SumUp Chats — Síndrome do Impostor na Tecnologia

Lorena Braga
Inside SumUp
Published in
39 min readOct 20, 2020

Confira a transcrição da 4ª edição do SumUp Chats — o podcast de Carreiras da SumUp

Clique aqui para ouvir no Spotify. Aproveite e se candidate nas nossas oportunidades.

Office in São Paulo

Introdução: SumUp Chats, o podcast que está sempre com você trazendo as curiosidades e novidades que acontecem na SumUp.

Renata Santana: Olá, começa agora mais um SumUp Chats. O podcast pra você que ama tecnologia, dicas de RH, curiosidades e tudo o que faz parte do nosso dia a dia.

Eu sou a Renata Santana, People Partner aqui na SumUp e também apresentadora desse podcast. Eu tô muito feliz porque nós estamos gravando o 4º episódio do podcast do SumUp Chats e com um tema particularmente (não só extremamente interessante) muito relevante nos dias de hoje que é sobre a Síndrome do Impostor na Tecnologia.

E hoje eu estou aqui com três convidados super especiais que vão compartilhar com a gente um pouco do conhecimento e da experiência que cada um deles têm em relação à Síndrome do Impostor. Eu estou aqui com a Bruna Maia, Nancy Lyra e Heryk Slawski. Heryk, seu nome é muito difícil, desculpa se eu errei, então eu já vou inclusive começar com você.

Eu vou pedir para que antes da gente começar a falar do tema, eu queria que cada um de vocês se apresentassem, começando por você Heryk. Conta um pouquinho da sua jornada, rapidamente sobre as suas passagens profissionais e, como uma tradição aqui na SumUp (já falando pra Bruna, que é uma das nossas convidadas e que não faz parte da SumUp) contem também um fato único — aquele fato que só você passou por isso, só você encarou, só você tem. Então é uma das nossas tradições aqui na SumUp. Conta aí, Heryk!

Heryk: Olá gente, olá senhoras, olá senhores. Meu nome é Heryk Slawski, eu sei que é complicado, o sobrenome já é complicado mas a minha mãe quis complicar mais ainda, mas acho que ela quis um som internacional, né?! Então Heryk Slawski. Bom, vocês podem me achar em todas as redes sociais por @falecomh. Eu sou Product Designer aqui na SumUp e eu já tive algumas experiências em empresas de animação, em agências de tecnologia, em escolas criativas. Então eu sempre gostei muito de desafios criativos, desafios onde a gente pode tentar entender o comportamento do consumidor, o comportamento dos usuários, psicologia e tudo mais. E, como fato único… como eu já vivenciei alguns cenários de jogos, de animação, eu gosto muito de cinema e meu fato único é que eu tenho um Herbie, um Fusca 1974 que eu transformei ele igualzinho ao filme do Herbie. É minha paixão e está aqui na minha garagem e quero voltar a viajar com ele também.

Renata: Legal, Heryk. Nancy, conta pra gente quem é você — Nancy é minha conterrânea nordestina.

Nancy: É isso aí! Então, eu sou Nancy, sou programadora, já formei no centro de informática da Universidade Federal de Pernambuco — já há uns 14 anos, enveredei pela carreira acadêmica, fiz mestrado e doutorado — que não concluí, fiz 4 anos e abandonei graças à Síndrome do Impostor e vim parar aqui em São Paulo. Estou na SumUp há 1 ano, e estou adorando estar aqui para falar sobre um pouquinho da Síndrome do Impostor e da minha jornada pra vocês. E zero fato único, não tenho (risos).

Renata: Tudo bem, eu deixo passar. É, Bruna… eu gostaria já de começar te agradecendo por topar esse papo com a gente, nossa convidada especial. Conta pra gente quem é a Bruna…

Bruna: É um prazer estar aqui com vocês, e eu vou contar meu fato único que tem a ver com a SumUp também. Meu nome é Bruna Maia, eu trabalho no RH de uma empresa de tecnologia, antes eu estava em uma consultoria estratégia que foi quando eu descobri o que era Síndrome do Impostor, e foi aí que eu descobri que eu sinto ela desde muito jovem. Eu sou mãe, tenho uma filha de 7 anos, uma menina que não é uma menina branca, então eu luto duas vezes pra conseguir identificar potenciais inseguranças — que até agora ela não demonstrou nenhuma e tem autoconfiança lá no teto, eu tenho só que dosar. Mas é um desafio porque quando você não toma consciência do sentimento você deixa ele aflorar. Então eu tomei consciência, gerencio o meu, mas eu também faço esse papel de criar uma menina não branca com um equilíbrio muito bom da sua autoconfiança, do seu valor.

O meu fato único — não é bem um fato único, eu comecei a virar uma profissional de verdade depois dos 30 anos; não é bem real essa fala, porque eu trabalho desde os 15, mas eu encontrei a minha carreira aos 30 anos com duas pessoas que trabalham hoje na SumUp — a Paula e a Letícia, que foram pessoas que me endossaram muito nas coisas que eu fazia, que me mostravam muito as minhas fortalezas e viram que trabalhar com pessoas era pra mim. E foi quando eu comecei a olhar o meu trabalho muito mais como carreira e não só como trabalho, não só como uma coisa para pagar conta. Então eu tenho um carinho enorme pela SumUp, depois eu conheci mais gente ainda e tô muito feliz de estar aqui hoje.

Renata: Legal! A gente também está muito feliz de ter você aqui. É bem difícil de falar sobre esse tema, e aí antes da gente começar a entrar nos exemplos e histórias de cada um de vocês com essa Síndrome, por definição — quem tá ouvindo a gente hoje vai descobrir, muitas das definições coisas que se sentem em relação à Síndrome do Impostor, por definição, essa Síndrome é conceituada como um fenômeno onde as pessoas capacitadas — e eu diria que talvez todas as pessoas, sofrem de uma inferioridade ilusória e acham que não são tão capacitadas assim e subestimam suas próprias habilidades. E isso tem se tornado cada vez mais comum no meio profissional, hoje afeta mais de 70% das pessoas e temos alguns sinais que podemos citar aqui, como a dificuldade de aceitar elogios e a dificuldade de reconhecer a nossa contribuição em alguma conquista. E, se você se identificou, acompanha aqui com a gente algumas das histórias que acho que vai ajudar cada um de vocês que está ouvindo.

E eu queria pedir para que cada um de vocês, começando por você Bruna — que acabou de se apresentar. Compartilha um pouco da sua história, da Síndrome do Impostor, quando foi que você descobriu que seu sentimento tinha um nome, e como você tem lidado com isso.

Bruna: Legal. Eu acho que descobri quando eu entrei nessa consultoria estratégica. Eu trabalhei na McKinsey por 3 anos e quando eu comecei eu comecei como recrutadora. Não era uma função que eu tinha experiência antes, mas eles viram que eu tinha algumas competências que podiam transferir para essa posição. Cheguei — e ignorância é ótimo, né?! Primeiro que eu cheguei lá e nem sabia o que era McKinsey, só achei o escritório bonito. Eu venho de uma família mais simples, eles não sabiam também o que era McKinsey e também não davam importância. E aí eu sempre falava “só passei na McKinsey porque eu não sabia o que era McKinsey”; se eu soubesse o que era McKinsey eu obviamente não ia ter passado.

