Minha experiência gerenciando times na era da ansiedade

Matheus Emanuel de Amorim Cardoso
Weni
Published in
4 min readNov 16, 2021
Encontro de líderes Weni 2021

Olá pessoal, para quem está chegando agora por aqui, me chamo Matheus Amorim há dois anos trabalho como Diretor de Serviços na Weni, a área de serviços é um grande escritório de projetos ágeis, responsável por transformar a comunicação de organizações ao redor do mundo, usando das tecnologias Weni cuja missão é libertar o potencial humano.

Nesses dois anos, tive e tenho a experiência de lidar diretamente com o gerenciamento de equipes ágeis e multidisciplinares, e no dia-a-dia com essas equipes adquiri algumas lições que irei compartilhar aqui.

Mas antes…

Por que falar de gestão de equipes do tempo da ansiedade? Com os últimos acontecimentos da nossa época, intensificação da globalização, crise econômica e agora a pandemia do novo coronavírus, a nossa sociedade adquiriu características e potencializou traços que impactam a vida cotidiana seja de forma positiva (como a consolidação do trabalho remoto) ou de forma negativa (isolamento social, perda do poder de compra, etc.).

Essas novas características definem o mundo atual de acordo com os teóricos como mundo BANI. O mundo BANI é uma evolução do mundo VUCA.

MU-VU-CA

Esse conceito surgiu nos anos 90, utilizado inicialmente pelas unidades militares dos EUA para designar o novo contexto mundial que surgiu com a queda do Muro de Berlim, e mudança que houve entre a divisão clara entre dois grandes blocos de poder substituída por várias potências locais, com interesses próprios e relações complexas.

Quatro pilares definem esse novo cenário: Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade, cujas iniciais em inglês (Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity) dão nome ao Mundo VUCA.

Como as organizações são recortes da estrutura social logo esses mesmos fatores listados acima também se tornaram cada vez mais presentes no campo empresarial.

Mas e o mundo BANI?!

O mundo BANI é um conceito de Jamais Cascio, antropólogo e futurista, que traz elementos-chave do momento atual em que vivemos no mundo (intensificação da globalização, crise econômica e pandemia do novo coronavírus). Esse novo conceito traz novos pilares que definem o atual cenário da sociedade:

  1. B — Brittle (Frágil)
  2. A — Anxious (Ansiedade)
  3. N — Nonlinear (Não-linearidade)
  4. I — Incomprehensible (Incompreensível)

Essas características definem como a nossa sociedade se relaciona e tem impacto direto nas organizações e nos times, entender esses fatores e saber como lidar com eles são fundamentais para gerenciar pessoas e times em um sistema complexo. Com a Gestão 4.0 (modelo de gestão que surgiu com a quarta revolução industrial), os líderes têm uma nova função, atuando mais como facilitadores e agregadores do que, meramente, como um tradicional chefe.

Com todo esse contexto em muitos momentos me peguei com a seguinte questão:

Como facilitar e potencializar o desenvolvimento da minha equipe em um cenário frágil, ansioso, não linear e incompreensível?

Pude perceber que exercitar algumas atitudes podem ser a forma de minimizar a influência negativa que esses fatores do mundo BANI pode gerar nas equipes e nas organizações.

  1. Primeiro exercitar o desapego, as ideias, processos e regras. A fragilidade é o princípio que traz a tona que tudo pode mudar de uma hora para a outra (seja uma nova economia, uma pandemia ou um concorrente). O desapego faz com que a gente possa antecipar situações e sempre pensar em uma segunda opção. Ter sempre um plano B é fundamental para lidar com esse fator ou para além disso, está disposto e ser ágil para construir um plano B caso seja necessário;
  2. Agir de forma transparente com a equipe e exercitar o radical candor (feedback com sinceridade radical) é a principal forma de minimizar a ansiedade. A ansiedade surge da necessidade de saber qual será o próximo passo e do sentimento que pensar nesse próximo passo pode gerar de insegurança. Enquanto líder agir com transparência, clareza e trazendo uma visão de futuro para o time é a melhor forma de lidar com a ansiedade da equipe;
  3. Realizar planejamentos mais a curto prazo, analisar a situação e contexto de forma detalhada e com uma visão focada em dados e de forma prioritária está ligado nas mudanças sociais e contemporâneas é o caminho para que os líderes possam gerenciar os efeitos de um mundo não linear.
  4. Aprender a aprender é o principal caminho para lidar com a falta de compreensão, incentivar que os times foquem em adquirir novas formas de conhecimento é o papel da liderança para isso é preciso desenvolver algumas habilidades: transparência, ética, intuição e experimentação.

Aprender a exercitar esses comportamentos é um processo de evolução que cada líder deve passar junto com seus times, mas o primordial é entender como cada um desses fatores tem afetado de forma particular suas equipes, quais atitudes e habilidades são necessárias para minimizar esses efeitos.

Como você enxerga os desafios de gestão de pessoas na era atual? Você percebe a influência do mundo BANI na sua relação com o seu time?

Espero ter ajudado um pouco na compreensão sobre como gerenciar times em contexto como o atual.

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Matheus Emanuel de Amorim Cardoso
Weni
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Acredito na construção de times sólidos com foco em uma estratégia organizacional que gere resultados para as organizações e para a sociedade.