Conversas

Mônica Martins
Insônia de Contos
Published in
1 min readJul 25, 2020
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Ainda lembro bem das nossas conversas, da forma como reagíamos quando nossos olhares se cruzavam, lembro da ansiedade, do medo, da alegria, do desejo, do calor, lembro bem de cada sensação. Ainda hoje é como se eu as sentisse. O olhar de admiração, carinho e desejo, que não mais lhe pertecem, mas que um dia foram totalmente seus.

Ao imaginar consigo sentir exatamente o que sentia ao esperar uma mensagem sua, consigo relembrar o emaranhado de pensamentos que habitavam meu cérebro. O quanto eu imaginava seus beijos e seus abraços e o desejo latente que só aumentava conforme os dias se passavam.

Ainda busco em minha mente onde tudo isso foi parar. Como tudo pôde simplesmente se evaporar. Qual a capacidade de obter água novamente? Como faço para preencher esse vazio dentro de mim? Como faço para sentir alguma coisa novamente ou pelo menos acreditar que algo pode ser reestruturado?

Meu olhar não é mais seu, assim como o seu não é mais para mim. Minha atenção, sua atenção estão dispersas como partículas de poeira no ar. Seus beijos são cada vez mais raro e o desejo a muito deixou de existir. E eu sempre a me perguntar, sempre tentado acreditar que aquelas conversas não se acabaram.

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