Por que o PicPay Assinou o #ManifestoTech?

Por Phil Calçado

Olá!

Antes de mais nada, gostaria de apresentar para vocês, afinal sou novo por aqui! 😃 Meu nome é Phil Calçado, e desde janeiro deste ano eu sou o novo CTO (Chief Technology Officer) Global do PicPay. Você certamente conhece o PicPay como o maior app de pagamentos do Brasil e, que está sempre inovando quando o assunto é facilitar a relação que as pessoas têm com dinheiro. Talvez seu primeiro contato com nossa plataforma tenha sido por sermos pioneiros em pagamentos digitais, quase dez anos antes do PIX existir, ou ainda você o tenha conhecido mais recentemente ao utilizá-lo como sua carteira digital e claro, ao usufruir de incríveis oportunidades de cashback e outros produtos financeiros.

O Inside PicPay, este blog, é o nosso espaço para falar não só do produto em si, mas sobre tudo que rola nos bastidores. Sobre os desafios e aprendizados de nossas equipes de Engenharia, Produto e Design. Algo que todos aprendem após alguns anos nessa área é que o maior desafio nunca é técnico. Por mais interessante que seja a arquitetura e tecnologias que construímos para entregar uma plataforma que atende mais de 60 milhões de usuários e mais de 6.8 bilhões de transações financeiras por mês, o maior desafio de qualquer empresa é sempre montar um time diverso e com tudo que precisa para ser eficaz e eficiente.

Um fenômeno que impacta a nós e a todas as outras empresas de tecnologia é a escassez de profissionais. Hoje em dia, toda empresa é uma empresa de tecnologia. Isso gera uma enorme demanda por pessoas desenvolvedoras, que aliada a fatores externos como a situação cambial e os efeitos da pandemia, complicam o cenário de gestão de talentos para as empresas nacionais. Também é sabido que existe uma maior receptividade das gerações mais novas a serem contratados como prestadores de serviço sem benefícios que uma relação formal de emprego oferece.

O mercado Tech, está em constante transformação. Após quase duas décadas nessa indústria, aprendi que por mais que não possamos prever como o mercado de tecnologia estará daqui há 10 anos, eu posso garantir que será diferente do cenário atual. E se esta é a realidade que vivemos, é nosso papel nos adaptarmos e evoluirmos.

Como praticantes de engenharia, nosso papel é achar soluções dentro das limitações impostas pelo mundo real. Como quem trabalha no PicPay me ouve falar todo santo dia, se você quer construir um avião você não pode simplesmente fingir que a Lei da Gravidade não existe.

Montando uma Estratégia de Pessoal

Qualquer um que passe quinze minutos na famosa “bolha dev” no Twitter ou em outra rede social, logo percebe que essa história tem dois lados. Assim como pessoas mais experientes são escassas, pessoas que entraram na indústria há pouco tempo não só existem em maior número, bem como estão ativamente à procura de oportunidades.

Neste cenário, a primeira reação de empresas que, como nós, estão incessantemente à procura de novos talentos para evoluir seus produtos, pode ser simplesmente contratar o maior número de pessoas menos experientes possível. E esta não é uma ideia nova. Quando entrei na indústria, bem no fim da primeira bolha da Internet, isso era muito comum. Startups, consultorias e até empresas tradicionais contratavam qualquer pessoa que soubesse a diferença entre teclado e mouse — incluindo este que vos escreve.

É fácil adivinhar o resultado dessa movimentação. Eu mesmo, com apenas um ano de experiência, era o principal arquiteto do produto mais importante da minha empresa, um gerenciador de conteúdo utilizado por boa parte das maiores empresas do país. Se você olhasse detrás dos panos veria que o produto era composto por um infinito número de arquivos em ASP 3.0 duplicados para cada cliente, e o deploy era feito em compartilhamento SMB do Windows, utilizando Microsoft Access como banco de dados. Controle de versão? Que controle de versão?! 🙃

Basicamente o único motivo das coisas “meio” que funcionarem na época da bolha, era porque na Internet só haviam meia dúzia de pessoas e o eventual gato andando pelo teclado do dono desavisado.

