Família é um Grande Tema.

No Humor e no Drama

Rosa Scarlett
Literatura e Cinema
3 min readJan 15, 2022

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Família é assunto que gera risos e choros, seja na vida real, seja nas produções audiovisuais. Não é sem motivo que se costuma reclamar da família. São muitos os desafios de convivência e com muita frequência, estamos envolvidos com eles.

Considerando as mais diversas configurações, pode se dizer que todo mundo tem uma família. Mergulhados em seus problemas ou nos deleitando com lembranças de infância, família é algo constituinte na nossa sociedade e é um tema sempre presente no audiovisual.

Na minha família, existem comediantes natos e histórias dolorosas que poderiam ser a trama principal de alguma novela.

E muitas vezes me pego cantando a música dos Titãs “Família, família, cachorro, gato, galinha…”. E, obviamente, lembrando de alguma treta familiar. No entanto, sempre volto para esse lugar tão afetivo e desafiador, seja buscando-a pessoalmente, seja vendo um bom filme ou série com este tema.

A lembrança mais doce que tenho em relação às séries é A Grande Família. O time cheio de feras como Marieta Severo, Marco Nanini e as confusões de Agostinho (Pedro Cardoso) me trouxeram muitos risos nervosos e descontraídos, típicos de quem se identifica e se diverte ao mesmo tempo.

O cinema percebe o potencial deste tema e somos presenteados com produções como Kramer vs. Kramer, Que horas ela volta, História de um casamento, Rosa e Momo e muitos outros. A lista poderia ficar bem maior, mas o objetivo não é listar produções, todavia, penso em dois elementos que todas estas histórias têm em comum: afetos e ausências.

Nos ligamos a pessoas queridas e formamos famílias. Porém, se os afetos são responsáveis pelas uniões, as ausências nos fazem sofrer, tomar decisões e buscar novas companhias. Formamos novas famílias. Parece estranho, mas parece que as ausências (familiares com quem não convivemos, relacionamentos que não tivemos etc.) também compõem o que somos.

Nos dramas, tanto nos filmes, quanto nas séries, as histórias possibilitam momentos de identificação, catarse e também de estranhamento. Um amigo que leu meu livro “Nas Tramas das Famílias” me perguntou se aqueles dramas são reais, se existem situações tão difíceis. Expliquei que são histórias fictícias, mas que já atendi situações ainda piores, já que sou assistente social.

Existem crianças que já sofreram um nível de violência dentro da própria família que muitos adultos sequer conseguem imaginar. Lembro de quando assistimos o filme “Mamãezinha Querida”, meu marido achou o filme muito mais violento do que as sangrentas histórias chinesas que ele adora. E nós sofremos muito com o filme, é claro.

Pode-se dizer que família é um tema que perpassa todos os filmes e séries, pois todos os personagens, no mínimo, vieram de uma família que compõe a história pregressa dos personagens, por isso, costumamos ver flashbacks em relação aos protagonistas onde aparece alguma situação envolvendo uma mãe, pai ou outro familiar.

Todavia, como tema principal, percebe-se que filmes e séries (sobretudo quando se fala de pai, mãe e crianças) costumam colocar o Judiciário com um forte poder de resolução, bem como se investe na figura de um protagonista juiz ou juíza. Todavia, mesmo em séries como Maid ou Segredos de Justiça (inspirado na obra da Dra. Andrea Pachá) as famílias se deparam com o desafio de resolver seus problemas.

Resolver ou minorar um conflito familiar não é como limpar uma casa suja. Para arrumar uma casa, como se vê em Maid, basta contratar uma faxineira e alguns clientes sequer ficam no ambiente durante a limpeza. No entanto, nenhum juiz é capaz de resolver tal conflito se não houver condições materiais, emocionais e o desejo de superação de cada integrante do grupo familiar.

Por isso, no meu livro Nas Tramas das Famílias priorizei contar histórias colocando as famílias como protagonistas e raramente aparece a figura de um juiz nos contos. Pois, na vida real, a maior parte do tempo, a vida acontece aqui fora, longe das audiências e dos fóruns.

Considerando tantas mudanças e permanências na sociedade (isto merece outro texto rsss), afetos e ausências… com certeza, ainda há muito para falar sobre as famílias. Fica aqui meu sincero desejo de que tantas tramas virem histórias de humor e drama em filmes e séries. E se você quiser conhecer alguns contos enquanto espera novas produções, indico o meu livro “Nas Tramas das Famílias”.

Rosa Scarlett

http://caminhoseditora.com.br/nastramasdasfamilias

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Rosa Scarlett
Literatura e Cinema

Sou apaixonada por cinema e amo escrever. Acredito que as histórias podem trazer novos significados para a vida e contribuem para transformar o mundo.