Minha jornada como Gerente de Engenharia

Um dos aspectos mais importantes que aprendi ao longo da minha carreira é que eu não devo delegar a responsabilidade sobre ela a terceiros, sejam empresas ou pessoas. Estar no controle da sua carreira é sobre compreender o que você quer, como quer e buscar as oportunidades que vão colaborar para que sua jornada aconteça.

Dentro da SumUp, uma das coisas que mais me enchem os olhos é que eu consigo colocar tudo isso em prática. Hoje eu estou como Gerente de Engenharia, dentro de um caminho de carreira de liderança, mas quando cheguei na SumUp, eu estava no caminho de especialidade, como Engenheiro de Software Especialista. Em muitas empresas esse movimento ainda se faz necessário mesmo quando a pessoa não quer. Seja por um sentimento de “evolução” na carreira, ou, o mais comum de se ver, evolução em remuneração. Já no meu caso atual foi o completo oposto, mas antes de continuar, um pouco de história.

Como eu cheguei até aqui

Comecei a trabalhar com engenharia de software em 2006, ainda como estagiário. Passei os próximos 10 anos evoluindo na carreira, trilhando os caminhos básicos de júnior, pleno e sênior. Em 2016 me foi estendida a primeira oportunidade de estar em um papel de liderança. Naquele momento eu decidi aceitar, muito porque eu estava em um contexto onde não havia outro caminho a não ser aquele para ter o sentimento de “evolução” que mencionei anteriormente e, obviamente, também conseguir avanços financeiros.

A experiência não foi nada boa. A cultura de liderança que eu tinha em volta não era saudável, ao meu ver. Havia muita relação de poder entre o líder e o liderado e relações de poder levam ao temor. E eu não gosto de estar na posição de ser temido.

Alguns burnouts depois, decidi mudar de emprego e que não seria mais para um papel de liderança. Decidi voltar ao papel de Engenheiro e focar no meu desenvolvimento técnico. Mas isso foi mudando com o passar do tempo. Experimentei uma empresa onde as relações de liderança tinham um foco muito diferente do que tive na anterior e quando cheguei na SumUp, decidi após alguns meses que era o momento de tentar de novo. E daqui para frente vou entrar em detalhes de porque esta foi uma decisão da qual estou muito satisfeito.

Impacto e entrega

Gerentes de Engenharia na SumUp tem responsabilidade direta em garantir o fluxo de entregas de sua ou suas squads. Garantir que os processos estejam alinhados com as pessoas da squad e que elas possam se sentir empoderadas e autônomas para realizar as tarefas do seu dia a dia é fundamental para que as entregas aconteçam.

Com isso, é fundamental que a pessoa no papel não esteja distante do time no dia a dia, sempre esteja presente em cerimônias e participe de discussões assíncronas para poder identificar quaisquer bloqueios que requerem ação imediata para ajudar o time a continuar tomando boas decisões. E esse ponto é muito importante de se ressaltar — raramente devem ser as pessoas no papel de liderança que devem tomar decisões unilaterais, mas sim se colocarem na posição de facilitadoras e que desafiam o time para que as pessoas encontrem o melhor caminho a seguir.

Ser uma pessoa colaborativa com as outras que não estão em um contexto de engenharia (por ex., Gerentes de Produto, Designers, pessoas de áreas operacionais etc.) é também vital para impacto em entregas, uma vez que isso habilita uma maior visibilidade e transparência com o restante do time. Dessa forma, fica mais fácil compreender os domínios da squad e como eles se relacionam com os domínios de outras, além de permitir definições de roadmap muito mais afinadas junto com o time.

Por fim, sempre ser a pessoa a puxar as celebrações pelas conquistas, sejam elas grandes, ou pequenas, para que o time se sinta devidamente reconhecido pelas entregas. Já no caso de falhas, ser a pessoa guardiã da manutenção de um lugar seguro para que todos os erros e aprendizados possam ser expostos francamente e sem apontamento de culpa.

Habilidades de time e liderança

Algo que aprendi ao longo da minha trajetória é que, independente de por qual caminho a pessoa quer seguir, se “lidar com outras pessoas” for uma grande dificuldade para ela, barreiras e dificuldades serão encontradas. Em um trajeto de liderança, então, ter essa característica o torna praticamente impossível. E eu pude conhecer nesses 16 anos muitas pessoas em papéis de liderança que tinham pouca ou nenhuma habilidade para liderar outras.

É por isso que na SumUp essa característica é requisito. Conseguir guiar, desenvolver, se importar verdadeiramente e desafiar as outras pessoas em uma medida respeitável é fundamental para conseguir ter bons relacionamentos, manter a saúde mental das pessoas em dia e permitir que times surjam a partir de pessoas fortes e engajadas com o propósito. Manter em prática a identificação das aspirações de carreira de cada pessoa, encontrar dentro da empresa os melhores caminhos para que ela possa se desenvolver, com planejamento e acompanhamento recorrente através de 1:1s, provendo feedbacks positivos ou para desenvolvimento, é o que faz das pessoas que lideram um sucesso.

