Os Primórdios da Arte Cristã (pt. 1)

Philip Schaff

Absalão Marques
Instituto Aletheia
13 min readJul 6, 2020

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Catacumba de Sta. Domitila, Roma.

LITERATURA

FR. Münter: Sinnbilder u. Kunstvorstellungen der alten Christen. Altona, 1825.

Grüneisen: Ueber die Ursachen des Kunsthasses in den drei ersten Jahrhunderten. Stuttg., 1831.

Helmsdörfer: Christl. Kunstsymbolik u. Ikonographie. Frkf., 1839.

F. Piper: Mythologie u. Symbolik der christl. Kunst. 2 vols. Weimar, 1847–51. Ueber den christl. Bilderkreis. Berl., 1852 (p. 3–10). Do mesmo: Einleitung in die monumentale Theologie. Gotha, 1867.

J. B. De Rossi (Cat. Rom.): De Christianis monumentis ἰχθύν exhibentibus, no terceiro volume de “Spicilegium Solesmense” de Pitra. Paris, 1855. Também sua grande obra sobre as Catacumbas Romanas (Roma Sotteranea, 1864–1867), e sua Arqueologia, “Bulletin” (Bulletino di Archeologia cristiana, desde 1863).

A. Welby Pugin (Arquiteto e Professor de Antiguidades Ecles. em Oscott, um convertido à Igreja Católica Romana, † 1852): Glossary of Ecclesiastical Ornament and Costume. Lond., 1844, 4, 3ª ed. 1868, revisada e ampliada por B. Smith, com 70 lâminas. Ver o art. “Cross”.

P. Raffaelle Garrucci (Jesuíta): Storia delta Arte Cristiana nei primi otto secoli delta chiesa. Prato, 1872–’80, 6 vols. fol., com 500 lâminas e ilustrações magníficas. Uma obra mais importante, mas intensamente romanista. Do mesmo: Il crocifisso graffito in casa dei Cesari. Rom., 1857.

Fr. Becker: Die Darstellung Jesu Christi unter dem Bilde des Fisches auf den Monumenten der Kirche der Katakomben, erläutert. Breslau, 1866. Do mesmo: Das Spott-Crucifix der römischen Kaiserpaläste aus dem Anfang des dritten Jahrh. Breslau, 1866 (44 págs.). Do mesmo: Die Wand-und Deckengemälde der röm. Katakomben. Gera, 1876.

Abade Jos. Al. Martigny: Diction. des Antiquités Chrétiennes. Paris, 1865, 2ª ed., 1877 (com valiosas ilustrações).

F. X. Kraus (Cat. Rom.): Die christl. Kunst in ihren frühesten Anfängen. Leipzig, 1873 (219 páginas e 53 xilogravuras). Também vários artigos em sua “Real-Encyklop. der. christl. Alterthümer”, Freiburg i. B. 1880, ss. (As gravuras principalmente de Martigny).

H. Achelis: Das Symbol d. Fisches u. d. Fischdemkmäler, Marb., 1888.

C. W. Bennett: Christian Archaeology, N. York, 1888.

A ORIGEM DA ARTE CRISTÃ

O cristianismo não deve sua origem nem à arte nem à ciência, e é completamente independente de ambas. Contudo, ele as penetra e perpassa com sua natureza celestial, inspirando-as com um alvo mais elevado e mais nobre. A arte atinge sua verdadeira perfeição na adoração, como uma incorporação da devoção em belas formas, que proporcionam um prazer puro e, ao mesmo tempo, instigam e promovem o sentimento devocional. A poesia e a música, as artes mais livres e espirituais, que apresentam seus ideais em palavras e tons, e levam imediatamente da forma exterior à substância espiritual, eram um elemento essencial da adoração no judaísmo, e daí passaram, no canto dos salmos, à Igreja Cristã.

Não sucede o mesmo com as artes plásticas da escultura e da pintura, que empregam um material mais grosseiro — pedra, madeira, cor — como o meio de representação, e que, para um grau inferior de cultura, tendem quase que invariavelmente ao abuso quando postas em contato com a adoração. Daí a proibição rigorosa dessas artes pelas religiões monoteístas. Os maometanos, neste aspecto, seguem os judeus; suas mesquitas são tão desprovidas de imagens de seres vivos quanto as sinagogas, e abominam o culto das imagens dos cristãos gregos e romanos como uma espécie de idolatria.

