O olhar estratégico em design de produto — por Igor Torrente e Mariana Cantuaria
Igor: “O design vai além da arte; é também estratégia (e muita!). Hoje, as pessoas de design que atuam ao meu lado podem mergulhar nos objetivos de negócio, compreender as limitações tecnológicas e navegar pelas complexidades do comportamento humano. Ao fazer isso, elas ajudam a moldar produtos que não apenas atendem às necessidades do usuário, mas que também são viáveis e rentáveis para o PicPay.”
Quando pensamos em estratégia do produto, muitas vezes o design não está integrado a tomadas de decisão e direcionadores, vindo apenas para empacotar e embelezar uma solução. Todavia, o design vai muito além da estética. Ele é uma peça-chave em decisões que definem o sucesso de um produto no mercado.
O design nas empresas precisa ser estratégico e funcionar como uma bússola para o negócio, conectando tendências e projeções de futuro no entendimento das necessidades e anseios das pessoas e traduzi-los em características tangíveis, atributos e caminhos. Em outras palavras, o design não é apenas sobre como o produto pode ser bonito e moderno, mas sobre como funciona e se encaixa na vida das pessoas.
Mariana: “É muito importante, para quem é designer, perceber que o time em que trabalha tem uma mentalidade direcionada a pensar no mercado, produto e possibilidades de futuros envolvendo e dando vez e voz para o design mostrar o seu papel na construção de narrativas estratégicas. É interessante notar que a pessoa de produto é indispensável para trazer dados, direcional e clareza para os designers, e isso acontece com muitas trocas, conversas, processos de descoberta e liberdade para sugerir caminhos.”
Por isso, juntos, queremos compartilhar 8 pontos que observamos em nosso dia a dia de trabalho e que fomentam uma cultura de design estratégico:
1) Conscientização do que um time de design pode fazer pelo produto:
A mudança começa com a educação. Todos precisam entender o que é o design estratégico e como ele pode beneficiar o negócio. Workshops, sessões de treinamento e conversas pontuais com o time são o pontapé para estabelecer uma linguagem comum e expor o valor agregado pelo design estratégico. Onde atualmente trabalhamos, temos pessoas de design que são ou estão recebendo formação para serem facilitadoras, ou seja, agentes de transformação que têm a missão de conduzir a equipe ao longo dos desafios que vamos enfrentar com o nosso produto.
2) O defensor:
Para que o design seja parte da estratégia de negócios, ele precisa de um defensor no nível executivo. Isso significa ter líderes que não só entendam de design, mas que também possam articular sua importância para influenciar decisões e para o sucesso do negócio.
3) Colaboração:
O design estratégico prospera na interseção de diferentes disciplinas. Parece clichê, mas percebemos que equipes multidisciplinares, que incluam designers, pessoas de produto, desenvolvedores, especialistas em marketing e outros stakeholders, funcionam sim! A diversidade não só de perfis técnicos, mas também das diversas regionalidades que temos em nossa unidade de negócio, permite que diferentes perspectivas enriqueçam o processo criativo.
4) Integração de processos:
Integre o design aos processos de negócio da organização. Hoje, nossos designers são incluídos, por exemplo, em reuniões de planejamento estratégico. Também, são responsáveis por pesquisas e precisam estar perto das pessoas de dados. Só assim, garantimos que tenham um papel na definição dos nossos objetivos e indicadores.
5) Foco no usuário:
Pergunte para as pessoas certas. Isso significa escolher quem deve avaliar cada etapa junto com a gente, ir além das suposições e, realmente, entender as necessidades, desejos e comportamentos por meio de pesquisas, entrevistas e testes.
6) Iteração:
Em nossa unidade de negócio no PicPay, temos uma cultura que valoriza a prototipagem rápida e a iteração. Vale muito a pena encorajar a equipe a testar ideias, aprender com os erros e fazer melhorias contínuas. Isso permite uma adaptação rápida às mudanças do mercado e aos feedbacks dos nossos usuários.
7) Espaço para inovar:
É importante disponibilizar espaço e tempo para a equipe explorar novas ideias. Isso pode ser com hackathons, tempo dedicado à pesquisa pessoal e/ou outros projetos. Esses espaços são incubadoras para soluções inovadoras e ajudam a fomentar uma mentalidade de design estratégico.
8) Comunicação:
Promova uma comunicação aberta. Isso não significa apenas falar sobre sucessos, mas também sobre falhas e lições aprendidas. Uma comunicação transparente ajuda o time a criar confiança e promove um ambiente onde boas ideias nascem.
A gente sabe que nenhum cenário é perfeito. Somos bons em alguns pontos, mas, em outros, ainda temos muito a melhorar. Juntos, temos conversado bastante sobre esse tema para ter um produto que responda às nossas expectativas e às dos usuários. Mas, sem o comprometimento de todos, não é possível utilizar o design estratégico como força motriz para a inovação.
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