Designers, o que aprendemos com 2020?

Evilanne Brandão
Inside PicPay
Published in
11 min readDec 28, 2020

2020 chega ao final. Começar esse texto assim é correr o risco de deixar esse artigo datado e preso em um período específico da história. Mas acredito que o que relatamos poderá ser útil para a comunidade de Design — e outras áreas também — para além desse tempo.

Afinal, convenhamos, esse ano trouxe mudanças que parecem que vieram para ficar. E, para além do que veio para ficar, é bom também refletirmos sobre o que deixamos para trás e ainda o que temos a melhorar.

Esse texto é um compilado de reflexões sobre esses pontos, a partir de conversas feitas com algumas pessoas que fazem parte do time de Design do PicPay. Dividimos as citações por cada pessoa, para aproveitar e apresentar quem é, o que faz na empresa e o que gosta de fazer fora, para vocês conhecerem um pouquinho mais dessas pessoas que estão por aqui 😃

"De maneira geral, foram muitas mudanças que mostram que um time engajado e dedicado consegue se adaptar com facilidade para fazer o que precisa fazer, independente das limitações." — Alexandre Abreu

Foto do Alexandre

Alexandre Abreu

No PicPay é: Head de Design de Produto PF

Livro que recomenda: "The Making of a Manager, da fantástica Julie Zhuo. Leitura obrigatória para qualquer um
que está se aventurando no desafio de liderar pessoas, especialmente para os líderes de primeira viagem".

Sendo o designer mais antigo do PicPay, como foi presenciar esse crescimento exponencial que aconteceu no time de Design em 2020?

"É sempre uma sensação incrível. Começamos esse crescimento absurdo em 2019 e em 2020 foi maior ainda. Existem inúmeros desafios nesse tipo de super crescimento, e como alguém que já analisou um bocado o assunto, eu vejo que o maior desafio é a comunicação. Empresas que passam por isso precisam ficar atentas para que a comunicação flua muito bem, pois é assim que as pessoas se sentem fazendo parte do mesmo time e se mantém motivadas para alcançar os objetivos em comum. Manter essa comunicação fluida foi um desafio novo e interessante nesse ano de trabalho remoto.

Desafio à parte, é um privilégio muito grande passar por isso. Refleti na nossa retrospectiva do time que esse foi um ano “extraordinariamente ordinário” para mim no âmbito pessoal, dado que passei a maior parte do ano dentro da minha casa haha. Mas em compensação muita coisa mudou no trabalho, e uma das coisas mais recompensadoras foi conhecer muitas e muitas pessoas novas que passaram a fazer parte do time. Tive a oportunidade de conversar com pessoas fantásticas e trocar muitas experiências. É sempre muito bom compartilhar e absorver conhecimento com pessoas que você passa a conhecer e que passam a fazer parte do seu dia a dia."

O que surpreendeu você em 2020, como Head de Design?

"O poder de adaptação das pessoas. Começamos o ano trabalhando felizes em nosso escritório e logo tivemos que, de maneira muito repentina, passar a trabalhar de casa. Nos primeiros dias, ficamos curiosos para saber se trabalhar 100% remoto iria funcionar, já que até então essa ainda não era uma prática difundida para nós. Mas ao longo das primeiras semanas foi surpreendente ver como as coisas funcionaram bem e como o time conseguiu ser tão produtivo quanto (em alguns momentos até mais).

Sem dúvidas tivemos muitos aprendizados do que fazer e do que não fazer trabalhando totalmente de casa, e o mais importante de tudo são os aprendizados sobre como manter a saúde mental nessa rotina nova. Uma vez que fomos corrigindo pequenas práticas que não funcionavam, chegamos a um nível de adaptação surpreendente e hoje sabemos que para muitos a prática do trabalho remoto provavelmente vai continuar de maneira muito natural, dado que temos pessoas no time que até resolveram se mudar para outras cidades. É muito interessante ver soluções que surgiram por exemplo para que os designers conseguissem fazer testes de usabilidade a distância, que até então eram feitos presencialmente. De maneira geral, foram muitas mudanças que mostram que um time engajado e dedicado consegue se adaptar com facilidade para fazer o que precisa fazer, independente das limitações."