A igreja pré-nicena, herdando o decálogo mosaico, e empenhada no conflito mortal com a idolatria pagã, era, a princípio, avessa a essas artes. Ademais, sua humilde condição, seu desprezo por toda ostentação hipócrita e vaidade terrena, seu entusiasmo pelo martírio, e sua envolvente expectativa pela rápida destruição do mundo e o estabelecimento do reino milenar, tornaram-na indiferente à parte ornamental da vida. Os rigorosos montanistas, neste aspecto, precursores dos puritanos, eram os mais hostis à arte. Porém, mesmo o altamente culto Clemente de Alexandria pôs o culto espiritual a Deus em contraste incisivo com a representação pictórica do divino. “O hábito da visão cotidiana”, diz ele, “rebaixa a divindade do divino, que não pode ser honrada, mas tão somente degradada, pela matéria sensível”.

Não obstante, essa aversão à arte não parece ter se estendido aos meros símbolos tais como encontramos mesmo no Antigo Testamento, como a serpente de bronze e o querubim no templo. Em todo caso, após meados ou o final do século II, encontramos os rústicos primórdios da arte cristã na forma de símbolos figurativos na vida privada e social dos cristãos, e mais tarde, na adoração pública. Isso é evidente em Tertuliano e outros escritores do século III, e é abundantemente confirmado pelas Catacumbas, conquanto a época dos seus resquícios pictóricos mais antigos seja uma questão de incerteza e debate.

A origem desses símbolos deve residir no desejo instintivo dos cristãos de ter sinais [1] visíveis da verdade religiosa, que pudessem lembrar-lhes continuamente do seu Redentor e da santa vocação deles, e que lhes forneceria, ao mesmo tempo, o melhor substituto para os sinais da idolatria pagã. Pois todo dia eles estavam cercados por figuras mitológicas, não somente nos templos e lugares públicos, mas também nas casas privadas, nas paredes, pisos, cálices, anéis de selar e lápides. Por mais inocente e natural que este empenho fosse, podia facilmente levar, na multidão menos inteligente, à confusão do sinal com a coisa significada, e a muitas superstições. No entanto, esse resultado foi o menos aparente nos três primeiros séculos, porquanto nesse período as obras artísticas restringiam-se, em grande parte, ao domínio do símbolo e da alegoria.

Catacumba de S. Lourenço, Roma.

Dos recantos privados das casas e catacumbas cristãs as representações artísticas das coisas sagradas passaram às igrejas públicas no século IV, mas sob um protesto que continuou por um longo tempo e deu origem às violentas controvérsias sobre as imagens, que não foram resolvidas até o Concílio de Niceia II (787), em favor de um culto limitado das imagens. O Concílio Espanhol de Elvira (Granada), primeiramente em 306, suscitou um vultoso protesto, e proibiu (no trigésimo sexto cânone) “imagens na igreja (picturas in ecclesia), a fim de que os objetos de veneração e culto não sejam representados nas paredes”. Tal parece quase iconoclasta e puritano, todavia, tendo em vista as numerosas ilustrações e esculturas antigas nas catacumbas, a proibição provavelmente deve ser compreendida como uma medida temporária de conveniência nesse período de transição. [2]

A CRUZ E O CRUCIFIXO

“Só tu, religião da cruz, é que arranjas em unidade / Na mesma grinalda a dúplice palma do poder e da humildade!” (Schiller) [3]

Cf. as obras citadas em § 75 e as listas em Zöckler e Fulda.

Justus Lipsius (Cat. Rom., † 1606, Prof. em Louvain): De Cruce libri tres, ad sacram profanamque historiam utiles. Antw., 1595, e edições posteriores.

Jac. Gretser (Jesuíta): De Cruce Christi rebusque ad eam pertinentibus. Ingolst., 1598–1605, 3 vols. 4to; 3ª ed. revisada, 1608; também em sua Opera, Ratisb., 1734, Tomo I-III.

Wm. Haslam: The Cross and the Serpent: being a brief History of the Triumph of the Cross. Oxford, 1849.

W. R. Alger: History of the Cross. Boston, 1858.

Gabr. de Mortillet: Le Signe de la Croix avant le Christianisme. Paris, 1866.

A. Ch. A. Zestermann: Die bildliche Darstellung des Kreuzes und der Kreuzigung historisch entwickelt. Leipzig, 1867 e 1868.

J. Stockbauer (Cat. Rom.): Kunstgeschichte des Kreuzes. Schaffhausen, 1870.

O. Zöckler (Prof. em Greifswald): Das Kreuz Christi. Religionshistorische und kirchlich archaeologische Untersuchungen. Gütersloh, 1875 (484 págs., com uma lista ampla de obras, págs. xiii-xxiv). Tradução em inglês por M. G. Evans, Lond., 1878.