E aí eu comecei a me perguntar todas as empresas que eu queria ter me aplicado na vida e nunca me apliquei. Meu sonho era trabalhar na Danone — não sei porque, porque eu não gosto nem de leite; e na Natura. Foram os dois processos que eu nunca me apliquei porque eu falei “ah, se eu me aplicar eu vou acabar com o meu sonho porque vão descobrir que eu sou uma fraude, então deixa em sonho”. E eu fui me levando para empresas super diferentes, como a McKinsey que é uma empresa super difícil de entrar e na minha cabeça — e até hoje eu acho isso, eu só passei porque eu não sabia o que era e o que ela representa. Lá dentro, a gente tinha missão de atrair mais mulheres para o quadro de consultoria, e eu nunca entendia porque elas não se aplicavam — tinham tantas mulheres poderosas lá dentro, e eu admirava o que elas faziam, as escolas de onde elas vinham, e consultoria tem esse negócio né, de achar que todo mundo quer consultoria. Então, eu ficava assim “porque essas pessoas não se aplicam?”.

E foi quando me deram a oportunidade de focar só nisso, só focar em perfis diversos. Inicialmente mulheres, depois pessoas LGBTQI+ e pessoas negras. Então o meu foco era atrair esses talentos para o pipeline da consultoria. E aí foi muito difícil, e nesse processo eu fui descobrindo que tudo que eles tinham medo eu também tinha medo; o porque eles não se aplicaram era o mesmo porque eu não me apliquei pra vaga da Danone e pra Natura. E aí foi quando a gente falou “bom, a gente tem que quebrar isso de alguma forma, então como é que esse lugar pode ser pra você”. E é um processo eterno né?! É um processo que eu tenho até hoje quando eu sou convidada para um processo seletivo, em todas as minhas avaliações — mas eu tenho uma técnica que eu melhorei de uma pra outra e pelo menos eu não fiquei doente, em sessões de feedback e quando eu sou aceita/elogiada em um desafio são os momentos em que eu sinto que ela vai mais pra cima, eu fico buscando razões — fora a minha própria competência, pra que aquilo tenha acontecido.

Renata: Obrigada por ter compartilhado sua experiência. Depois a gente vai chegar nesse momento, mas eu quero saber quais foram as coisas que você conseguiu evoluir de um momento do passado pra hoje. E eu me identifico muito, tá?! Já posso dizer que gravar esse podcast hoje vai ser difícil e interessante. E aí, Nancy, queria que você contasse um pouco da sua história. A gente conversa bastante sobre vários assuntos, né?! Mas, você agora como mulher que tem mais de 14 anos dentro da área de Tecnologia, qual é a sua história como mulher na Tecnologia e, basicamente, lidando com essa Síndrome do Impostor?

Nancy: Então, eu ouvindo a Bruna falar e todo mundo aqui concordando, né?! Porque a gente isso, embora a nossa jornada seja muito diferente, em algum momento da nossa vida a gente passou por situações muito semelhantes. E o engraçado é que eu entrei na Tecnologia como segunda graduação, eu fiz Fisioterapia na verdade, onde majoritariamente são pessoas do sexo feminino. Então quando eu fui para a Computação — talvez até pela ignorância mesmo Bruna, eu não sentia essa diferença. Então eu entrei, e depois que eu entrei eu realmente comecei a sentir que eu era parte de um grupo minoritário. Eu olhava ao meu redor e tentava esconder essa diferença, eu queria pensar como eles, agir como eles, até para que não ficasse em evidência que eu era diferente, que eu podia gostar de exatas e ser tão boa em cálculo quanto, mesmo eu sendo mulher.

Aí eu comecei a sentir. Então, profissionalmente houveram comentários do tipo “ah, porque ela é mulher então ela teve algum tipo de vantagem”, e eu vi muito isso; colegas que passavam e diziam “ah, é só pra servir cafezinho”, como se a gente não fosse boa naquilo que a gente faz, como se fosse só pra gente embelezar e perfumar o ambiente. Então, a gente precisa provar muitas vezes que a gente é boa, principalmente quando a gente faz parte de um grupo minoritário, onde a gente precisa provar um pouco à mais que a gente é capaz. E quando você consegue, você pergunta “será que eu tive algum tipo de vantagem nisso, será que eu tive sorte por passar?”, ficava sempre esse questionamento.

E aí eu estagiei, sentindo isso, mas foi no Doutorado que o negócio começou a realmente pesar muito. Por quê? Porque eu estava no 4º ano de doutorado e todo mundo falava assim “você é professora?” — e eu era professora na época, mas professora de programação; e eu “como é que você sabe?”, “ah, você não é professora de Educação Física?” e eu “não, eu sou programadora”. E ficava todo mundo questionando, falando que eu deveria ser muito inteligente. Chegavam pessoas que falavam “ah, ela está no Doutorado” e eu ouvia “nossa” em tom de surpresa várias vezes. E aí eu vi uma frase que dizia “se você não aceita elogio, se você acha que chegou até aqui por sorte, você teve a chance, pegou aquela oportunidade e conseguiu se destacar…”; e eu fui dando check em tudo e vi que o nome dessa síndrome era Síndrome do Impostor, e disse “eu tenho isso!”.

Quando eu comecei a ler à respeito, eu vi que era muito comum em estudantes, que não é só mulheres, mas o foco é em grupos minoritários; se você é uma pessoa que veio de uma situação social precária, e você consegue brilhar, você provavelmente vai ter essa Síndrome do Impostor também; mulher em áreas majoritariamente masculinas, também já vai sentir isso; estudantes que avançam na Pós-Graduação, Mestrado, Doutorada… e aí um colega meu me dizia assim “mas Nancy, você faz parte do 0,1% da população brasileira que tem uma Graduação, uma Pós-Graduação, que tem um Doutorado…”, e eu dia “mas eu não estou buscando isso, aconteceu”, e ele “que aconteceu rapaz, você é boa!”, e eu “não, foi algo que o centro de informática me deu”, e ele “que nada Nancy, você é boa e tal…”. Mas ainda é muito difícil, até hoje, a gente encarar que realmente foi fruto de esforço — que a gente sabe que naturalmente a gente é esforçada por ser parte de um grupo minoritário.

Então, olhando para os números que a Re me pediu, os números de mulheres nas áreas de Tecnologia não são nada animadores. Eu olho muito esses números, com muita frequência, e eles não mudam. Por mais que a gente seja intencional com o pessoal do Recrutamento, é muito difícil.

Uma pesquisa bem recente do Instituto IBGE mostra que 8% das mulheres que ocupam o mercado de trabalho na área de Tecnologia. É muito pouco. Eu procurei esses números na SumUp na semana passada, e embora a gente tenha 60% de mulheres na empresa, na Tecnologia somos 30%. É melhor do que mostra o mercado lá fora, mas ainda é muito pouco. A gente precisa realmente olhar pro lado e ver que tem pessoas iguais à gente trabalhando naquilo, e se sentir segura inclusive para errar; não carregar com a gente esse peso que a gente tem que é de acertar sempre, ou que a gente teve sorte pra conseguir fazer o que a gente faz.

