O RH vai morrer?

Cecilia Ribeiro
Inova Gente
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4 min readMar 27, 2018

Na minha carreira tive a oportunidade de interagir com muitas pessoas de empresas bacanas e tenho percebido uma mudança gritante no papel do RH nas companhias. E quem ainda não percebeu está ficando para trás…

O "RH basicão" que auxilia o recrutamento, define os papéis e responsabilidades dos colaboradores, salários e processos de avaliação está se expandindo. Claro, estes processos ainda são extremamente importantes. Mas, com a crescente competição para recrutar (e reter) talentos extraordinários, é preciso ir além.

Como uma forma de chamar a atenção de top talents, o RH agora passa a ter que pensar mais na experiência do consumidor (opa, colaborador). O que antes era um on-boarding comum com simples direcionais como: "tá aqui seu computador", "você senta aqui", "esse é o seu time", passa a ser uma oportunidade de criar uma experiência única — marcante — que represente um laço entre o colaborador e a empresa. Como fazer com que o primeiro dia na empresa seja positivamente impactante? Como faço as reuniões gerarem inspiração? Quais são os valores queremos passar com a comunicação interna? Que tipo de ações podemos fazer para relembrar as pessoas do porquê elas estão aqui? Quais processos precisam ser implantados para que o colaborador se sinta valorizado? Como garanto que eles entendam e estejam alinhados com o propósito da empresa?

Isso agora tem um nome: Employee Experience (ou EX, para os íntimos).

EX nada mais é que usar a mesma lógica que o time de marketing usa para cultivar o consumidor externo — mas agora o foco é o COLABORADOR. É usar as técnicas de design thinking para mapear e rever toda a jornada do colaborador e pensar como cada interação agrega (ou poderia agregar) para criar um alinhamento mais forte ainda entre o colaborador e a cultura desejada.

Para quem não entende muito de Design Thinking, dá uma olhada nesse curso grátis de Stanford. (Em inglês). Tem um video e download de arquivos que facilitam a compreensão e aplicação das ferramentas. Você pode usar a metodologia para redesenhar o que quiser — inclusive para desenvolver um EX melhor para a sua empresa.

A premissa aqui é: quanto maior o alinhamento do colaborador com a cultura da companhia, maior o resultado entregue.

Quanto maior o alinhamento do colaborador com a cultura da companhia, maior o resultado entregue. (repeti mesmo.. porque isso é o mais importante!)

E olha que interessante: no estudo feito por Jacob Morgan em 2017, publicado pela Harvard Business Review, empresas que investem na experiência dos seus colaboradores, são 4X mais rentáveis do que empresas que não investem.

Mas como aponta o estudo, não dá para ser pontual — ou fake. Se ninguém aguenta mais fake news, imagina ações de engajamento fake.

Os processos como um todo terão de ser repensados. A liderança terá que "walk the talk". O que eu falo é o que eu faço, e ponto final.

O RH vai ter que ser muito mais marketeiro (no bom sentido) e até os budgets vão ter que ser repensados para isso.

As barreiras entre os RHs e Facilities vão ser lentamente quebradas. Não dá para pensar em experiência sem juntar as duas coisas.

Eu já percebo isso nas interações que tenho pela 3,2,1 Beauty. Nas empresas mais modernas, como Nubank e Suzano, a minha relação direta é com "Facilities". Mas pera lá… facilities toca serviços de bem estar in company? Não é o time de Benefícios? Me desculpe, mas este nome "Facilities" não faz jus ao que essas executivas fazem. O papel delas é criar uma experiência incrível para o colaborador. O papel delas é fazer com que as pessoas respirem a marca. E que todos estejam TÃO alinhadas com os valores da empresa que as decisões são mais facilmente tomadas. Isso é um exemplo desse novo modelo de "RH" com foco em EX.

O RH não vai morrer, mas vai se transformar. E quem fizer direitinho, vai virar uma esponja para talentos.

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Cecilia Ribeiro
Inova Gente

Empreendedora e intra-empreendedora. Fundadora da 3,2,1Beauty. Formada em administração de no Insper. Paixão por criar e aprender.