Ernst v. Bunsen: Das Symbol des Kreuzes bei alten Nationen und die Entstehung des Kreuzsymbols der christlichen Kirche. Berlim, 1876 (cheia de hipóteses).

Hermann Fulda: Das Kreuz und die Kreuzigung, Eine antiquarische Untersuchung. Breslau, 1878. Polêmica contra as visões recebidas desde Lipsius. Ver uma lista completa de literatura em Fulda, págs. 299–328.

E. Dobbert: Zur Enttehungsgeschichte des Kreuzes, Leipzig, 1880.

O mais antigo e mais estimado, mas também o mais deturpado, dos símbolos cristãos é a cruz, o sinal da redenção, às vezes isolada, às vezes com o Alfa e o Ômega, às vezes com a âncora da esperança ou a palma da paz. Disso surgiu, antes do século II, o costume de fazer o sinal da cruz, [4] ao levantar-se, ao banhar-se, ao sair, ao comer, em suma, ao envolver-se em quaisquer afazeres da vida cotidiana; um costume provavelmente acompanhado, em muitos casos, mesmo àquela época, de confiança supersticiosa na eficácia mágica deste sinal; por isso Tertuliano achou necessário defender os cristãos da acusação pagã de adoração da cruz (staurolatria). [5]

Cipriano e as Constituições Apostólicas mencionam o sinal da cruz como uma parte do rito batismal, e Lactâncio fala a seu respeito como sendo eficaz contra os demônios no exorcismo batismal. Prudêncio o recomenda como uma proteção contra tentações e pesadelos. Encontramos amiúde, outrossim, particularmente em ornamentos e lápides, o monograma do nome de Cristo, XP, geralmente combinado no caráter cruciforme, ou isolado ou com as letras gregas Alfa e Ômega, “o princípio e o fim”; em casos posteriores, com a adição: “No sinal”. [6] Logo depois da vitória de Constantino sobre Maxêncio, pelo auxílio do Lábaro (312), cruzes eram vistas em elmos, broquéis, estandartes, coroas, cetros, moedas e selos, em variadas formas. [7]

Mosaico de Monograma, Israel.

A cruz era desprezada pelos romanos pagãos por causa da crucificação, o castigo ignominioso dos escravos e dos piores criminosos; mas os Apologistas lembraram-lhes da identificação inconsciente do sinal salutar [8] na forma dos estandartes e símbolos trunfais deles, e das analogias na natureza, como a forma do homem com os braços estendidos, o pássaro alado e o navio a vela. [9] Nem tampouco o uso simbólico da cruz restringia-se à Igreja Cristã, mas encontra-se entre os antigos egípcios, os budistas na Índia, os mexicanos antes da conquista, e outras nações pagãs, como um símbolo tanto de bênção quanto de maldição. [10]

A cruz e a Oração do Senhor podem ser chamadas os maiores mártires na cristandade. A despeito tanto do abuso supersticioso como do protesto puritano, elas dão um característico testemunho do significado do grandioso fato de que nos lembram.

O crucifixo, isto é, a representação esculturada ou esculpida do nosso Salvador fixado à cruz, é de data muito posterior, e não pode ser claramente rastreado antes de meados do século VI. Não é mencionado por nenhum escritor da era nicena ou calcedônia. Um dos crucifixos mais antigos conhecidos, se não o mais antigo, encontra-se em uma cópia siríaca ricamente esclarecida dos Evangelhos, em Florença, do ano 586. [11] Gregório de Tours († 595) descreve um crucifixo na igreja de S. Genésio, em Narbona, que apresentava o Crucificado quase totalmente nu. [12] Mas isso escandalizou, e foi velado, por ordem do bispo, com uma cortina, e somente algumas vezes era exposto ao povo. O Venerável Beda relata que um crucifixo, portando de um lado o Crucificado, e do outro a serpente erigida por Moisés, foi levado de Roma para o claustro britânico de Weremouth em 686. [13]

OBSERVAÇÃO

O primeiro símbolo da crucificação era a cruz somente; depois seguiu-se a cruz e o cordeiro — ou o cordeiro com a cruz na fronte ou no ombro, ou o cordeiro fixado à cruz; depois a figura de Cristo em conexão com a cruz — ou Cristo segurando-a em sua mão direita (no sarcófago de Probo, † 395) ou Cristo com a cruz ao fundo (na igreja de Sta. Pudenciana, construída em 398); finalmente, Cristo pregado à cruz.