Renata: Perfeito! Eu não consigo achar outra palavra a não ser assustador esse número. E uma coisa que me ocorre vendo você falar: quantas pessoas deixaram de viver experiências, deixaram de tomar alguns caminhos ou inclusive hoje vivem outros caminhos por terem sido impactadas e influenciadas pela Síndrome do Impostor, sem saber né?! Então enquanto você estava falando eu fiquei refletindo se eu deixei de dar algum passo na minha vida, deixei de tomar algum caminho porque deixei a Síndrome do Impostor me influenciar? Tenho quase certeza que sim.

E antes de passar pra você, Heryk, eu lembrei um fato, aqui fazendo uma auto reflexão, de que todas as minhas promoções durante a minha vida e a minha carreira foram surpresas pra mim, acreditem se quiser. Eu sempre fui pega de surpresa nas minhas promoções e acabei de ter essa epifania aqui. Então vou deixar o Heryk contar um pouco sobre as suas experiências porque agora eu preciso ficar pensativa (risos). Conta pra gente, Heryk, um pouco da sua experiência.

Heryk: O que falar depois dessa descoberta… não vamos conversar mais (risos).

Nancy: Eu já quero interromper o Heryk e fala que, nossa… eu estava lendo um livro sobre Síndrome do Impostor e é exatamente isso. Principalmente para mulher onde os pais e educadores criam a gente com a crença de que nós temos que ser empáticas, cuidadoras, modesta… e quando a gente investe na nossa carreira, e a gente começa a brilhar, tem um ato de sacrifício que a gente está fazendo e que a sociedade cobra da gente. E quando a gente olha para os colegas, a gente não quer criar um ambiente conflituoso, porque eu não quero competir com ele.

Então quando a gente é promovida, parece que a gente está se destacando do colega que a gente aprendeu a cultivar, admirar, e enfim, rola essa coisa dentro de “eu não quero, a gente é igual”. E nesse mesmo livro eles fizeram um experimento em que se uma mulher ganha um aumento, como é que a gente poderia não deixar ela com esse sentimento de que ela se destacou à frente das colegas dela, como é que poderíamos reformular o sistema para que ela não tivesse que carregar esse peso de merecimento, porque ela merece aquilo ali né?! Como é que a gente faz isso?

E aí eles fizeram essa experiência e decidiram que as mulheres querem burlar esse sistema, onde a regra é “não tem quem vence, vencem todas”. Veja que interessante, a gente quer realmente comemorar mérito, porque não queremos realmente nos destacar em cima dos outros; no entanto, a gente quer investir na nossa carreira profissional, sem que necessariamente tenhamos que passar por cima dos outros, sem “destacar para ser martelada”, né?!

Renata: Exato! Vamos lá Heryk, vamos deixar ele contar a história enquanto a gente digere aqui.

Heryk: Ouvir a Nancy é sempre um aprendizado. Eu lembro que o meu primeiro 1:1 com ela, ela me contou toda a parte da vida dela e falou assim “não ache que é só isso, tem mais! Não sou só isso”. É como ela mesma falou com o exemplo do “ah, não é porque eu faço isso que não sou programadora”. Uma coisa não precisa depender da outra, e tudo mais, então é sempre um aprendizado.Eu estou mais para aprender hoje, mas vamos lá!

A minha coisa com a Síndrome do Impostor — revisitando a minha memória e até dando algumas estudadas e lembrando um pouco sobre isso, me remete à que eu sou de Guaiba, uma cidadezinha lá do Sul e eu sempre convivi muito com um pessoal que dia “ah, minha vida é aqui, sempre vai ser aqui no Sul”, então por muito tempo eu nem sabia o que era a Síndrome do Impostor, mas também era aquela coisa assim de que eu fazia algumas coisas e ia tentando, “ah, eu vou tentar. Pode dar sim ou pode dar não!”.

Mas, as coisas começaram a amadurecer e aquele jovem — já mais rebelde, começou a ver que as outras pessoas estavam olhando e iriam começar a ver o que eu estava fazendo. E aí eu lembro que eu estava com os meus vinte e poucos anos, 22/23 trabalhando como facilitador digital de educação em escolas e universidades me peguei pensando “quem sou eu para com 22 anos estar fazendo isso”. Eu lembro de ter chegado na sala de aula, começar a falar sobre Design Thinking, sobre coisas que te fazem pensar de maneira diferente, a parte de expressão, e aí uma professora levantou, falou “ah, isso não serve pra mim” e saiu fora.

Aquilo mexeu muito comigo e pensei “nossa, não era pra eu estar aqui, o que é que eu estou fazendo aqui?”. E aí o que que eu fiz? Eu me meti em um mestrado, e falei “não, bora, vou fazer esse mestrado aqui e vou me provar porque eu sou uma farsa, as pessoas não estão acreditando em mim”. E não só comecei o Mestrado, como entrei em uma Pós também. Então entrei em duas coisas e falava pra eu mesmo que agora eu iria me provar, que ninguém ia me segurar. E eu fazia tudo isso pela minha falta de estar bem, de confiar no meu trabalho, de confiar no que eu estava fazendo.

E isso, levando pra onde eu trabalho hoje como Product Designer, UX Designer e tudo mais. Design é levado como arte, e isso se torna muito pesado porque Artista gosta muito de se comparar, gosta muito de “ah, mas o meu verde é melhor que o teu verde, a minha cor é melhor que isso, o meu app funciona melhor que o teu…”. Então, querendo ou não, a gente acaba se comparando com os outros.

E aí tem uma curva, eu não lembro onde exatamente eu vi, mas que era assim: a busca pela criatividade x o avanço da nossa idade. Então quanto mais a nossa idade vai chegando, a nossa criatividade vai descendo porque a nossa autoconfiança, o nosso olhar pra fora, o nosso importar com a visão dos outros vai ficando mais pesado. Ou seja, antes eu corria uma maratona de 10 km vestido de Homem Aranha e agora aos 27 eu me pergunto se eu faria isso, me acho velho para essas coisas. Eu lembro que um colega meu olhou pra mim — eu estava com uma camisa do Mickey, e disse: “Ah, não te dou mais do que um ano pra tu parar de usar essa camisa”. Eu perguntei porque — é a camisa que eu gosto, é a camisa que as pessoas vêm e puxam assunto pra conversar sobre essa camisa. E conversando com ele eu vi que eu não estava me importando mais sobre o que os outros estavam pensando sobre mim.

E pra finalizar essa ponta sobre essa história sobre arte, sobre o quanto que a gente se importa com essas pessoas… eu acho que um exemplo bom é a pandemia. Com a pandemia a gente tem que ficar em casa, em casa geralmente a gente está sozinho, pode surgir alguma coisa relacionada à depressão por conta de coisas que já estão acumuladas há muito tempo. E, obviamente, eu não estava fazendo Terapia há muito tempo, eu não acreditava em Terapia, e durante esse momento quase me deu uma situação muito grave. Eu tive que parar por inteiro, tive que parar as minhas redes sociais, porque eu via um monte de gente fazendo várias coisas, lives e pensava “eu também preciso fazer alguma coisa, nossa eu não sou ninguém, estou aqui parado sem fazer nada”. Então eu tive que fazer todo um “re-olhar” sobre tudo o que eu estava pensando e, realmente, a Terapia me ajudou muito a conseguir me ver onde estou agora, o que estou fazendo, qual é o meu propósito. Minha namorada me ajudou muito também à buscar mais autoconhecimento, a ler alguns livros sobre autocuidado e tudo mais.

