Os dois grandes segredos do Ensino Superior

É tudo sobre o seu sinal.

Adauto Braz
Inoversidade
Published in
7 min readMar 23, 2016

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A publicação abaixo é uma tradução autorizada que fiz do original “The Two Great Secrets of Higher Education”, escrito por (tem muita coisa boa por lá!). Thank you so much , Isaac!

  1. O custo da faculdade é pago por uma razão: para comprar um sinal.
  2. Esse sinal não vale o investimento comparado com o que você pode criar em outro lugar.

Esses dois grandes segredos não são conhecidos por quase ninguém. Poucas pessoas conhecem o primeiro segredo, mas falsamente concluem que o sinal ainda é a melhor opção.

Um pequeno mas crescente número de pessoas parcialmente entendem o que está por trás do segundo segredo, mas por não captarem que o produto que as universidades vendem é um sinal, limitam-se a comparar experiências sociais e de aprendizagem alternativas com as universidades, mas não maneiras alternativas de criar o sinal.

O entendimento combinado de ambos esses segredos irá revolucionar completamente a maneira que as pessoas pensam sobre e se engajam em educação, carreira, preparação, trabalho e vida.

O Segredo do Sinal

  1. O custo da faculdade é pago por uma razão: para comprar um sinal.

Um pequeno número de economistas e pensadores identificaram que o ensino superior é valorizado por conta do seu poder de criar essa sinalização. Isto é, a experiência da faculdade não transforma as pessoas em indivíduos mais valiosos ou instruídos capazes de fazerem bom trabalho, mas ordena as pessoas em grupos e agrega diplomas àqueles que já eram capazes.

Sinais não são coisas ruins. Eles são muito valiosos. Empregadores precisam de um jeito de limitar o conjunto de candidatos e eliminar os que têm menos chance de ter êxito. Existe uma correlação entre terminar a faculdade e ser um melhor profissional na média. Mas não existe causalidade.

Harvard não te faz ter mais chances de sucesso. O tipo de pessoa que é aceita em Harvard já têm mais chances de sucesso.

Quase todo mundo se recusa a chamar o produto que as universidades vendem de sinal. Eles dizem que é um grande conjunto de bens. É uma experiência social. É uma rede de contatos. É conhecimento.

É de fato um conjunto dessas coisas e muito mais, mas estes são apenas benefícios marginais. Nenhum deles é o produto principal sendo comprado. Quando você paga para ter seu óleo do carro trocado e a sala de espera tem café e revistas é uma ótima vantagem, mas claramente não é o serviço que você está comprando. Se a oficina não tivesse esses confortos você talvez ainda fosse, mas se eles apenas vendessem café e revistas sem trocas de óleo, você não iria.

Nas faculdades é a mesma coisa. Quaisquer que sejam as atividades e benefícios que os estudantes obtenham da sua experiência, nenhum deles é a razão primária pela qual eles estão pagando para estar lá. Eles estão pagando pelo sinal, ponto.

É fácil provar esse ponto. Liste todos os elementos do pacote do ensino superior. Esportes, festas, conversas com professores, aulas, livros, viver com outros jovens, etc. Agora pergunte-se quais desses seriam possíveis de obter se você não pagasse os custos da faculdade? Todos eles. Mude-se para uma cidade universitária, frequente as aulas, entre em grupos, vá para eventos, leia livros, e viva a vida universitária ao contento do seu coração.

Quando você tira a credencial ao final, fica claro quão fácil é conseguir todos os outros aspectos da faculdade de graça ou a um custo muito baixo, e frequentemente melhor.

Isto também é evidenciado pelo fato de que todo mundo fica feliz quando uma aula é cancelada. Que outro produto as pessoas pagam com antecedência e ficam felizes quando não é entregue? É porque as aulas e as provas não são os bens sendo comprados. Elas são um custo adicional que deve ser aturado para que se consiga o verdadeiro produto: um pedaço de papel oficial. O sinal.

Jovens podem ou não gostar de alguns ou todos os aspectos da experiência universitária. Mas a razão pela qual eles vão e pagam é porque, na mente deles, eles têm que fazer isso. Eles têm que obter o sinal, porque sem o sinal não se consegue um trabalho decente ou ser visto como um ser humano decente, diz o discurso predominante.

O sinal é o produto. Até que isso seja entendido, nenhuma quantidade de ajustes, reformas ou inovações em qualquer uma das partes do ensino superior irá importar.

Acontece que, em última instância, você não precisa do sinal que a faculdade vende.

Os Segredos Alternativos

  1. Esse sinal não vale o investimento comparado com o que você pode criar em outro lugar.

Todo mundo fica empolgado para te mostrar tabelas e gráficos e estatísticas sobre a correlação entre diplomas e ganhos. Nada disso importa.

Não importa porque agregados não são indivíduos e porque dados nunca podem mostrar causalidade.

O que acontece com a média de algum agregado não determina qual plano de ação é mais benéfico para um indivíduo. O proprietário médio de uma Ferrari ganha muito mais que o proprietário médio de um Volkswagen. Ninguém assume que isso significa que comprar uma Ferrari é um ótimo jeito de aumentar seu potencial de ganho financeiro.

