João Fray
InspiraSonho
Published in
11 min readJul 26, 2019

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Apoio familiar é realmente importante?

O conceito de família mudou muito ao longo dos anos; décadas atrás, o conceito de uma família com um pai solteiro, mãe solteira ou um casal LGBTQIA+ não era bem visto pela sociedade. Felizmente, esse conceito está evoluindo nos dias de hoje. Ainda existem muitas coisas que precisam ser mudadas, mas estamos moldando o conceito de que uma família é onde você encontra amor.

Eu sou filho de uma mãe solteira e, por muito tempo, eu fui criado por ela, pelos meus tios e pelos meus avós, e sempre considerei eles como a minha família. Sempre fui uma criança muito sonhadora e hoje sou capaz de perseguir meus sonhos por conta do apoio deles.

(Photo by Kevin Delvecchio on Unsplash)

Durante a minha vida, eu tive várias descobertas. Muitas delas foram boas e outras ruins, e vivi muitas dessas descobertas com a família que eu criei para mim mesmo: meus amigos.

Usando as palavras de Rupaul Charles:

“Você sabe… nós podemos escolher nossa família. Nós escolhemos as pessoas que estamos por perto. Entendeu o que eu estou dizendo?” [frase adaptada]

O que o Rupaul disse é muito importante, pois, ao escolher as pessoas que são parte do seu convívio, você se conecta com pessoas que vão te apoiar em seus projetos e em seus sonhos.

Desde meu último post no Medium do InspiraSonho, eu tive a incrível oportunidade de ser aceito em curso de curta duração sobre Teatro, Gênero, Identidade e Cinema em uma escola internacional na Índia. Contudo, eu não consegui participar desse curso porque ele custava 2000 dólares e eu recebi uma bolsa de estudos parcial. Além disso, eu tinha que pagar as minhas passagens e o visto indiano, e a escola me ofereceu apenas duas semanas para arrecadar todo esse valor.

Eu fiz uma vaquinha online em um site chamado Vakinha para tentar conseguir esse dinheiro. Entreatanto, enquanto eu divulgava esse projeto de arrecadação, tive que ler comentários como:

(Photo by Mishal Ibrahim on Unsplash)

“Você ganhou uma bolsa parcial em um curso na Índia e quer ganhar dinheiro dos outros… sério?”

“Você ganhou desconto em curso e está fazendo vaquinha para juntar TODO o resto pra representar o Brasil em um CURSO… me ajuda a te ajudar”

“Você quer representar o Brasil em um curso? Em um curso? Sério?”

Quando eu li esses comentários, confesso que fiquei muito chateado e extremamente perdido quanto ao que eu deveria fazer para arrecadar o valor necessário. Todavia, com o apoio de todas as famílias de que eu faço parte, as quais se tornaram a minha comunidade, esses comentários não me fizeram desistir de arrecadar doações.

Esse é só um exemplo de como o apoio familiar é importante, independentemente de como a sua família é constituída. Entretanto, quando eu pensei em escrever o texto que você está lendo, eu achei que apenas a minha experiência com apoio familiar não seria o bastante para explicitar o quão importante esse apoio realmente é. Sendo assim, decidi entrevistar três pessoas que estão envolvidas com atividades extracurriculares e que obtêm o apoio de suas famílias para que elas continuem participando dessas atividades. Essas pessoas foram: Luana Gattei, Pedro Klesse e Sofia Netto. Além disso, entrevistei membros das suas famílias para entender a importância do apoio familiar na vida desses jovens. Oresultado das entrevistas foi esse:

Primeira entrevista

João: Por favor, se apresente!

Luana: Olá, meu nome é Luana Gabriele Moreira Gattei, tenho 17 anos, moro em Itapira — São Paulo e estou no 3° ano do ensino médio.

João: Qual é a atividade extracurricular que mais lhe deixa feliz hoje? Por quê? Como, quando e por que você começou a se engajar com essa atividade? Esse é o espaço para você contar sua história! ❤

Luana: A atividade é dançar, pois, quando eu danço ou estou no palco, eu posso ser quem eu quiser, conseguindo me expressar e extravasar meus sentimentos. Comecei a dançar aos 3 anos, porém comecei a me interessar de verdade aos 12 anos, quando minha professora de ginástica olímpica me disse que havia uma nova turma para aulas de dança na prefeitura. Fui para experimentar e, então, comecei a tomar gosto pelo jazz. Entretanto, em 2016, conheci o street dance — também conhecido como danças urbanas — e percebi que era nesse estilo que eu realmente me encaixava e que fui feita para dançá-lo.

João: Qual é a importância dessa atividade para você e o que você conseguiu aprender com essa atividade?

Luana: Aprendi a ter muita responsabilidade, pois tinha que conciliar as competições e apresentações com o estudo.

João: Sua família apoia sua participação nessa atividade? Qual foi o impacto disso para você?

Luana: Meus pais apoiam muito. Fico feliz por isso, pois esse apoio mostra que a minha felicidade importa para eles e que eles estão dispostos a me ajudar em todas as situações.

