O que são iRenters e qual impacto elas podem ter no mercado imobiliário em 2020

Pedro R. Simon
Bloco Inovação
Published in
4 min readJan 17, 2020

Depois de toda a onda de notícias sobre a iBuyer brasileira que se tornou unicórnio no início desse ano — a LOFT — temos um novo conceito no radar com um "I" no nome, as iRenters.

Será que esse nome será visto mais vezes ao longo de 2020?

Se as iBuyers promovem uma nova experiência de compra e venda de imóveis, de forma muito mais facilitada para proprietários e compradores, as iRenters fazem isso com o nicho de aluguéis.

Esse modelo de negócios se resume a alugar ou operar aluguéis para locatários que querem estadia no curto ou longo prazo e que não querem todo o atrito de uma locação comum. Esse produto oferece um aluguel instantâneo pois os proprietários cedem seus imóveis recebendo em troca o que seria um aluguel de long-stay (longo prazo), dando liberdade para a empresa operar com mais agilidade.

O público-alvo são geralmente inquilinos que não se importam com mobiliar a casa ou decorá-la e que não procuram grandes espaços privativos, mas sim funcionalidades. Ah sim, isso porque a grande estratégia está em áreas privativas pequenas, maximizando áreas compartilhadas. Dessa forma é possível agregar valor ao metro quadrado do imóvel.

Entendi.. Mas quais iniciativas de IRenter já estão acontecendo por aí?

Esse modelo já aparece com mais força no mercado internacional e temos algumas iniciativas aqui no Brasil.

Bungalow (San Francisco) — Essa startup levantou recentemente 47 milhões de dólares para suportar seu crescimento em 2020. O modelo de negócios se baseia em pegar casas já construídas, mobiliar as áreas comuns e separar dormitórios privativos para então alugar a preços acessíveis aos locatários. Enquanto isso uma taxa já acordada é paga para o proprietário em forma de um aluguel. A Bungalow consegue manter uma taxa de ocupação de incríveis 98%, o que atesta o sucesso de seu modelo de negócios. A previsão é que até o final do ano a startup atenda 4x mais locatários — 12mil pessoas.

Blueground (EUA, Dubai, Istanbul e +) — O foco dessa startup está naquelas pessoas que constantemente se mudam. O mais interessante é que o público-alvo nunca é de uma idade fixa e os motivos são diversos, como por exemplo consultores que precisam de estadia mensal em outras cidades. A ideia surgiu da frustração dessas pessoas em morar em hotéis, e não em apartamentos que realmente parecem casas. O modelo se resume à apartamentos muito bem mobiliados, com apelo ao design e que são mais baratos que locações short-stay (como do Airbnb). Basta entrar no app da Blueground, navegar pelos ótimos apartamentos oferecidos e reservar um quarto por um período de pelo menos um mês. No outro dia é só se mudar. A Blueground faz toda a gestão e mobília dos apartamentos.

E no Brasil?

Bem, se no mundo essas iniciativas de aluguel envolvendo co-living ainda estão dando primeiros passos certos, no Brasil as iniciativas que surgem estão apenas engatinhando.

Quais são as dificuldades mapeadas?

Em primeiro lugar o investimento —com a falta de confiança em modelos disruptivos como esse, é preciso uma estrutura barata para testar POC's (Provas de Conceito) e MVP's (Mínimo Produto Viável) no mercado, o que torna essas experimentações difíceis pois não conseguem envolver a construção de um imóvel por completo e se fazendo necessário encontrar novas formas de validar a ideia.

Além disso, o mercado é outra fonte de atrito. Sim, sabemos que os millennials são a geração dos aluguéis, do co-living e da economia compartilhada… Mas sempre um novo conceito precisa de early adopters dispostos a apostar em novas ideias com um canal propício para atingí-los e um tempo de adaptação. Mesmo com os consumidores brasileiros aos poucos se adaptando às tendências de economia compartilhada, isso coloca à prova os empreendedores mais persistentes.

Uma oportunidade que gostaríamos de ver rodando no mercado

Apesar de todos os atritos, temos que dar o braço a torcer. As iRenters são muito atrativas pois uma vez que o modelo fica de pé, é possível aliar as qualidades de um aluguel short-stay e long-stay e criar um produto inovador.

Isto é, um meio-termo entre o valor agregado dos aluguéis de temporada, um custo acessível para locatários que querem estadia a curto e médio prazo e ainda toda a versatilidade de locar de forma online, instantânea e sem compromisso de tempo.

Com certeza nós queremos ver iRenters entrando no mercado brasileiro e trazendo ainda mais disrupção e com foco na experiência do cliente…

Se você atua no mercado imobiliário, é importante ter essas iniciativas no seu radar!

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Pedro R. Simon
Bloco Inovação

Faço parte do Bloco, um HUB que promove a transformação digital de negócios imobiliários. Apaixonado por tecnologia, engenharia e marketing.