Mas, esse é um pouquinho da minha história com a Síndrome do Impostor. Por mais que a gente ache que “ah, isso não é comigo”, é importante refletir sobre todas as oportunidades que deixamos passar por não acreditar na gente e o quanto a gente está parando de fazer isso querendo muito se comparar, olhar para os outros e, na verdade, tem espaço para todo mundo né?!

Nancy: Você falou aí e eu queria complementar, mas você já acabou falando… A gente fica se comparando e parece que a Síndrome do Impostor anda muito colada com o pertencimento, né?! A gente procura se pertencer, por exemplo mulher na área de Tecnologia — ela quer pertencer ali. Você, se achava muito velho pra área, e depois começou a se achar muito velho. Você quer se pertencer, “o que os outros vão pensar? Como é que eu faço para pertencer à esse grupo? Será que eu dou conta?”.

Renata: é verdade, Nancy! E, ao mesmo tempo que tem relação com a questão de pertencimento, acho que a Síndrome do Impostor é relacionada à solidão. Eu tento pertencer à algo que não tem relação necessariamente comigo. Então eu quero perguntar aqui pra vocês qual é a relação da Síndrome do Impostor com o medo de pedir ajuda pras pessoas, de levantar a mão e pedir ajuda.

Bruna: Eu só vou adicionar uma questão da comparação, e pode ser que tenha a ver. Eu não sei responder a sua pergunta de pronto, Renata, e vou ter que assimilar aqui; se alguém tiver a resposta agradeço. Mas eu pensei, pegando o gancho da comparação, uma coisa que eu aprendi nesse processo de entender o que é a Síndrome do Impostor — inclusive foi com uma amiga que está aí na SumUp agora, é que quando a gente começa a se comparar com as pessoas a gente faz comparações irrealistas, porque a gente pega assim: “Nossa, a Nancy é ótima em Programação, a Programação dela é excelente, nunca vou chegar lá”, “E o Heryk, na parte de Design…, a Marcela, a Renta…”. Eu pego a qualidade de cada um, a fortaleza de cada um, eu junto tudo num pacote e, eu sozinha — que tenho meu conjunto de fortalezas, me comparo com o conjunto do meu time inteiro, ou de um grupo inteiro. E aquilo é totalmente injusto e não é real.

Então o que eu penso do que os outros sabem é muito desproporcional comparado à quando a sua Síndrome do Impostor está ativa. Então essa questão de não pedir ajuda é porque muitas vezes você acaba “endeusando” as pessoas ao seu redor, que tem uma fortaleza visível aos seus olhos e você acaba não querendo ser descoberto, por isso que você não divide.

Quando a Nancy começou a falar sobre que viu o meu LinkedIn e achou o máximo, eu falei “para, porque você vai ver onde que eu fiz o curso tal; para, porque se não você vai ver que eu nem terminei o meu Espanhol”. Então essa é a sensação, de que você não quer ser descoberto naquela coisa que está mais íntima pra você, enquanto você acaba venerando outras pessoas.

Então, uma das coisas que eu aprendi e que é uma das dicas que eu estava pensando é primeiro saber pôr nome nas suas fortalezas e no que não é — eu nem falo pontos fracos porque eu não acredito em pontos fracos, é o que é a sua fortaleza e o que não é: um você gerencia e o outro você investe e põe nome, porque daí você consegue saber e dar valor nisso. Uma coisa que as pessoas sempre falam para potenciais candidatos é: ponha nome e identifique. Porque quando a gente gosta, é bom em alguma coisa, a gente faz com uma certa facilidade e prazer.

A gente tem o mito de que tudo que é conquistado tem que ser muito duro, feito com muito sofrimento, suando mesmo… e às vezes você até sua, só que você não percebe porque você ama fazer aquilo, você gosta de fazer aquilo, e aí você não valoriza; você acha que isso é fácil, que todo mundo sabe, que é uma coisa à toa. Então, tentei responder um pouco à sua pergunta, mas acabei conectando à outra coisa.

E essa é uma dica que eu dou: busque pela excelência daquilo que você faz bem, e não pela perfeição. A perfeição é impossível de chegar, e a gente vê isso nos outros, então fica um pouco mais realista com o julgamento próprio, e com os outros também.

Nancy: Eu tenho um exemplo, Re, que talvez fale um pouco sobre essa sua questão que é o seguinte… Eu também sou professora né, e é muito comum que mais homens do que mulheres — primeiro que já tem mais homens do que mulheres na Tecnologia, mas é mais comum que mais homens me procurem para tirar dúvidas do que mulheres, embora eu sabendo que havendo toda essa dificuldade tente mostrar que é ok ser vulnerável, que é um ambiente seguro, que não tem pergunta besta.

E agora na pandemia foi muito curioso que eu constatei isso. Uma aluno, que interagia bem pouco, ela mandou uma dúvida, eu recebi a dúvida no Teams e quando eu abri o computador a pergunta não estava mais lá. Eu perguntei se ela tinha apagado, e ela disse “ah professora, era porque estava errada”. Então essa questão, veja, da insegurança, do medo de estar errado — não quer nem mostrar que está errado, porque não quer pedir ajuda, se sente insegura, tem vergonha.

Eu pedi pra ela mostrar, depois ela mostrou, e eu disse: “Veja, está quase tudo certo. Eu queria que você entendesse que você está ok de perguntar, não tem isso, não tem pergunta besta”. Então, no próprio ambiente de trabalho a gente vê muito isso e eu também, por exemplo, quando entrei na SumUp eu disse “eu quero brilhar, não quero ser a impostora”. Então quando eu não sabia alguma coisa eu com certeza perguntava, mas eu também não queria perguntar o óbvio, então muitas vezes eu ficava quieta com medo de que fosse ridículo aquilo que eu estava perguntando, “como assim você está perguntando sobre isso”, né?!

E agora sim, depois que eu me senti segura no ambiente, ok, posso perguntar sobre qualquer coisa. Então eu carrego muito comigo essa preocupação de dentro do meu time, dentro do meu squad, no trabalho, na faculdade, de mostrar para as pessoas com as quais eu convivo que é ok errar, é ok ser vulnerável, e que é assim, mostrando os erros que a gente vai aprender; que pode mostrar os erros livre de julgamentos.

