Dia Internacional da Mulher #showmetheladies

Mariana Lazaro
Inside SumUp
Published in
3 min readMar 8, 2021
Mariana Lazaro — CFO SumUp Latam

Eu tenho um provérbio que sempre uso para minha vida pessoal: a mulher que não ajuda a mulher tem um lugar especial no inferno. Provérbio duro e contundente, mas necessário para desconstruir todos os mitos e, talvez, realidades em alguns casos nos quais a competição feminina ocupa o lugar da solidariedade mútua.

A primeira vez que sentei com o meu time, vi uma equipe generalista, mas formada somente por homens. Diante disso, ficou claro que o meu primeiro desafio seria formar um grupo forte, com especialistas e, acima de tudo, com uma diversidade maior.

Sabia que tinha um desafio pela frente: montar um time completo de finanças, com as áreas da Tesouraria, Imposto, Capital Market e Legal. Eu tinha que montá-lo e trazer diversidade em uma área masculina. Eram os setores que levariam a equipe para um outro patamar. Foram mais de 100 entrevistas, momentos em que eu lutava muito para ter 50% de participação feminina nas vagas.

Outro desafio do qual estava ciente, era de que trazer mulheres para o time seria um desafio pessoal porque, como mulher, conhecia minhas dificuldades e inseguranças. Nessa experiência e a partir de tal ponto de vista, percebi que, majoritariamente, mulheres se posicionam de maneira mais vulnerável em entrevistas. A seguir, enumerei pontos relevantes sobre entrevistas que realizei. Não vou mencionar estatísticas, mas apontarei atitudes que se repetiam:

  1. Mulheres entram na maioria das entrevistas e destacam algum aspecto negativo sobre elas mesmas: SEMPRE há uma pontuação sobre o que essas profissionais não sabem.
  2. A maioria delas nas entrevistas falaram sobre o meu currículo e, nesse sentido, todas perguntavam como foi estudar no MIT.
  3. Um fato interessante: mulheres apontavam que nunca tinham trabalhado com uma mulher que estudou no MBA do MIT.
  4. O posicionamento nas entrevistas chamava a atenção: várias chegavam e sentavam à mesa no canto, nunca na cabeça. Eu sempre servia o cafezinho a todas para ajudá-las no preparo.
  5. Por outro lado, alguns dos entrevistados chegavam a perguntar se eles reportariam para o CFO Global, deixando implícito que essa era uma necessidade para eles.
  6. Já as mulheres perguntavam e sabiam muito sobre a SumUp e sua cultura empresarial, mas, ao mesmo tempo, sempre falavam que não conheciam sobre o negócio da SumUp.
  7. Em geral, as mulheres negociavam menos com relação ao salário.

Eu prestava muita atenção nas entrevistas e, em algumas, saía triste porque ficava claro o motivo pelo qual não estamos chegando aos cargos de liderança. Por outro lado, era cada vez mais evidente que a mulher líder tem que insistir em trazer outras. Sabemos as dificuldades, conhecemos as vulnerabilidades, portanto, é necessário lutar pela presença feminina nas equipes. Nesse sentido, como podemos fazer para mudar isso? Ou melhor, como fazemos para ficar com os pontos bons, mas jogar fora os que nos apequenam? Como nos sentir “grandes”, bater no peito e dizer: “Eu sei!”? Como podemos fazer para realmente abraçar a nossa autoconfiança?

Foi justamente isso que trabalhei nas entrevistas com cada uma das líderes mulheres que trouxe para o meu time. Perguntava sobre as conquistas, sobre por que escolheram entrar em finanças. Questionava também sobre as grandes conquistas na carreira sem focar nos pontos fracos e fracassos ou grandes desafios, em busca de um olhar único para cada candidata. Em meio a mais de 100 conversas, tive como resultados muito aprendizado de minha parte e o principal: depois de dois anos, tenho orgulho de falar que tenho um time de oito pessoas, com quatro líderes mulheres!

Olha o meu time: (da esquerda para a direita) Mariana, Lilian, Katia, eu e Evelyn. Que orgulho! Sem vocês, nossas conquistas não seriam possíveis!

E vocês, homens e mulheres líderes do mundo corporativo, mostrem uma foto do seu time! #showmetheladies

Importante: ainda existe muito espaço para tornar esta e outras equipes, além da liderança da SumUp, ainda mais diversa e nosso foco é, cada vez mais, incluir diferentes grupos sub-representados em nossa organização.

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