações que se desprendam do papel para as telas dos smartphones, tablets, laptops e kindles, perdemos nossa conexão com o outro. Esses espaços milenares ultimamente tem se moldado as sociedades buscando uma conexão maior com elas para as servirem, não só isso, mas também permite que entremos em contato com o outro, uma conexão que perdemos na mesma medida em que as telas avançam.

Aos bibliotecários: se a biblioteca em que você trabalha, resume-se aos empréstimos e as devoluções de livros e ao serviço técnico, está na hora de repensar esse espaço e essa concepção, pois em nossa jornada na biblioteconomia percebemos que esses espaços são a caixa de pandora do conhecimento, precisamos explorar mais esses espaços para que conhecimentos sejam produzidos pela comunidade que a frequenta, aliás, a comunidade deve abraçar a causa de nossas bibliotecas, pois elas, existem e estão lá para servir as pessoas e as comunidades que a cercam.

Aos leitores: Quando você frequenta a biblioteca já reparou que existe muito mais do que o catálogo no computador? A sua sede de conhecimento já foi saciada ao descobrir o significado dos números dos livros? Já pensou que você poderia montar um clube de leitura para ter vários ângulos de uma mesma história e poder comentar com alguém sobre aquele livro que você é fã? Você pode usar esse espaço como um lugar de encontro com outras pessoas, um espaço de convivência, afinal no seu cerne as bibliotecas permitem esse tipo de interação.

E sim meu caro leitor, as bibliotecas são mais que esses espaços de empréstimos. Bibliotecas são poderosas, quando uma comunidade se apropria dela, ideias podem ser geradas em suas salas e os livros…. ahh os livros estão lá para serem usados como as armas que darão suporte a essas ideias e aos seus argumentos, bibliotecas podem e devem ser lugares seguros para toda e qualquer tipo de ideia. Aliás foram elas que ajudaram a tirar a Europa da idade das trevas e entrar no período renascentista, período conhecido pela exploração da razão e dos fatos científicos, onde o misticismo e a religiosidade foram perdendo espaço.

E são esses espaços que precisam ganhar voz em nossa sociedade, não podemos nos calar quando vemos que por capricho político, bibliotecas são fechadas e toda uma comunidade seja afetada por isso. Em tempos de informações mentirosas, o farol da verdade deve estar centralizado na figura das bibliotecas onde sua luz indicará o caminho das fontes verdadeiras. Precisamos criar um vínculo entre as bibliotecas e comunidades e dessa maneira auxiliar para que essas comunidades se tornem leitoras e letradas digitalmente.

Temos um longo caminho a percorrer, pois muitas cidades no nosso país ainda não possuem uma biblioteca pública e muitas escolas não possuem esse equipamento, impossibilitando que muitas crianças tenham os seus primeiros contatos com esse ambiente e consequentemente com a leitura. De fato é um caminho árduo para transformar a nossa dura realidade, transformando-se em uma tarefa hercúlea que a primeira vista parece, mas não é impossível. Precisamos mostrar que esses espaços resistiram a barreira do tempo e que são úteis para a sociedade, trazendo benefícios inimagináveis e o primeiro passo para que toda essa transformação aconteça é reconhecermos a importância desse equipamento, dos profissionais que o gerem e os impactos que causam onde estão inseridos.

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