Para o indivíduo, a questão não é se a faculdade é um bom investimento para todos os jovens na média. A questão é se você pode criar um sinal melhor com menos que quatro anos ou mais e pagamentos de cinco dígitos. Percebe-se, esse é um sarrafo bem baixo.

O diploma sinaliza que você é provavelmente um pouco acima da média para alguém da sua idade. Talvez nem isso, dada a proliferação de diplomas. Isso significa que se você está na média ou abaixo dela em habilidade, criatividade, ou ética de trabalho, o sinal do diploma talvez te ajude a conseguir um trabalho melhor do que você conseguiria sem ele.(Embora não vá te ajudar a mantê-lo.)

Se você está acima da média em habilidade, criatividade ou ética de trabalho o diploma te subestima. Ele te faz misturar-se com todas as pessoas de baixa qualidade saindo da mesma instituição. (Não só isso, a própria experiência universitária tende a incentivar hábitos que te tornam menos hábil, criativo e dedicado.)

Jovens hoje têm na ponta dos dedos ferramentas para criar sinais bem mais poderosos que credenciais institucionais genéricas. Considere o impacto de um site feito sob medida que demonstra o valor que você já criou? Melhor ainda, um site ou produto que demonstra para uma empresa o valor que você irá criar para eles?

Considere o valor de trabalhar ao lado de empreendedores de sucesso ou líderes industriais de graça ou ganhando pouco por um ano ou dois e isso se transformar num emprego de tempo integral? Empresas odeiam o processo de procura e contratação. Eles sempre prefeririam promover alguém de dentro que tenha um histórico comprovado de criação de valor. Compare o custo de baixo salário por um ano ou dois com o custo de não receber salário e um enorme débito por quatro anos.

Negócios precisam de funcionários que criem valor. Eles usam diplomas como um critério inicial para eliminar alguns do grupo de candidatos (embora até essa prática esteja diminuindo tanto para empresas grandes como pequenas), mas eles os usam somente pela ausência de um sinal melhor, mais claro, mais poderoso. Quando um desses existe, supera a credencial acadêmica. Quando você se dá conta de que tudo que eles querem é uma prova da sua habilidade de criar valor, o mundo começa a se abrir. Quantas maneiras existem de provar que você é capaz?

Não é somente sobre ser contratado. Professores são rápidos em te dizer que salário não é a única coisa que importa quando se trata de felicidade e sucesso na vida. Eles estão certos. Ainda assim, buscar o diploma como o único sinal frequentemente deixa as pessoas com dívidas que demandam ganhos relativamente altos para se honrar, cortando assim opções e oportunidades de explorar e experimentar.

Não menos importante nessas explorações está o maravilhoso e crescente mundo do empreendedorismo. É mais fácil e barato do que nunca criar seu produto ou lançar sua própria empreitada. É também cada vez mais valioso. Máquinas e software podem fazer as tarefas repetitivas. A maior adição de valor dos humanos é solução de problemas de maneira criativa e inovação.

A habilidade de viver de freelance, lançar um micro negócio, ou criar um grande empreendimento está expandindo todo dia. Não há benefício do sinal do diploma no mundo do empreendedorismo. Não há departamentos de Recursos Humanos checando currículos procurando por listas de requerimentos. Aqui, na verdade, a experiência universitária pode ser mais um dano que um benefício. Ela tende a restringir a imaginação a métodos conhecidos, restringir sua rede de contatos a pessoas da mesma idade, restringir sua flexibilidade financeira e capacidade de correr riscos, e reduzir muitos dos anos mais fáceis para tentar algo ousado quando o custo do fracasso é o menor.

Um jovem de 20 anos que lançou uma campanha no Kickstarter, criou um app, criou um site, serviu como aprendiz de um micro empresário, leu 50 livros, ou até mesmo apenas tem uma incrível presença online apresenta um sinal mais forte de potencial de criação do que alguém de 22 anos com um bacharelado e uma média de aproveitamento igual a 9.3. Sim, você pode suplementar a experiência universitária com essas outras coisas, mas as aulas e suas obrigações (não apenas de tempo, mas financeiras e familiares) ficam no caminho de liberar completamente seu potencial independente de criação de sinal.

A Revolução Real

A revolução real no ensino superior não virá de uma melhor entrega de mecanismos para aulas, ou novas plataformas para vender o mesmo sinal. Ele não será transformado por versões online do estabelecimento físico.

A real revolução parecerá tão variada quanto as pessoas nela participantes. Ela irá começar quando as pessoas entenderem os segredos do ensino superior. Quando for entendido que a faculdade está vendendo um sinal e que a sinalização da sua habilidade de criar valor pode ser feita muito melhor de inúmeras outras formas, o mundo irá florescer com métodos alternativos de levar os jovens de onde eles estão aonde eles querem chegar.

Em vez de jovens de 16, 17 e 18 anos se estressando com a entrada na faculdade, eles deveriam focar suas energias em como construir um melhor sinal. Em vez de jovens de 19, 20 e 21 anos se estressando com bacharelado e médias, eles deveriam focar suas energias em criar valor e construir maneira de prová-lo.

O que você está sinalizando?

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