"Todos estivemos instáveis ao longo deste ano e o maior desafio que passei foi cuidar de minha saúde e me manter estável para ajudar e apoiar as pessoas dos meus times, acolhendo e inspirando a seguir independente do que viesse a acontecer a contexto mundial, do lar e da alma." — Diane Machado

Foto da Diane

Diane Cr A Machado

No PicPay é: Coordenadora do time de Product Designers dos produtos internos e do time de UX Writing.

O que mais gosta de fazer: "Sou Karateca, aikidoca, iogui, boxeadora cubana, bailarina clássica, ciclista amadora, professora, designer, gestora de projetos… Entre outras coisinhas porque afinal, posso até viver outras vidas, mas esta aqui viverei uma vez só rs"

Quais práticas de 2020 você quer levar para 2021 e quais não quer levar?

“Este ano de 2020 foi fundamental pra eu entender (com cada célula do meu corpo) que não dá pra viver afastado de nossos valores e princípios. Foi assim que, com muita reflexão, tomei a decisão de viver todas as áreas da minha vida de acordo com os meus.

Com esta consciência, caminhei ao longo do ano posicionando tudo ao meu redor: carreira, família, amigos, saúde, relacionamento conjugal. E o mais marcante nisso é como tudo passa a fluir bem, fluir leve quando realmente está alinhado com a nossa essência em ser e exercer a nossa verdade. Certamente levarei esta consciência em tudo que eu escolher construir ao longo de 2021 e na minha vida.

Assim, cheia de gratidão, deixo em 2020 todos os meus comportamentos que me levaram a questionar quem eu realmente era; tudo aquilo que me impedia de colocar no mundo o meu modo de servir às pessoas, me expressar e me relacionar.

Um dos lemas de todo karateca é o de “Respeitar acima de tudo” e, apesar de estar há 28 anos dentro do caminho do samurai vivendo este lema, foi apenas neste ano de 2020 em que pude aprender que antes mesmo de respeitar todos os seres sempre, deveria respeitar a mim mesma acima de tudo.”

Nesse ano, você percebeu ou teve que fazer alguma mudança na sua atuação como líder?

"Todos estivemos instáveis ao longo deste ano e o maior desafio que passei foi cuidar de minha saúde e me manter estável para ajudar e apoiar as pessoas dos meus times, acolhendo e inspirando a seguir independente do que viesse a acontecer a contexto mundial, do lar e da alma.

Com isso, eu desenvolvi um novo formato de (me) liderar que vem dando muito certo, estou chamando carinhosamente de Alta Performance Compassiva. Um método, um estilo de vida, algo que me ajuda a entregar muitos resultados sincronizando minhas produções ao meu nível de energia ao longo dos dias e noites, dias e noites, dias e… noites, enfim, dentro deste looping que estamos vivendo.

Sempre tive dúvidas se este novo processo poderia ser transmitido aos profissionais dos meus times, se funcionaria com processos criativos, se não nos perderíamos dentro de uma liberdade que jamais fora provada mas… voilá, não é que vem dando certo!

Influenciando as profissionais dos meus times, meus pares e líderes a expandirmos todo nosso potencial singular para o crescimento do coletivo, me percebo seguindo numa constante revisão e reequilíbrio mental para cada vez mais ser quem sou. Assim, reverencio a bela surpresa que surge diante de mim ao perceber que estamos cada vez mais exercendo nossa autenticidade perante nossas responsabilidades, em todas as áreas de nossas vidas. E me sinto grata em fazer parte deste TODO a qual pertencemos que é muito maior do que a soma das partes."

