Bibliotecários e a alfabetização digital de jovens

InFoco
InfocoNaBiblio
Published in
3 min readApr 14, 2019

Por Vicente Santos

Enquanto conversava no Telegram com alguns amigos bibliotecários, uma colega enviou um texto sobre “Como Bibliotecários Podem Ser Mentores Digitais Para Adolescentes”. No meio da correria do dia-a-dia, acabei passando apenas os olhos pelo texto, sem aprofundar muito em seu conteúdo. Horas antes de começa a escrever este artigo, comecei a lê-lo e traduzi-lo para postá-lo aqui no Medium, até que decidi parar e fazer algo próprio.

Panfleto colocado pela equipe de TI da Biblioteca Aarhus, com exemplos de apps de gastronomia na seção de livros de gastronomia na biblioteca. Imagem retirada do Design Thinking Para Bibliotecas (p. 100).

O artigo escrito por Alexandra Samuel começou a me recordar de um texto que li ao longo do último ano de faculdade em meio as pesquisas para o TCC, onde no meio do processo acabei participando no projeto de tradução do Design Thinking Para Bibliotecas, e dentro de um dos exemplos citados no livro era sobre a Biblioteca de Aarhus, na Dinamarca, onde a equipe da biblioteca e a equipe de TI se uniu para conversar com os seus usuários sobre seus níveis de conhecimentos tecnológicos. Em meio ao estudo do grupo, eles perceberam que muitos dos novatos da tecnologia eram idosos que queriam aprender a baixar e usar diversos aplicativos que consideravam interessantes, com isto, os bibliotecários em conjunto a equipe de TI começaram a oferecer oficinas de tecnologia para este grupo em específico.

Já o artigo de Samuel, me fez então repensar e relembrar de como nós, bibliotecários, podemos ajudar não só pessoas idosas com as novas tecnologias, mas os jovens a utilizar as ferramentas digitais de forma responsável, principalmente com todo este cenário social e político em que são disseminadas a desinformação, orientá-los e torna-los futuros pesquisadores.

Fonte: iStock

A sociedade sempre viu o bibliotecário como o “guardião do conhecimento”, “o guardador de livro” ou “a tia velha e chata que faz shiu toda hora”, mas nunca como de fato somos: pesquisadores, orientadores de como fazer pesquisa nas fontes confiáveis de informação.

Durante toda a faculdade os professores repetiam para sempre buscarmos as informações na fonte, sempre conferir quem escreveu e quando, propagar sempre a informação correta e atualizada, entretanto nunca levamos este tipo de conhecimento adiante.

O que podemos fazer para ensinar o bom uso das ferramentas tecnológicas disponíveis hoje para a próxima geração usar de forma consciente?

Com uma nova geração de nativo-digital, precisamos criar estratégias e chamar os jovens que estão começando a aprender a utilizar o mundo tecnológico para fazer pesquisas escolares; a procurar na fonte; a conferir o que está escrito ali; verificar se o lugar onde a pessoa pegou o texto não possui algum histórico de desinformação; auxiliar na escrita de um texto autoral; absorver a informação que está sendo passada e não apenas a copiar e colar, como foi feito por gerações.

Não podemos negar que muitos de nós já copiaram e colaram trabalhos durante a idade escolar, mas que ao entrarmos na universidade, aprendemos a como fazer pesquisa e trabalhos autorais, percebemos os nossos erros.

Agora, como profissionais da informação, podemos mudar este problema que é passado de geração em geração ao incentivar os pré-adolescentes e adolescentes a frequentarem bibliotecas e centros culturais, elaborarem projetos e ensinar a eles — juntos aos pais, se possível — de como fazer um bom uso da tecnologia na vida escolar e pessoal e de como os pais podem participar deste processo sem parecer que eles querem invadir a vida virtual dos filhos.

Então, pergunto-me, o que podemos fazer para ensinar o bom uso das ferramentas tecnológicas disponíveis hoje para a próxima geração usar de forma consciente?

--

--

InFoco
InfocoNaBiblio

Um grupo de bibliotecários preocupados com o futuro da profissão e sociedade. Insta @infoconabiblio | fb.me/infoconabiblio | contato@infoconabiblio.com.br