Heryk: Pegando esse gancho, pra mim foi muito importante quando eu me abri novamente ao processo terapêutico e conseguir me expressar mais e colocar pra fora coisas que eu estava sentindo também, até de ver quando entram colegas novos e você começa a se comparar, pensar que precisa sempre fazer mais. Uma dica que foi muito importante pra mim foi buscar ajuda não é se sentir mais fraco, e sim você se sentir forte o suficiente pra pensar que precisa dar um jeito e olhar mais para as suas fortalezas. Pra mim uma coisa que funcionou muito foi trocar de terapeuta, trocar de psicólogo, porque eu já vinha fazendo uma etapa com pessoa e ela não me ajudou muito, e eu pensava que isso não servia pra mim, que eu deveria focar no meu trabalho, focar em trabalhar das 8 às 8, fazer tudo o que eu preciso fazer e depois eu penso sobre isso. E na verdade não, na verdade buscando uma nova ajuda, buscando uma nova chance, se abriu um novo caminho pra mim, se abriu outras referências. E acho que aqui entra outra coisa legal também, que entra na Síndrome do Impostor, é a diferença entre se idolatrar e comparar à olhar uma inspiração. Então ver também — nos processos de mentorias que eu faço com algumas pessoas de UX e Product Design, eu falo muito sobre quem você se inspira, quem você gosta e o porquê. Porque uma coisa é se comparar ao Steve Jobs — que era horrível no trabalho… “Mas o que você gosta?”, “Ah, a paixão dele por produto”, “Legal, aí tem alguma coisa! Então vamos olhar mais pra isso, vamos investigar mais sobre isso?”. Quanto mais profundo a gente olha nos sentimentos, nas emoções, no propósito também, isso pra mim me ajudou muito a menos idolatrar e mais enxergar como inspiração, e ver isso pra mim também; onde eu estou me encontrando, ver quais são as minhas fortalezas como a Bruna falou, isso me ajudou bastante.

Renata: Legal! Já entramos aqui em algumas dicas, como por exemplo a que vocês falaram sobre nomear as nossas qualidades, da gente promover um ambiente seguro pras pessoas entenderem que está ok errar, está ok pedir ajuda; a gente transformar essa idolatria e essa comparação em uma inspiração, que eu acho super positivo.

Eu vou compartilhar uma dica bem prática minha que eu fiz, e queria ouvir um pouquinho de vocês sobre dicas práticas do dia a dia. Acho muito que esse sentimento vem da nossa mente, do nosso pensamento, e pensamento é algo intangível e que precisa ser lidado. Uma das coisas que me ajudou muito nos últimos anos é escrever essas minhas qualidades, então aqui na SumUp a gente tem uma cultura de feedback bem forte, e acho que nos últimos 2 anos eu recebi feedback dentre formais, informais, comentários que são feedbacks; e eu tenho os meus cadernos, e tenho páginas nos meus cadernos anuais onde eu escrevo o que eu sei sobre mim e o que as pessoas falam sobre mim. E ali eu escrevo tudo o que eu vou descobrindo sobre mim — que eu percebo que é uma qualidade, tudo que eu validei através de vários feedbacks; e quando eu estou naquele dia onde a Síndrome do Impostor está fortíssima dentro de mim, eu pego esse caderno e leio. É uma coisa super prática que eu fiz, que me ajuda demais, e que eu queria ouvir de vocês se vocês têm essas coisas práticas que ajudam vocês no dia a dia. Um post it na janela, no espelho, aquele fundo de tela… (risos)

Heryk: Eu poderia começar aqui, porque eu fiz uma coisa dessas no meu quarto antigo — porque eu acabei de me mudar, mas eu tinha uma parede que virou uma parede de sentimentos. Eu tive um momento que eu não conseguia focar, não conseguia olhar as coisas, daí eu disse “deixa eu colocar pra fora!”. Então eu peguei os meus famosos post its e coloquei tudo o que eu tava sentindo. Ah, eu tava sentindo isso, tô me sentindo aquilo, acho que eu não estou conseguindo focar no meu trabalho… e coloquei tudo na parede. Então tem umas pessoas que falam “nossa, mas você está se colocando pra baixo com essa parede”, e eu falo que não! Porque na verdade eu olho pra essa parede e começo a ver o que cada uma dessas coisas significam pra mim, que eu posso compartilhar também com uma pessoa de confiança. E tá, agora o que eu posso fazer pra mudar isso, qual é o sentimento que eu estou.

Então, assim como um caderno ajuda, assim como um diário, pra mim é isso: colocar pra fora, mas também ver o que era aquele sentimento, tentar entender o que era que estava por trás daquele sentimento. E uma coisa que eu estou fazendo agora no meu dia a dia, depois de todas essas coisas de home office, é não olhar o todo. Então eu estou começando a olhar o pequeno, as pequenas vitórias. É muito difícil pra mim, porque eu ainda gosto de ser o criativo organizado, onde as coisas têm que estar organizadas para eu poder ser criativo. Mas eu não olho pras pequenas realizações como “hoje eu consegui estender a roupa, consegui acordar e fazer exercício”; não, eu não olho pra isso, porque pra mim eu me atrasei, porque eu precisava fazer isso e aquilo — me atrasei pro trabalho em casa, olha isso!

Então, eu fui começar a olhar um pouquinho mais pra isso.

Bruna: E isso a gente pode chamar de gratidão, né Heryk?! É praticar gratidão, que é uma das poucas coisas que energizam a gente. E geralmente a gratidão vem das pequenas coisas mesmos. “Nossa, hoje eu consegui estender a roupa”. É celebrar as pequenas vitórias, que fazem a gente se sentir melhor. Falam que até arrumar a cama (eu sou daquelas que não gosta de arrumar a cama não, se eu vou dormir de novo pra quê arrumar a cama?), mas até arrumar a cama falam que faz com que você sinta que a sua primeira atividade do dia está feita; e eu comecei a fazer, mas já desencanei, já achei outra coisa que faz mais sentido pra mim. E você vê que você conquista coisas, desde pequenas, e quem sofre muito da Síndrome do Impostor — quando você comentou que “ah, eu não era bom naquilo então eu fui fazer uma pós e um mestrado”, a Síndrome do Impostor ela também te impulsiona. O único sentimento que eu acho que não serve pra nada é a culpa de alguma coisa que você fez sem nenhuma intenção; esse é um sentimento que a minha psicóloga — que é neurocientista, fala que é um sentimento que você pode se importar se você quiser, mas que não serve pra nada.

Então essa é uma das dicas que eu ia falar: desencanar da culpa. Tanto da culpa pelo seu sucesso — tipo quando você recebe uma boa avaliação. Eu sofro muito em avaliação, então antes da pandemia eu fui muito bem avaliada, tive um bom bônus por causa disso, cheguei em casa com o bônus e falei (mal, acabada) pro meu marido “tô enganando eles, gente porque eles vão me dar tudo isso?”; meu marido olhou a carta e falou assim: “oh, se você continuar se enganando por mais 5 anos, a gente quita o apartamento rapidinho”. Ele nem pra falar “não, você é ótima”, ele é bem desses, prático (risos).

Então é se livrar da culpa disso e também parar de buscar a sua própria culpa quando tiver um problema. E a gente falou muito aqui da questão de gênero né. E a gente tem o Heryk pra provar que isso não é só uma questão de gênero, só que porque pra mulher isso pesa mais? Eu acho que tem a ver com a forma com a qual a sociedade nos cria, que é que a modéstia está acima de tudo. Então, eu sou filha do meio — de um irmão mais velho e duas meninas depois. Meu irmão chegava todo estropiado da rua, tudo que ele fazia era legal, “Diogo é menino né?!”, todo ensanguentado — e eu se tivesse uma mancha no meu vestidinho eu já ia levar bronca. Então aquela perfeição ela me foi ensinada, e o externo — os grupos minorizados principalmente em empresas de tecnologia que é uma bolha na sociedade, e nesses grupos o homem ajuda um pouquinho mais. A única diferença é que nos grupos minorizados o externo endossa aquilo, o professor faz um comentário sexista em uma aula em que a Nancy provavelmente já tenha ouvido. Então aquilo é um pouquinho mais fomentado pelo externo, e a gente acaba acreditando mais, mas o sentimento é igual e tem o mesmo peso pra todo mundo.