"Quando as pontas do Design se juntam com colaboração, ganhamos consistência, escala, economia de tempo e ampliamos a força da nossa tribo de design." — Will Matos

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Will Matos

No PicPay é: Designer, atuando com Design System e Ops

Algo que gosta de fazer fora do trabalho: Karaokê

Um filme que recomenda: A vastidão da noite.

O que foi mais desafiador para você na atuação como Design System Ops nesse ano?

"Estruturar os processos do Design System e compreender o que é DesignOps no PicPay. Com o time de Design crescendo, tivemos muitos momentos de interação, apresentação e crescimento dentro dos times. Apesar de termos uma base para operações de design, estimulamos uma mentalidade de colaboração e os processos são naturalmente tratados. Quando as pontas do Design se juntam com colaboração, ganhamos consistência, escala, economia de tempo e ampliamos a força da nossa tribo de design."

Qual foi o aprendizado mais marcante desse ano? Quais práticas de 2020 você quer levar para 2021 e quais não quer levar?

"[O aprendizado foi sobre a] importância de encontrar positividade a frente desse ano complicado. Continuar ajudando pessoas e animais com doações e deixar de ir dormir muito tarde."

"Tomar decisões de maneira rápida e pensar de maneira muito mais estratégica. […] É um constante aprendizado" — Katherinne Rodrigues

Foto da Katherinne

Katherinne Rodrigues

No PicPay é: Product Designer

O que gosta de fazer: "Em tempos sem pandemia: beber cerveja na calçada/rua com muito sol. Em pandemia: cozinhar. Eu já gostava antes, então agora virou rotina"

Uma série que recomenda: Dear White People

Qual prática que você mais aprimorou no seu processo de Design que levará para os anos seguintes?

"Tomar decisões de maneira rápida e pensar de maneira muito mais estratégica. O PicPay cresce muito rápido, então tudo aqui é muito rápido! É um constante aprendizado."

O que foi mais desafiador para você na atuação como Product Designer nesse ano?

"Entender que reunião também é trabalho. Como designer me frustrei muitas vezes no final do dia achando que por não ter mexido no Figma não foi produtivo. Até hoje me pego às vezes pensando “Não fiz nada hoje”. Acho que é o mal de uma boa parte dos designers, né?"

Qual característica sua mais te ajudou em 2020?

"Perseverança. Se eu não sabia, fui aprender."

“O trabalho colaborativo, em um momento de caos, me surpreendeu bastante. Acredito que esse é o futuro e a chave para fazer crescer nossa atuação como profissionais da escrita em design.” — Michelle Ferraz

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Michelle Ferraz

No PicPay é: UX Writer

O que recomenda pra assistir: "Uma série que me marcou em 2020 e acho que todos deveriam assistir é a I May Destroy You. Mas também queria indicar o documentário AmarElo, do Emicida."

O que foi mais desafiador para você na atuação como UX Writer nesse ano?

"Como Writer, eu gosto de conversar e de me aprofundar em pesquisas e hipóteses para ver elas se tornando palavras e textos e acho que o mais desafiador desse ano, foi precisar construir uma nova rotina e dela, uma nova forma de atuar, sem deixar de lado as boas práticas e premissas que carregamos como profissionais de UX Writing. Outra coisa que sempre falo é que como UX Writer, uma das minhas principais funções é estudar e continuar estudando, e esse ano foi bem desafiador no sentido de conseguir manter uma rotina de estudos — mas sem cobranças aqui, um dia de cada vez."

O que surpreendeu você em 2020, como UX Writer?

"O trabalho colaborativo em um momento de caos, me surpreendeu bastante. Acredito que esse é o futuro e a chave para fazer crescer nossa atuação como profissionais da escrita em design. Acho que a maioria já sabe o quanto as comunidades e as trocas com outros profissionais da mesma área fazem a diferença, mas esse ano, para mim, mostrou o quanto é essencial trocarmos vivências e compartilharmos experiências. É o que fica de 2020 e o que quero continuar praticando."