João: Dê um conselho para as pessoas que estão lendo esse texto.

Luana: Independente de tudo, nunca desista dos seus sonhos e não se importe com quem não lhe apoia. Torça e acredite em si mesmo, pois só assim você conseguirá ir longe!

Entrevista com o pai da Luana

João: Por favor, se apresente!

Everton: Everton Gattei, 43 anos, Itapira — São Paulo, tenho superior completo e sou um supervisor de logística.

João: Quando e como você percebeu o interesse da Luana em dançar?

Everton: Quando a antiga professora de ginástica da Luana disse que ela tinha mais habilidade para a dança do que para a ginástica olímpica.

João: Por que você apoiou a Luana para participar da atividade citada?

Everton: Porque ela demonstrou interesse e é uma atividade que ela gosta muito.

João: Por favor, dê um conselho para pessoas que talvez não tenham o apoio da comunidade em que estão inseridas.

Everton: Procurem incentivos em pessoas que possam auxiliá-los em seus sonhos e interesses.

Fotos durante a participação da Luana em uma apresentação de dança.

Segunda entrevista

João: Por favor, se apresente!

Pedro: Meu nome é Pedro Klesse, tenho 18 anos, moro em Itapira-SP e acabei de concluir o 3° ensino médio (em 2018).

João: Qual é a atividade extracurricular que mais lhe deixa feliz hoje? Por quê? Como, quando e por que você começou a se engajar com essa atividade? Esse é o espaço para você contar sua história! ❤

Pedro: A atividade é participar das atividades beneficentes do Interact Club. Nele encontrei uma oportunidade de fazer a diferença, mesmo que em pequena escala, e o melhor, fazer isso entre pessoas que amam servir ao próximo e com quem eu criei um vínculo de amizade muito forte. Eu conheci o Interact através de um amigo chamado Luca; ele me convidou para ir às reuniões do clube dizendo que eu poderia transmitir o bem dentro de mim para o mundo e, além disso, fazer amigos que consideram quem está no Interact como família. Eu me interessei bastante e acabei indo a uma reunião. Eu amei demais, pois percebi que lá era um espaço muito agradável com pessoas incríveis que me receberam de braços abertos. Me interessei pelo clube porque eu vi, na reunião, que lá eu poderia mudar o mundo com pequenos atos e aprender a lidar melhor com pessoas; sempre amei isso, sou bastante extrovertido.

Na minha primeira atividade, eu me apaixonei mais ainda. Nós fomos até o Lar São José, instituição de Itapira voltada acuidar de crianças durante o contraturno escolar delas, para brincar com as crianças. Ver o sorriso no rosto de dezenas de crianças é inexplicável; eu percebi que eu estava fazendo a diferença dando um momento de alegria para elas e, para a minha surpresa, para mim também. Isso me mostrou que sou capaz de mudar o universo interior de indivíduos, espalhando o bem e a vontade de praticá-lo. Tenho amado o Interact desde então.

João: Qual é a importância dessa atividade para você e o que você conseguiu aprender com essa atividade?

Pedro: O Interact realmente é uma família para mim. Criei um vínculo enorme com muitas pessoas lá dentro e tive experiências incríveis. O Interact é importante para mim porque ele me acolheu e me ensinou a ser uma pessoa mais empática, com uma visão mais ampla do mundo e, acima de tudo, a servir outras pessoas pelo simples fato de melhorar a vida delas.

João: Sua família apoia sua participação nessa atividade? Qual foi o impacto disso para você?

Pedro: Sim, meus responsáveis sempre me apoiaram a ir às atividades e eventos do clube, o que me proporcionou ainda mais ânimo para participar.

João: Dê um conselho para as pessoas que estão lendo esse texto.

Pedro: Eu aconselho a todos que invistam pesado em fazer o bem, pois o retorno é gratificante demais, trazendo paz de espírito e felicidade quando vocês veem que fizeram a diferença para alguém. Façam o máximo possível pelos outros, que o universo lhes trará o dobro de bondade.

Foto durante a participação do Pedro (abraçando) em uma ação do Interact Club de Itapira.

Entrevista com o pai do Pedro

João: Por favor, se apresente!

Claudio: Claudio, 49 anos, ensino médio completo.

João: Quando e como você percebeu o interesse do Pedro em participar do Interact Itapira?

Claudio: Quando, a todo momento, meu filho me perguntava se podia ir às reuniões e sair com os amigos que ele fez lá.

João: Por que você apoiou o Pedro a participar da atividade citada?

Claudio: Porque eu percebi que meu filho se sentia bem participando do clube, e isso o deixava feliz.

João: Por favor, dê um conselho para pessoas que talvez não tenham o apoio da comunidade em que elas estão inseridas.

Claudio: Eu diria a essa pessoas que, não importa de onde você veio ou quem você é, fazer o bem e ajudar o próximo sempre é possível e necessário.

Terceira entrevista

João: Por favor, se apresente!

Sofia: Oi gente! Meu nome é Sofia Netto, tenho 17 anos e moro em Belo Horizonte — MG. Atualmente curso o terceiro ano do Ensino Médio no Colégio Militar de Belo Horizonte.