Nancy: Então, adorei a sua dica de anotar as coisas, porque, de fato, pra quem é muito perfeccionista e tem a Síndrome do Impostor, a gente procura qualquer tipo de validação externa. Mas como é que eu posso validar externamente se nem eu mesma acredito?! Então, muito boa essa dica de anotar as coisas.

Mas sabendo que pessoas perfeccionistas procuram validação, sempre que eu vejo — principalmente mulher que eu sei que mulher é carente dessa validação externa, eu, de maneira bem intencional, eu vou lá e valido, elogio, bato palma… porque não me custa nada. Quando eu vejo uma foto legal, ou um sucesso profissional eu elogio e dou os parabéns porque não me custa nada reforçar isso, porque eu sei que isso vai combater um pouco dessa Síndrome que essa mulher está passando.

Além disso — não é regra, mas por exemplo: sabendo que o perfeccionismo não vai me ajudar (porque não é uma métrica de sucesso), eu procuro ver que eu posso estar iludindo o meu sucesso — na verdade, sendo perfeccionista; que o bom é melhor do que o ótimo, e é algo que eu aprendi muito aqui na SumUp. Eu não preciso ser 100%, eu posso ser quase lá e dar o meu melhor que já vai impactar muita gente e eu vou ter esse feedback bem rápido.

Um outro ponto é a questão de você não aceitar elogio, como é que eu posso combater isso? Eu fico me controlando, porque é muito difícil você aceitar e dizer “putz, obrigada”. Eu não sei o que eu vou dizer… vou dizer “ah obrigada”, ou então “eu mereço mesmo”… então como é que eu vou reagir à um elogio, né?! (risos)

Bruna: Minha mãe só fala obrigada e pronto! Começa com aquele sorriso forçado (risos).

Nancy: Mas é muito, muito difícil. E aí, em um livro ele me deu um clique, quando falou assim: “Você já parou pra pensar no momento que você não aceita um elogio, quando você rebate um elogio, a pessoa que te elogiou pode encarar isso como uma recusa?”. E aí eu estou tentando ter esse clicks, quando as coisas acontecem.

Bruna: Uma amiga minha fala que eu sou a rainha de fazer isso. Ela é uma mulher muito confiante e quando ela entrou — acho que eu já dividi isso com a Marcela e com a Renata, na empresa eu estranhei ela ser uma mulher muito confiante, aquela que chega confiante e legal e tudo de bom — hoje ela é uma das minhas melhores amigas no trabalho mas no começo eu fui machista… eu tive o meu machismo entre isso que eu desconstruo todos os dias quando eu me deparo com situações como essa, mas essa foi uma desconstrução muito óbvia porque eu achei “ai meu Deus, ela é muito boa!”. E ela sempre me colocava pra cima e eu não conseguia aceitar vindo dela, principalmente dela porque eu coloquei ela num pedestal. E ela falava “nossa Bruna, que apresentação legal” e eu falava “ah, mas é porque hoje o público é mais específico”, e ela falava “ah mulher, você sabe que isso é arrogância, né?! Porque está todo mundo falando que você está indo bem e só você está falando que não está, então isso é arrogância!” (risos). E eu nunca tinha parado pra pensar…

Nancy: Aceita que dói menos, tá vendo?! Aceita o elogio (risos).

Renata: Exato, exato! E eu acho que sobre a Síndrome do Impostor o grande desafio é encontrar esse limite do reconhecimento e humildade, eu acho que esse é o desafio. E cada um encontrar o seu meio do caminho. Então vou recapitular todas as dicas que a gente está trazendo aqui, e aí eu queria fazer uma pergunta pra gente já ir finalizando, porque estamos todos aqui como profissionais, dentro de empresas, com a expectativa super altas, somos profissionais perfeccionistas com barra super alta também… e falando do mundo profissional — e pegando o ponto sobre validação que a Nancy trouxe, é muito comum a gente ver o nosso senso de validação estar muito ligado com quem nós somos no trabalho. Há muitos anos já que a vida profissional e pessoal se misturam; na pandemia acho que isso ficou ainda mais evidente, então a gente não sabe qual é o limite.

E aqui — acho que muitos ouvintes vão se identificar, existem pessoas que ao final do seu dia de trabalho não muito satisfatório se questionam como pessoa, além de se questionar como profissional — que é um caminho bem perigoso porque eu acho que nós somos profissionais mas estamos como profissionais, porque somos antes de tudo seres humanos.

E é uma pergunta meio complexa, mas queria perguntar pra vocês aqui como que vocês conseguem separar essas duas coisas?

Bruna: Nossa, Renata, ótima pergunta porque eu ia falar exatamente isso. Depois que eu virei mãe, minha Síndrome do Impostor em relação ao trabalho — que eu valorizo muito, coincidiu com eu ter a minha filha e encontrar o que eu amo fazer, que é trabalhar em RH, com pessoas e desenvolvimento. Então, o dia que era ruim — eu interpretava aquele feedback 10 vezes pior do que ele era, eu chegava em casa, olhava pra minha filha e morria de vergonha. Como mãe, eu falava “gente, coitada dessa menina, olha a mãe que ela tem” — olha que absurdo, eu não me colocava mãe antes de profissional. Minha filha não queria saber se eu tinha ido bem, ela queria saber sobre a atenção que eu estava dando pra ela.

E uma das coisas que aconteceu nesse último ciclo (que eu falei que tenho bastante dificuldade com feedback, principalmente com processo de avaliação), no semestre passado eu cheguei a passar mal a ponto de pedir alguns dias de folga. Foi um exagero, eu estava passando por problemas pessoais também, mas a nossa vida é um equilíbrio, né?! E eu comecei a colocar todo o problema da minha família — que tava acontecendo, como o topo do assunto.

Eu sou do grupo do Heryk, que a gente tem que se conhecer, tem que pedir ajuda, que a gente precisa de especialista — eu sou super dessa opinião, e ela falou assim: “Geralmente quando estamos com muita ansiedade de alguma coisa, geralmente a gente coloca um problema que a gente está familiarizado em cima pra justificar aquele sentimento que é meio absurdo”. Então eu não poderia estar passando tão mal por causa de uma avaliação, mas eu estava, porque a minha família sempre foi caótica — então eu estou acostumada com tudo o que acontece lá, só que eu fingi pra mim mesma que era aquilo que estava me deixando mal. Passou a minha avaliação, eu acalmei de uma forma… e eu percebi que realmente era isso, e aí veio esse ciclo de novo (minha avaliação ia ser segunda, mas nem teve avaliação porque com a pandemia eles não fizeram calibração nem nada, mas ia dar feedback), e eu estava cortando uma maçã pra minha filha eu formato de estrelinha, e eu estava lá, tensa com a faca — olha que perigo, e eu fiz uma pergunta pra mim, porque a pergunta ela ativa o seu lado racional. Quando você está muito nervoso você pode fazer qualquer pergunta tipo “putz, será que vai chover?”, ela já ativa seu lado racional do cérebro, e demora 5 segundos da emoção pra razão chegar. Então sempre que você estiver muito nervoso, faça qualquer pergunta que ativa. E aí eu fiz uma pergunta: “será que com 80 anos eu vou lembrar dessa avaliação ou eu vou lembrar que eu estou cortando a maçã de estrelinha pra minha filha?