Como não repetir os mesmos erros desta vez? Eu acredito firmemente que o problema é ver isso como um desafio apenas de recrutamento. Para mim, recrutamento é apenas um componente de uma estratégia de pessoas, que envolve não só recrutar, mas também como criar processos, plataformas e sistemas de suporte, que façam as pessoas que você contratar eficientes e alinhadas com os objetivos da empresa. A estratégia une o “quem” com o “o quê” através do “como”.

O #ManifestoTech

Cada organização tem seus objetivos e limitações, logo não há uma estratégia de tamanho único que servirá para todas. Aqui no PicPay, nós começamos a desenhar nossa estratégia no início do ano, e estamos em processo de implementação. Ela está pautada em desde discussões sobre tecnologias e técnicas nas quais apostamos, até sobre como continuamos construindo times diversos que não só representam a comunidade que servimos bem, como nos dá acesso a ideias e soluções que um grupo homogêneo nunca sequer pensariam.

Uma das ações que tomamos foi nos unir a outros membros da indústria nacional — empresas de todos os tipos, incluindo fornecedores, e até concorrentes nossos — em redigir e assinar o que eventualmente virou o ManifestoTech.org. O principal componente do manifesto é uma lista simples e curta de princípios que os signatários entendem ser valores que já são e continuarão sendo bem sucedidos no mercado atual:

• Contratar pessoas em desenvolvimento, e não só as experientes.
• Promover cultura de crescimento com aprendizado contínuo.
• Habilitar essas pessoas a entregarem valor em projetos reais.

Enquanto essa lista pode ser radical para alguns, para muitos não há nenhuma novidade. E nem é pra ter. Desde o Manifesto Ágil, este formato é utilizado para sintetizar os valores e princípios centrais de práticas já utilizadas de maneira bem sucedida na indústria. Por vezes esss práticas podem parecer diferentes ou até antagônicas entre si. O papel do manifesto é remover o ruído causado por detalhes de implementação e focar no cerne da idéia, por exemplo como Scrum, Kanban e Extreme Programming são implementações diferentes do Manifesto Ágil.

Estes são alguns dos princípios que norteiam a estratégia que estamos implementando no PicPay, e os consideramos tão fundamentais que nos sentimos no dever de ajudar a codificá-los e divulgá-los para a indústria de tecnologia no Brasil como um todo. Como pode-se imaginar há outros componentes de nossa estratégia mais específicos para a nossa realidade ou que consideramos parte da nossa vantagem competitiva e por isso, manteremos confidenciais.

Próximos Passos

O Manifesto Tech é um dos primeiros passos, uma declaração formal para todas as pessoas, dentro e fora da empresa, de que nós estamos com destino à essa direção.

É importante entender o tamanho do desafio. O PicPay completará dez anos em setembro deste ano, com 3.600 colaboradores dos quais 40% lidam diretamente com desenvolvimento e operação de sistemas. Por mais que as coisas por aqui se movimentem na velocidade da Internet, mudar o rumo de um transatlântico não é algo que se faz da noite para o dia.

Além do plano de implementação desta estratégia que construímos internamente, o feedback da comunidade de tecnologia é extremamente importante para que nós possamos identificar pontos que havíamos erroneamente ignorado, ou coisas que estão no nosso plano mas que deveriam ser olhados com mais urgência. Por exemplo, muitas pessoas nos apontaram vagas em nossa página de oportunidades que foram abertas muito antes do manifesto e não estavam de acordo com os princípios, nos dando uma oportunidade de corrigir nosso curso imediatamente.

Exatamente como ocorre com software de código aberto, expor nosso trabalho para a comunidade faz com que milhares de pessoas nos ajudem a identificar e corrigir bugs na nossa implementação. Por isso, ser mais abertos com relação a nossas ideias e aprendizados é parte fundamental desta estratégia que tanto falamos. Nas próximas semanas e meses continuaremos usando este blog, nossa presença em eventos e redes sociais, para manter a comunidade de tecnologia atualizada sobre as lições aprendidas ao longo de nossa jornada.

Até lá! ✨💚