Αλεξαμενος ϲεβετε θεον.

Tem sido feita uma tentativa de rastrear os crucifixos até ao século III ou II, em consequência da descoberta, em 1857, de um crucifixo zombeteiro na parede nas ruínas dos palácios imperiais no declive ocidental da colina Palatino em Roma, que está preservado no Museu Kircheriano. Mostra a figura de um homem crucificado com a cabeça de um asno ou um cavalo, e uma figura humana ajoelhando-se perante ele, com a inscrição: “Alexamenos adora seu Deus” [14] Essa figura foi, sem dúvida, riscada na parede por algum inimigo pagão para ridicularizar um cristão escravo ou pajem da casa imperial, ou possivelmente até o imperador Alexandre Severo (222–235), que, por seu sincretismo religioso, expunha-se à crítica sarcástica. A data da caricatura é incerta; mas sabemos que, no século II, os cristãos, como os judeus antes deles, foram acusados de adorar um asno, e que já àquele tempo haviam cristãos no palácio imperial. [15] Após o século III, esta tola acusação desaparece. Arqueólogos romanos (P. Garrucci, P. Mozzoni e Martigny) inferem deste crucifixo zombeteiro que os crucifixos estavam em voga entre os cristãos já no final do século II, uma vez que o original precede a caricatura. O pagão Cecílio em Minúcio Félix (cap. 10) testifica explicitamente a ausência de simulacra cristão. Assim como as imagens mais antigas de Cristo, até onde sabemos, originaram-se não entre os cristãos ortodoxos, mas entre os gnósticos heréticos e semipagãos, também a representação mais antiga conhecida do crucifixo foi a figura caricata das mãos de um pagão — uma excelente ilustração das palavras de Paulo de que a pregação do Cristo crucificado é loucura para os gregos.

OUTROS SÍMBOLOS CRISTÃOS

Catacumba de Sta. Domitila, Roma.

Os seguintes símbolos, emprestados das Escrituras, eram frequentemente representados nas catacumbas, e relacionam-se às virtudes e aos deveres da vida cristã: a pomba, com ou sem o ramo de oliveira, o tipo da simplicidade e da inocência; [16] o barco, às vezes representando a Igreja, navegando em segurança pelo dilúvio da corrupção, com referência à arca de Noé, às vezes a alma individual em sua viagem ao lar celestial sob a condução do Salvador a controlar a tempestade; o ramo de palmeira, que o vidente do Apocalipse põe nas mãos dos eleitos, como um sinal de vitória; [17] a âncora, a figura de esperança; [18] a harpa, denotando alegria festiva e doce harmonia; [19] o galo, uma admoestação à vigilância, com referência à queda de Pedro; [20] a corça que anseia pelas correntes das águas frescas; [21] e a videira que, com seus ramos e cachos, ilustra a união dos cristãos com Cristo conforme a parábola, e a riqueza e o gozo da vida cristã. [22]

A fênix, um símbolo de rejuvenescimento e da ressurreição, é derivada do célebre mito pagão. [23]

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[1] Schaff usa aqui a palavra “token”, tācen no inglês antigo, de origem germânica, relacionada à palavra holandesa teken e à alemã Zeichen, e, ao verbo inglês atual “teach”, ensinar, instruir, designando, portanto, a função propriamente pedagógica de um símbolo [N. do T.].

[2] Ver acima, p. 180.

[3]Der deutscheit Muse schönstes Distichon”.

[4] Signaculum ou signum crucis.

[5] Apologeticum, cap. 16; Ad Nat., I.12. Juliano, o Apóstata, levantou a mesma acusação contra os cristãos de seus dias.

[6]In signo”, i.e., “In hoc signo vinces”, o lema de Constantino.

[7] Arqueólogos distinguem sete ou mais formas da cruz:

A história da descoberta e da elevação milagrosas da verdadeira cruz de Cristo por Helena, mãe de Constantino, pertence à era nicena. A conexão da cruz com α e ω surgiu da designação apocalíptica de Cristo (Ap 1.8; 21.6; 22.13), que é também explicada por Prudêncio (Cathem. hymn., IX.10–12):

“Alpha et Omega cognominatus; ipse fons et clausula,

Omnia quae sunt, fuerunt, quaeque postfutura sunt.”

[8] O tradicional símbolo da saúde, como até hoje se vê associado aos hospitais. [N. do T.].