Mas não é só com as pessoas que já estão dentro dos times que as lideranças precisam se preocupar. Em empresas como a SumUp, que estão sempre crescendo, novas oportunidades de criação de times estão sempre surgindo. Por isso, usar o tempo para participar de recrutamento e ser exemplo para as outras pessoas em como manter essa cultura forte também é responsabilidade de uma pessoa líder. Trabalhar em conjunto com os times de recrutamento e seleção, participar na definição de etapas, identificação de novas vagas, ter bem em mente os valores da SumUp para contratar as pessoas certas e, claro, entrevistar pessoas são expectativas de qualquer Gerente de Engenharia.

Especialidade

Uma pessoa Gerente de Engenharia na SumUp também passa longe de ser aquela gerente “clássica” em tecnologia, do comando e controle, que olha apenas para prazo, custo e escopo e que apenas entrega e-mails, relatórios e Gantt charts. Além de todas as características já mencionadas anteriormente, pessoas Gerentes de Engenharia na SumUp tem, antes de tudo, um background muito forte como pessoas Engenheiras de Software. Entendemos que não é possível para uma liderança de engenharia colaborar em todos os aspectos que permeiam o dia a dia de pessoas engenheiras sem já ter enfrentado as mesmas dificuldades e aprendizados.

É comum observar Gerentes de Engenharia criando e revisando Pull Requests, presentes em discussões onde o foco é solucionar problemas puramente técnicos e também propondo melhorias e avanços para uma melhor cultura de engenharia. Claro que, com todas as outras atribuições, nem sempre uma pessoa líder vai passar a maior parte do seu tempo imerso em código. Entretanto, por ainda ter essa prática incentivada e esperada, as nossas habilidades técnicas não enferrujam e o time sempre pode enxergar em nós uma pessoa em quem se pode contar quando houver a necessidade de arregaçar as mangas e fazer a coisa acontecer.

E o que aprendi?

Talvez o maior aprendizado não foi nem algo que eu já não tinha conhecimento, mas “conhecer sua audiência” foi muito amplificado ao longo desse período. Quando passei a estar como Gerente de Engenharia, algumas das pessoas que eu passei a liderar, muito embora já conhecidas, não eram próximas. E isso torna as primeiras 1:1s grandes incógnitas sobre como se adaptar às necessidades de conversa com cada pessoa. Todavia, partindo com a intenção certa, sabendo o que perguntar e, principalmente, ouvir e se importar genuinamente com o que a outra pessoa tem a dizer, é a forma certa de criar bons relacionamentos e é o que me fazer poder dizer que hoje, 1:1s já soam na maior parte do tempo como uma conversa entre amigos.

Confiar na autonomia do time também foi um aspecto em que senti que melhorei bastante. Em experiências anteriores houveram casos onde eu poderia muito delegar responsabilidades e deixar as pessoa mais “soltas” para resolverem os problemas por si só, mas eu acabava me envolvendo muito mais do que devia. Já no meu contexto atual, sinto plena confiança nos times que atualmente lidero, tanto de que as pessoas vão conseguir executar com a devida autonomia, quanto que irão me procurar por ajuda quando preciso. E, como mencionado anteriormente, manter-me próximo do time, sempre presente em cerimônias, faz com que eu sempre esteja em dia com o andamento do roadmap, sem precisar recorrer a práticas de cobrança e microgestão.

No mais, poder aprender de perto a lidar com a parte estratégica do negócio tem sido muito enriquecedor. Quando eu estava em um papel puramente técnico, era fácil me questionar de porque alguns direcionamentos são tomados, assim como decisões executivas. Mas a verdade é que isso não é nada fácil. A imprevisibilidade é exponencialmente maior do que a de fazer um deployment sensível em produção. E trazer todo meu viés técnico para alinhar o negócio e a tecnologia, de forma que essa barreira cada vez seja menos relevante para todos os outros papéis, é um propósito a seguir que me deixa muito satisfeito.

Concluindo…

No papel de Gerente de Engenharia na SumUp eu me sinto muito satisfeito com o meu dia a dia. Eu tenho a liberdade de fazer algo que me agrada como líder, que envolve influenciar e desenvolver pessoas e também melhorar minhas habilidades estratégicas, podendo olhar para o negócio como um todo. Por outro lado, eu também consigo me manter muito próximo da tecnologia e dos problemas do dia a dia, não me sentindo enferrujando e também me sentindo bem de poder estar perto do código.

Com esse cenário, fico com a certeza de que essa relação é proveitosa tanto para mim, quanto para minha squad e tribo e também para a SumUp, pois eu posso cada vez mais aliar o negócio à tecnologia e continuar cultivando uma cultura forte e saudável e entregando produtos com propósito e, principalmente, que beneficiam pessoas de verdade.

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