O que tem em comum uma mãe, a quarentena e Darwin.
Primeiro, vou me apresentar. Sou a Nanda Boccatto, mãe e brand designer na SumUp (nessa ordem). Tenho 2 filhos pequenos — de 6 e 3 anos — e por conta da quarentena, estou vivenciando pela primeira vez como é ser mãe e trabalhar, tudo junto e ao mesmo tempo.
Então, pra ser bem sincera, ser mãe na quarentena está sendo uma loucura. E das boas. Sinto que estamos vivendo aquela máxima de Darwin, onde sobrevive quem se adapta melhor. E acredite em mim quando digo que só hoje, posso dizer que aprender a desapegar de quase tudo que sabíamos e fazíamos e adaptar tudo isso é o que está funcionando pra descobrirmos o nosso “modus operandi” de trabalho vs. criação dos filhos.
A gente tem que se reinventar todos os dias. Aprender a trabalhar esse poder de adaptação (talvez eterno). Temos que ser criativos (aliás, como uma profissional da criatividade, nada melhor do que praticar a criação com crianças, esses seres evoluídos). Aprender a se conhecer e conhecer um ao outro. E, principalmente, a se reconhecer.
E nem tudo são flores, não. O dia é uma montanha-russa de sentimentos pra todos na casa. Afinal, somos quatro pessoas diferentes num lugar só, o tempo todo. E não foi rápida a nossa primeira adaptação. No começo, mesclar reuniões e pensar criativamente além de ter que dar atenção às crianças parecia arroz e feijão com macarrão: não se misturam. Tentei inserir rotinas programadas, dessas do Instagram, sabe? E não pegou. Até descobrirmos a nossa rotina.
Nossa rotina agora é dividida em três partes: manhã, tarde e noite.
De manhã, ficamos misturados, um dando atenção ao outro, intercalando com trabalhos de rápida resolução. Essa é a hora que consigo participar de reuniões mais curtas e trabalhar em cima de afinamentos. À tarde, é onde tentamos fazer do limão, limonada. Cada um foca na sua própria atividade, seja ela dormir vendo um desenho (queria ¯\_(ツ)_/¯) ou participar de um brainstorm intenso seguido de desenhar uma sequência de peças. E à noite, sim… é quando os gatos fazem a festa. Lembra daquela cena do Esqueceram de Mim, em que o Kevin descobre que está sozinho em casa e sai correndo por todo lado, chacoalhando os braços e gritando? Então, rola um momento desse durante uns 30 minutos com brincadeiras, seguido de jantar e cama. Nesse momento, o computador estar fechado não é mais opcional. As crianças mesmas fazem isso se ainda estivermos conectados. E só volto a abri-lo quando as criaças dormem, pra deixar algo adiantado se necessário.
Mas essa rotina pra funcionar, tem seus segredos. Deixá-la flexível todos os dias e evoluí-la aqui e ali. Colocar os filhos no colo no meio da reunião e não ter vergonha disso. Poder contar com uma equipe parceira que topa se ajustar à loucura da sua casa. Trabalhar em uma empresa que vê o funcionário como um ser humano (eu que vim da publicidade, lembro bem como é o outro lado).
E finalmente, praticar muita, muita paciência, que ó, anda ali com amor de mãe ♥‿♥.