[9] Minúcio Félix, Octav., cap 29: “Tropaea vestra victricia non tantum simplicis crucisfaciem, verum etiam adfixi hominis imituntur. Signum sane crucis naturaliter visimus in navi, cum velis tumentibus vehitur, cum expansis palmulis labitur; et cum ergitur jugum, crucis signum est; et cum homo porrectis manibus Deum pura mente venerator. Ita signo crucis aut ratio naturalis innititur, aut vestra religio formatur”. Cf. uma passagem muito similar em Tertuliano, Apol., cap. 16; e Ad Nat. I.12; também em Justino M., Apol., I.55.

[10] Quando o templo de Serápis foi destruído (390 a.D.), sinais da cruz foram encontrados sob os hieróglifos, e pagãos e cristãos o atribuíam às suas religiões. Sócrates, H. E., V.17; Sozomeno, VII.15; Teodoreto, V.22. Sobre a cruz budista, ver Medhurst, China, p. 217. Na descoberta do México, os espanhóis encontraram o sinal da cruz como um objeto de culto nos templos aos ídolos em Anáhuac. Prescott, Conquest of Mexico, III, 338–340. Sobre o uso pagão da Cruz, ver Haslam, Mortillet, Zöckler (l.c., 7, ss) e Brinton, Myths of the New World; também o artigo “The pre-Christian Cross”, na “Edinburgh Review”, janeiro de 1870. Zöckler diz (p. 95): “Alter Fluch und Segen, alles Todeselend und alle Lebensherrlichkeit, die durch dir vorchristliche Menschheit ausgebreitet gewesen, erscheinen in dem Kreuze auf Golgatha conrentrirt zum wundervollsten Gebilde, der religiös sittlichen Entwicklung unseres Geschlechtes”.

[11] Ver Becker, l.c., p. 38, Palæographia Sacra de Westwood, e Smith e Cheetham, I.515.

[12]Pictura, quae Dominum nostrum quasi praecinctum linteo indicat crucifixum”. De Gloria Martyrum, lib. I, cap. 28.

[13] Opera, ed. Giles, IV., p. 376. Um crucifixo se encontra em um MS. irlandês escrito por volta de 800. Ver Westwood, como citado em Smith e Cheetham, I.516.

[14] Ἀλεξάμενος σέβετ [αι] θεόν. O monumento foi publicado pela primeira vez pelo jesuíta Garrucci, e é discutido por completo por Becker no ensaio citado. Uma xilogravura também é fornecida em Smith e Cheetham, I.516.

[15] Cf. sobre a suposta ὀνολατρεία dos cristãos, Tertuliano, Apol., cap. 16 (“Nam et somniastis caput asininum esse Deum nostrum”, etc.); Ad nationes, I.11, 14; Minúcio Félix, Octav., 9. Tertuliano remonta esta absurdidade a Cornélio Tácito, que a atribui aos judeus (Hist., V.4).

[16] Cf. Mt 3.16; 10.16; Gn 8.11; Ct 6.9.

[17] Ap 7.9. A palma tem um significado semelhante para os pagãos. Horácio escreve (Od., I.1): “Palmaque nobilis Terrarum dominos evehit ad deos”.

[18] Hb 6.19. Da mesma maneira entre os pagãos.

[19] Cf. Ef 5.19.

[20] Mt 26.34 e passagens paralelas.

[21] Sl 42.1

[22] Jo 15.1–6. As parábolas do Bom Pastor e da Videira e os Ramos, ambas registradas somente por S. João, parecem ter sido as mais proeminentes na mente dos cristãos primitivos, visto que estão nas catacumbas. “O que eles valorizavam” (diz Stanley, Christ. Inst., p. 288), “o que sentiam, era uma nova influência moral, uma nova vida percorrendo furtivamente suas veias, uma nova vigor concedido aos seus corpos, uma nova coragem transparecendo em seus semblantes, como o vinho ao trabalhador exausto, como a seiva nas centenas de ramos de uma árvore frondosa, como o suco nos milhares de cachos de uma extensa videira”. Contudo, mais importante do que isso era a ideia de união vital dos crentes com Cristo e uns com os outros, simbolizada pela videira e seus ramos.

[23] A fabulosa fênix não é mencionada em nenhum lugar na Bíblia, sendo usada pela primeira vez por Clemente de Roma, Ad Cor., cap. 25, e por Tertuliano, De Resurr., cap. 13. Cf. Plínio, Hist. Nat., XIII.4.

Texto extraído e traduzido de History of the Christian Church, vol. II., págs. 266–274.

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