O que aconteceu no ano de 2019

Uma retrospectiva sobre tecnologia, inovação e muita startup do mercado imobiliário e construção civil.

Pedro R. Simon
Bloco Inovação
5 min readDec 30, 2019

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drmakete lab

Que a inflação alcançou a mínima histórica no ano de 2019 todo mundo já sabe, mas quais outros acontecimentos desse ano foram destaques e que devemos nos atentar. para 2020?

A taxa SELIC está baixa, a tendência de 2020 é que o mercado imobiliário e da construção voltem a crescer depois da grave crise iniciada em 2014, mas apenas isso não garante o resultado!

Sim, é verdade que com a inflação baixa o mercado imobiliário começa a aquecer novamente, com maior oferta de crédito, aumento nos preços de aluguel, valorização dos imóveis, mais lançamentos e vendas. A questão é: os números até o momento não são suficientes para comprovar um estrondoso crescimento do mercado. As chances são boas mas é preciso ficar atento.

O que podemos dizer é que o ano de 2020 promete um cenário ainda mais competitivo no setor. No meio de todo esse alarde, preparamos uma retrospectiva de como a tecnologia e inovação no mercado imobiliário e da construção fizeram sua parte no ano de 2019 e como isso pode impactar 2020.

1. LOFT e a chegada das Ibuyer’s

As Ibuyers facilitam o processo de compra e venda de imóveis. Para proprietários o valor está em um processo de venda rápido, fácil e online. Isto é, a venda de um imóvel com maior liquidez e pagando à vista. Isso é possível porque o imóvel comprado é reformado e a margem que fica para a Ibuyer é a valorização desse imóvel após a reforma. Todo esse processo é seguido por algoritmos que cruzam dados para garantir a margem de lucro e a assertividade na compra dos imóveis a serem reformados.

Esse modelo de negócios já está bem estruturado em outros países estrangeiros, como a famosa startup americana OpenDoor. No inicio de 2019 ela recebeu uma aporte de 300 milhões de dólares, tendo um valuation total de 3,8bi. Certamente existem gigantes atuando no mercado internacional mas esse modelo no Brasil começou recentemente. Foi só em 2019 que ganhou força através da startup Loft.

No início desse mês, a Loft levantou 216 milhões de reais de investimento e pretende usá-lo para comprar e vender cerca de 1,2 mil apartamentos. Já pro ano que vem, 2020, a Loft, que atua em 16 bairros de São Paulo, já informou que pretende expandir para o Rio de Janeiro.

Várias novas startups estão surgindo dentro desse modelo, então basta esperar, pois este será um dos grandes motores da compra e venda de imóvel no Brasil para o ano de 2020.

2. Vitacon e os microapartamentos para aluguel + Dimas

Uma grande tendência para o mercado imobiliário que a incorporadora Vitacon acredita é o mercado de locação. O fundador da Vitacon, Alexandre Frankel, anunciou que ao final de 2020 a incorporadora não vai estar produzindo nenhum empreendimento para o consumidor final. Isso porque a incorporadora está apostando nos apartamentos pequenos destinados para aluguel. Seus imóveis são próximos das atividades cotidianas e com amplos espaços compartilhados, o que vai contra o sistema mais famoso de financiamento para compra da casa própria. Foi adotando esse modelo que a Vitacon cresceu ao longo de uma grave crise econômica que atingiu muito a construção civil.

Não é apenas a Vitacon que começa a contar com esse modelo, diversas incorporadoras brasileiras começaram a apostar nele. A Dimas, incorporadora catarinense que atua na região de Florianópolis, que já vinha há alguns anos com a vertente de tecnologia, começou a lançar empreendimentos também voltados para investidores. O exemplo mais famoso é o D/Spot, empreendimento em construção próximo às universidades e espaços de lazer. Apartamentos menores, com espaços compartilhados e destinados ao aluguel. Ainda é incerto qual será a adesão do mercado sobre esse nicho, ao menos fora da metrópole de São Paulo, porém o modelo de incorporação se relaciona diretamente com as tendências do mundo na era digital, onde os consumidores estão cada vez menos apegados a apenas um local.