João: Qual é a atividade extracurricular que mais lhe deixa feliz hoje? Por quê? Como, quando e por que você começou a se engajar com essa atividade? Esse é o espaço para você contar sua história! ❤

Sofia: Atualmente eu diria que o Clube de Relações Internacionais para Estudantes (CRIE) ou a Legião de Honra (LH), um grupo de alunos que é escolhido com base em comportamento e atitudes dentro da escola e que realiza ações de caridade e campanhas sobre o Setembro Amarelo, por exemplo. Eu entrei no CRIE em 2015, na minha primeira simulação. Desde então, faço parte dos Modelos de Simulações da ONU (MUN), o que se tornou uma paixão. No caso da LH, eu faço parte desde 2014 e, agora, tenho a honra de ser presidente! Ambos mudaram completamente a minha vida e ajudaram a moldar a pessoa que sou hoje, que ama simular e fazer causas sociais e que descobriu um mundo cheio de novas oportunidades através dessas atividades.

João: Qual é a importância dessa atividade para você e o que você conseguiu aprender com essa atividade?

Sofia: Como disse, ambos os projetos mudaram a minha vida e, através deles, eu consegui superar vários medos, como o de falar em público. Hoje eu me considero uma pessoa muito mais engajada com minhas atividades e com minhas crenças do que é correto. Tudo isso é reflexo das atividades que comecei a realizar 4 ou 5anos atrás. Eu considero super importante você encontrar algo que lhe faça sentir que você está fazendo a coisa certa e que está no rumo certo. Para mim, isso foi o que aconteceu através da Legião de Honra e do CRIE.

João: Sua família apoia sua participação nessa atividade? Qual foi o impacto disso para você?

Sofia: No começo, meus pais não gostavam que eu me envolvesse tanto com essas atividades, pois eles não viam como aquilo poderia me trazer algo além das preocupações em fazer tudo certo e em ter certeza de que todos os eventos sairiam como esperado. Porém, assim que eles perceberam que essas atividades eram uma paixão e que eu não desistiria tão facilmente, meus pais começaram a me apoiar e a me ajudar. Sendo bem honesta, sem o apoio deles eu não teria ido tão longe e participado do modelo de simulações da ONU de Harvard (a HMUN) e do Latin America Leadership Academy (LALA), que ainda ocorrerá. Esse apoio foi essencial para eu perceber que não estou sozinha e que eu realmente tenho alguém ao meu lado; e não é qualquer pessoa, são aqueles que nunca me deixaram na mão e que sempre fazem de tudo para me ajudar: os meus pais. :)

João: Dê um conselho para as pessoas que estão lendo esse texto.

Sofia: Nunca deixe de acreditar que seus sonhos podem se realizar. Isso é muito importante para que eles se realizem de fato. A mudança começa por nós mesmos e, por isso, começar a acreditar mais em você e no seu potencial é o primeiro passo para atingir seus sonhos! Nunca se deixe abalar por uma derrota e sempre acredite que mais vitórias estão por vir! :)

Entrevista com o pai da Sofia

João: Por favor, se apresente!

Ricardo: Olá! Meu nome é Ricardo Netto, tenho 59 anos, moro em Belo Horizonte, tenho pós doutorado e sou oficial do exército aposentado.

João: Quando e como você percebeu o interesse da Sofia em participar destas atividades?

Ricardo: Eu só percebi no Ensino Médio, pois, até então, achei que fosse um modismo passageiro.

João: Por que você apoiou a Sofia a participar das atividades citadas?

Ricardo: Eu a apoio pois era notável como minha filha ficava triste e desanimada, e nunca gostei de vê-la assim. Hoje eu percebo que as atividades realmente a atraem e o quanto minha filha ama fazer parte dessas atividades, além de ser um possível caminho para a vida profissional dela.

João: Por favor, dê um conselho para pessoas que talvez não tenham o apoio da comunidade em que elas estão inseridas.

Ricardo: Tentem conversar com seus pais e dialogar, mostrando que é seu interesse genuíno, não apenas uma moda ou influência de amigos. Mostre que é algo que você realmente gosta e o quanto isso lhe ajuda a crescer e a ser mais feliz.

Foto durante a participação da Sofia no modelo de simulações da ONU de Harvard (a HMUN).

Depois de conhecer as histórias desses jovens incríveis, eu espero que você tenha entendido a importância de ter o apoio de outras pessoas no desenvolvimento de qualquer atividade extracurricular que você se interessa e na construção de um futuro melhor para você.

Eu sei que, muitas vezes, nós queremos fazer diversas coisas sozinhos. Entretanto, saiba que você pode se reinventar e aprender muitas coisas se você se conectar com outras pessoas, principalmente com a sua família, independentemente de quem você considera ser parte dela.

Família é onde existe amor!

Escrito por João Fray (Embaixador — 2019).

Revisado por Giácomo Ramos.

Texto dedicado a todas as minhas famílias e atodos os sonhadores que estão lendo esse texto.

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