E aí foi uma coisa muito mágica. Eu fiquei tensa, óbvio, mas não passei mal, não aconteceu nada… E aí contando pra minha psicóloga ela disse que na próxima eu já vou estar bem tranquilona, porque é uma prática, a gente tem que praticar esses exercícios. Então o exercício que eu fiz foi esse: “será que isso é tão importante mesmo? Uma avaliação que nem tem calibração, em 2020, no meio de uma pandemia… será que eu vou lembrar disso? Eu vou lembrar da maçã que eu dei à minha filha”. Então o meu valor como mãe ele tem que ser muito maior do que o meu valor como profissional, mas é um exercício porque eu não me moldei assim, eu me moldei ao aposto.

Renata: Exato Bru, e você valorizar mais o teu lado como mãe não te faz menos profissional. Só pra deixar claro, essa minha pergunta não é pra gente fazer o nosso trabalho de forma menos dedicada. É pra fazer a gente saber onde colocar os pesos, é sobre equilíbrio que influencia cada vez mais em quem nós somos como profissionais. Obrigada Bru por compartilhar a sua história.

Nancy: Eu vou buscar pela referência aos sexos, mais uma vez, que é o seguinte… a gente mulher, a gente cresce buscando essa validação. É como os pais e os educadores — como eu falei, fossem a barreira pra mulher saber algumas coisas. Com o homem me parece que é um pouco diferente… me parecesse que ele é mais educado à dizer que sabe, de ter autoconfiança e dizer que sabe muitas coisas que às vezes ele nem sabe, na real. Então ele vai lá e não tem essa necessidade de se provar; enquanto que a gente tem, porque a sociedade naturalmente espera que a gente não saiba, então a gente precisa dar 150% pra que a gente possa falar que sabe de alguma coisa, né?! Então, acaba que a gente entra nesse eixo: vida pessoal e vida profissional.

Será que se eu me dedicar profissionalmente — eu vou ter que me dedicar naturalmente mais por ser mulher, e vou ter que me afastar da minha família, naturalmente vou perder final de semana porque vou faltar no encontro com a minha família, se eu tiver filhos eu vou ser ausente e ter aquele sentimento de culpa — como a Bruna falou, porque eu vou estar abrindo mão da minha presença na família… será que isso quer dizer que eu amo menos? Eu não tenho filhos, então não posso falar sobre a experiência materna, mas assim, eu sou muito ligada à minha família e quando eu comecei a me dedicar hard na minha profissão, todo mundo falou “você está sendo egoísta, você está deixando a gente que é muito mais importante”. Então, você se sente culpada sim, é bem difícil de balancear essas duas coisas… egoísta, ocupada, perdi meu tempo, vou perder uma experiência de vida que não volta atrás, perdi o Dia das Mães com a minha família porque eu estava aqui trabalhando fazendo vista de algoritmos (risos)… e bem isso né, um estudante passa muito por isso também, né?!

Então é uma balança, não vejo uma fórmula exata, carrego comigo esse mesmo sentimento Re — que você falou. Toda vez que eu me deparo com esse sentimento, eu penso que preciso ponderar pra não me sentir culpada, porque realmente é muito difícil prosseguir. Então não vejo muito a receitinha de bolo não. Se Heryk tiver, compartilha aí! (risos)

Heryk: Pra mim, eu tenho levado esses assuntos pro Ivo — meu terapeuta, porque eu tenho uma parte que está dentro de mim ainda que é muito forte, que é uma parte que às vezes eu não dou tanta atenção. Então é importante estar se olhando sempre, o que está te movendo, qual o meu propósito… e o legal é que a cada sessão eu faço um desenho do que ele fala e vou colocando, desenhando. Por exemplo, quando eu fui começar a trabalhar na SumUp, foi uma semana antes de todo mundo ir pra casa e pra mim foi “nossa, multinacional, outras línguas, viajar, time internacional, super legal!” (risos) e em uma semana “galera, todo mundo pra casa!”… e aí começou um negócio pra mim que foi muito difícil, que é: eu tinha o Heryk em casa, que era o Heryk artista, o Heryk Youtuber, o Heryk Gamer, o Heryk que pinta, que toca violão, que grava Podcast, que faz um monte de coisa; ao mesmo tempo, na mesma mesa, o Heryk que é o Product Designer , o profissional, que está trabalhando, organizando algumas coisas.

Então pra mim ainda é um baita desafio como olhar esses lados do Heryk família (eu vim sozinho aqui pra São Paulo, então quase toda a minha família está lá no Sul), tem o Heryk artista, o Heryk trabalho…como organizar todas essas frentes pra mim tem sido um baita desafio.

Eu estou olhando muito pro meu trabalhando e focando muito no meu trabalho e pensando que preciso organizar isso. Eu estou tomando banho e pensando no trabalho, tô saindo pra levar o cachorro pra passear e estou pensando na tela que eu tenho que fazer e tal. E aí, a dica que eu olhei é que isso não vai sair da minha cabeça, é algo que eu não vou conseguir tirar. Vai ter um momento que eu vou estar no chuveiro e vou estar pensando em um botão à mais que eu poderia fazer. Mas tentar tomar um pouco mais de disciplina de separar momentos pra mim.

Então assim, parar alguns momentos para que eu tenha o Heryk que vai jogar videogame, estudar, o Heryk que vai separar algum tempo pra escrever suas histórias e roteiros, o Heryk que vai sentar e olhar pra isso… então eu tenho que conviver com tudo isso, porque eu estava fazendo uma coisa que não faz sentido pra mim: voltar só para o trabalho. E voltar só para o trabalho me fazia eu me sentir impostor, porque o outro lado é o que me complementa. O outro lado, por exemplo, de jogar videogame é o lado que me alimenta hoje de ser profissional, não posso também desvincular essas áreas.

Então, pra mim está sendo uma eterna luta pra eu entender o que é disciplina, pra eu conseguir me identificar. “Ok, em quais momentos que eu tenho que ser Heryk profissional, em que momentos sou o Heryk artista?”, e está tudo bem também viver os dois na mesma mesa, e isso é um grande desafio pra mim.

Renata: Legal, Heryk. Quanta dica rica, gente. E eu queria já tentar recapitular — e me ajudem se eu esquecer de alguma dica, e recapitular pegando um pouco do que vocês falaram, do que a gente falou, e já relacionar com algumas dicas super práticas de um livro chamado Lean In — e vamos colocar aqui um resumo de algumas dicas que esse livro traz.

Então vamos lá, acho que o primeiro de tudo — que também está aqui nessas dicas do livro, acho que é o autoconhecimento, que eu acho que é uma das primeiras coisas; a gente sempre estar atento aos nossos pensamentos e sentimentos, se auto observar.