3. Cyrela e a LGPD

Um caso de justiça ocorreu com uma das maiores construtoras do Brasil, a Cyrela. No início de 2019, diversas notificações foram feitas à justiça pelos clientes que compraram imóveis com a Cyrela. Isso foi motivado por diversas ligações de terceiros à esses clientes, procurando vender seus serviços. Acontece que pelas precisas informações desses vendedores, foi possível comprovar que os dados da compra do imóvel foram passados pela Cyrela. Tudo isso resultou em sanções que foram aplicadas à construtora, com multas de R$300,00 para cada caso registrado. A privacidade das informações está cada vez mais em pauta no mundo dos negócios.

Começou com o facebook, acusado de ceder dados pessoais de seus usuários. Por conta de casos assim, hoje, a Lei Geral de Proteção de Dados, ou LGPD, está aprovada e entrará em vigor em agosto de 2020.

Todos esses casos de vazamento de informações e a criação da nova lei foram amplamente comentados ao longo de 2019. Compreender a LGPD e o que ela abrange não é essencial apenas para empresas de tecnologia, mas para qualquer setor, como o próprio caso da Cyrela.

4. Aquisição da Anapro pela OLX

A OLX apostou alto no setor de imóveis nesse ano de 2019 e não estamos falando somente dos anúncios na plataforma. A estratégia tomada foi realizar uma aquisição do CRM e gestão de vendas Anapro.

A startup possui mais de 200 incorporadoras como clientes e pretende expandir sua atuação com essa aquisição. Apesar da compra, a Anapro manterá todos os seus executivos e não fundirá à OLX.

A OLX, que busca ser a maior plataforma de imóveis do Brasil, em poucos anos, parece estar utilizando startups para atuar de forma a complementar sua operação.

O interessante disso tudo é notar que não só a OLX está atuando dessa forma, mas vários outros players do mercado brasileiro estão utilizando serviços e aquisições de startups como forma de trazer inovação e competitividade como a recente aquisição de 70% de participação na DLM Investe, realizada pelo banco Inter.

5. Conexão das empresas tradicionais com startups

Vitacon, Banco Inter, Rocket Content, OLX e muitas outras grandes empresas estabeleceram conexões ativas com o ecossistema de startups. Seja para complementar sua operação, entrar com tecnologia em novos mercados ou outros motivos estratégicos, essas empresas têm feito aquisições, investimentos ou mesmo utilização dos serviços de startups.

A pergunta que fica é se esse movimento interessa ou é exclusivo apenas à grandes corporações.

E a resposta é: NÃO!

Sabemos que inovação e transformação digital em empresas tradicionais é extremamente trabalhosa e, acima de novos produtos, envolve mudança de mentalidade dos colaboradores, da cultura da empresa e da organização hierárquica.

É por isso que todo esse processo é facilitado quando a empresa começa a se aproximar de um ecossistema inovador, aprende sobre a nova economia e, sobretudo, conecta-se com as startups de maneira estratégica.

O número de startups de construção e imóveis, as chamadas construtechs e proptechs, cresceu exponencialmente nos últimos anos oferecendo soluções cada vez melhores para o mercado.

Esse é um assunto que não poderia faltar nesse post, pois pelo que observamos das movimentações do setor imobiliário, esta é uma grande tendência e oportunidade para o ano de 2020: A utilização de startups como veículo para promover inovação nas empresas mais tradicionais.

E você, como está se preparando para 2020? As startups estão no seu mapeamento estratégico? Esperamos que tenham gostado, qualquer dúvida me contate (pedro.simon@brognoli.com.br) ou entre em contato com o Bloco (bloco@brognoli.com.br). Desejo um feliz e próspero ano novo!

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Pedro R. Simon
Bloco Inovação

Faço parte do Bloco, um HUB que promove a transformação digital de negócios imobiliários. Apaixonado por tecnologia, engenharia e marketing.