Qual foi o aprendizado mais marcante?

"Como seres pensantes, precisamos nos comunicar o tempo inteiro. Antes, eu pensava que o ato de construir e comunicar em conjunto, só era realmente efetivo, quando estávamos todos presentes no mesmo local, fazendo dinâmicas presenciais e sentando na mesa da colega para tirar uma dúvida. Mas aí veio a pandemia, um novo trabalho, nova empresa, novos colegas, e me vejo construindo e comunicando em conjunto com pessoas incríveis, todos os dias, sem nem conhecer elas pessoalmente. Acho que esse foi o maior aprendizado: estar e se fazer estar junto para construir e comunicar, independente do espaço físico."

“[…] eu, mesmo no papel de pesquisadora, também estava sendo afetada pela pandemia, muitos dos problemas e aflições passados pelos usuários me afligiam também. Foi necessário ter um cuidado redobrado ao conversar com essas pessoas, com muita sensibilidade que o momento pedia.” — Aline Vieira

Foto da Aline

Aline Vieira

No PicPay é: User Researcher

Algo que gosta de fazer, fora do trabalho: "Tudo que envolve trabalho manual, mini reformas, mexer com marcenaria e artesanato"

Um podcast que recomenda: "Mupoca e GugaCast salvaram minha quarentena, intercalados é claro com maratonas do [reality show] RuPaul's Drag Race"

O que foi mais desafiador para você na atuação como UX Researcher nesse ano?

"Por estar muito perto dos usuários ouvindo suas dores e necessidades, foi inevitável ao longo do ano ouvir muitos relatos difíceis de pessoas afetadas pela pandemia, pessoas que perderam o emprego, tiveram suas rendas reduzidas, que estavam preocupadas ou estavam sendo impactadas de diferentes formas pelo que aconteceu ao longo desse ano, e acho que o mais específico desse contexto é que eu, mesmo no papel de pesquisadora, também estava sendo afetada pela pandemia, muitos dos problemas e aflições passados pelos usuários me afligiam também. Foi necessário ter um cuidado redobrado ao conversar com essas pessoas, com muita sensibilidade que o momento pedia."

O que surpreendeu você em 2020, como UX Researcher?

"Foi 'me descobrir' como mentora, algo que começou aqui no PicPay e também hoje acontece em outros lugares, no qual dando um suporte para outras áreas fazerem pesquisas também, pude exercitar minha habilidade de didática, em passar e ajudar outras pessoas a também chegarem nos seus objetivos através de processo e técnicas que eu aprendi, e anteriormente praticava sozinha ou com outros pesquisadores. Fazendo isso consegui ver pontos a melhorar, pensar maneiras de facilitar coisas que eu fazia para que as outras pessoas também conseguissem executar, descomplicar processos e técnicas e compartilhar aprendizado foi muito gratificante. Cada mensagem de retorno de alguém falando: “Ei, valeu! entendi e agora consigo fazer” me motivava e alegrava demais meu homeoffice solitário."

Bem, esses foram os destaques que fiz das conversas que aconteceram de forma assíncrona via chat com cada uma dessas pessoas incríveis 😃

Falando do meu ponto de vista, eu, Evilanne, comecei a atuar como Product Designer no PicPay no cenário da pandemia, logo não conheço presencialmente nenhuma das pessoas que aqui pude apresentar para vocês. Apesar disso, a oportunidade de compartilhar suas vivências e aprendizados desse ano foi um exercício valioso para mim 💚

Aproveito para agradecer novamente a cada uma dessas pessoas por separarem um momento das agendas tão cheias de final de ano para responder às perguntas. E também ao Victor Albuquerque, quem me ajudou desde o comecinho a organizar esse texto, pensar nas perguntas e a revisar.

A todas, todos e todes: que 2021 seja mais leve e que venha cheio de maravilhas e mais aprendizados! ✨

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