O segundo é pedir ajuda — seja de uma pessoa neutra ou de um colega. Essa é uma dica desse livro, que eu achei super interessante principalmente pra quem está sofrendo com a Síndrome do Impostor. Se você está passando por isso, converse com uma outra pessoa… eu gosto de falar que é importante sempre ter aquela pessoa que você pode — de forma super segura, chegar e dizer assim “estou certa?”. Todo mundo tem que ter essa pessoa, e acho que essa é uma dica super rica. Mas brincadeiras à parte, é aquela pessoa que te conhecendo e te vendo de fora, ali, com aqueles sentimentos, pode te ajudar.

A terceira é reconhecer as nossas qualidades, e a gente dar nome para essas qualidades.

A outra, é a gente parar de internalizar as nossas falhas. Então toda vez que vier o sentimento da Síndrome do Impostor, a gente não deixar que isso crie raiz, e a gente ali, racionalmente, trabalhe e entenda aquele sentimento, mas não internalize e entenda ele como totalmente verdade.

Uma outra dica é termos a liberdade de sermos nós mesmos. Não há nada mais libertador e mais poderoso do que a gente ter essa oportunidade de ser a gente mesmo. E saber que a gente não está sozinho, acho que é o último ponto, e que tem muita relação até com a autocompaixão — que é um tema que eu gosto muito e que tem muita relação com a Síndrome do Impostor; e dos 3 pilares para você desenvolver o senso de autocompaixão, um deles é o senso de humanidade, você saber que você não está sozinho, saber que acertos e falhas fazem parte de uma humanidade comum — todos nós somos seres humanos.

Então, eu acho que tentando recapitular um pouco das dicas que falamos aqui, tirando dicas práticas, eu diria que esses são os pontos mais importante pra gente pensar em relação à Síndrome do Impostor. Esqueci de alguma coisa importante, assim, a dica de ouro?

Heryk: Só queria comentar que quando eu comecei a pensar mais sobre esses temas, a minha namorada me chamava pra ver conteúdos sobre isso, e eu achava um saco, achava inútil, tudo tão óbvio… E aí eu dei uma segunda chance, ela me deu um livro e eu falei “tá, deixa eu começar a ler o livro”. Eu li um capítulo e falei “nossa, isso é muito difícil”. E aí eu comecei a falar sobre com o Terapeuta e esse assunto começou a facilitar. Então assim, não desistam na primeira vez, porque pra algumas pessoas é mais difícil, pra outras é mais fácil de entender, mas pra outras pessoas vai ser mais difícil falar e colocar seus sentimentos pra fora; e eu estou nessa descoberta, onde no começo eu não achei tão legal, mas eu fui descobrindo, dando outras chances, vendo outros exemplos e referências.

Acho que uma última dica que eu daria, são dois livros. O primeiro é “O momento de Voar” da Melinda Gates, que é uma delícia de ler e ela está até no Netflix em uma entrevista; é muito legal, é só colocar Melinda Gates que vai aparecer a entrevista dela lá, é super legal… e o outro livro que me ajudou muito porque parece uma pessoa que eu gostaria de conversar, de estar sempre junto e carregar comigo o livro é o “Roba como um artista”, que é um livro que mostra muito sobre essa coisa da gente olhar para os outros e buscar essa inspiração pra nós. Foi um livro que me abriu muito a cabeça sobre “eu nunca vou chegar lá”, porque não precisa… vai pegando um pouquinho de cada e vai construindo o seu Eu. Então o “Roba como um artista” me ajudou muito a começar essa etapa de uma nova descoberta… foi bem legal!

Que mais gente, que mais vocês têm de dica aí?

Nancy: Eu gostaria de sugerir um livro, que é “Os pensamentos secretos das mulheres de sucesso”, embora o título seja um pouco de autoajuda, não é. Ele é bem prático e focado, especificamente, na Síndrome do Impostor e certamente quando você começar a ler você vai se identificar com muitas passagens dela sobre a Síndrome do Impostor. E, embora fale sobre os pensamentos secretos de mulheres de sucesso, ela também deixa muito claro isso que não é exclusividade das mulheres carregar consigo, mas ela mostra um pouco da jornada das mulheres — desde à educação até a jornada de sucesso, que essa é realmente uma Síndrome que a acompanha.

Ela dá algumas dicas de como é que a gente poderia combater essas coisas. Mas é um trabalho muito mental de educação e de parar e pensar ali naquele momento de “não, peraí, eu estou sendo a impostora aqui”. Então, é um livro muito bom para ler, reler, triler, tetraler.

Bruna: E eu estou só reiterando tudo o que vocês falaram aqui. Vou pegar as dicas aqui dos livros. Eu tenho aqui o da Melinda que está como um dos próximos, mas eu sou uma leitora muito preguiçosa. Mas olha que interessante isso, eu sempre validava ser inteligente por leitura de livro, e então eu não me achava inteligente porque eu tenho sono com livro. Até que eu descobri que a minha energia cognitiva ela vem de interação, ela não vem de nada muito introvertido porque eu sou extrovertida. Então o livro me dá sono mesmo, eu demoro muito pra terminar o livro. E aí eu uso outros formatos como audiobooks ou TedTalks… então, pra mim, isso funciona melhor pra minha cognição — não que eu deixei de ler, mas eu aprendo melhor no ouvido e com a interação.

Então eu vou deixar a dica de um TED que eu acabei de deixar com a Marcela, que é da Chloé Valdary que ela fala sobre “How love can help repair social inequality”. E entra com essa dica que você deu, Renata, que é de humanizar, de como a gente humaniza. Então todo mundo tem um pouquinho de cada coisa, e ela ensina isso através de filmes da Disney e música; então ela pega letras de Rap, ela explica muito do filme da Moana que no final tem o mal e o bem que é visto como a mesma coisa — não importa o quão durão você é, você sente o medo, a agressividade… mas como é que a gente pode fazer isso através do amor, que é humanizar e aceitar as pessoas do jeito que elas são.

Renata: Que lindo, que lindo! Não poderíamos terminar esse podcast de melhor forma. Gente, eu gostaria de agradecer vocês, muito… foi um papo, foi uma aula, foi libertador e eu espero muito — pra você que está ouvindo a gente, que as experiências, as histórias, as dicas, sejam muito úteis. E quero ouvir bastante comentários, comenta lá no nosso post do Instagram — quando a gente divulgar o podcast, um pouco do sentimento de vocês, tudo o que vocês aprenderam aqui.

E queria agradecer… Bruna, muito obrigada. Nancy, muito obrigada. Heryk, muito obrigada.

Bruna: Nossa, foi um prazer! Saí energizadíssima (risos).

Nancy: Eu que agradeço também pela oportunidade. Sempre maravilhoso conversar sobre esse tema.

Heryk: Foi ótimo gente. Muito obrigada por dividir todas essas histórias e até a próxima!

Renata: Bom, ficamos por aqui. E, lembrando, fiquem ligados no nosso podcast do mês de outubro. A gente está preparando um conteúdo bem bacana pra divulgar. E queria lembrar também que aqui na SumUp estamos com diversas vagas abertas na área de Tecnologia. E queria chamar vocês pra acompanhar a SumUp nas nossas redes sociais.

No Instagram nós somos o @insidesumupbrazil, no LinkedIn nós somos Sumup. Também estamos no Medium como Inside SumUp, no Twitter como @sumupeng e no Spotify nós somos o SumUp Chats.

Ficamos por aqui, esperamos por você, até a próxima!

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