Insights na TRILHA

Marla Rochelli
Instituto Mandara
Published in
4 min readJan 31, 2017

5 percepções reais da superação surreal sobre o irreal que quer nos consumir durante uma trilha

Eis que decidi subir a Serra da Aratanha, em Pacatuba, Ceará, para vivenciar uma experiência que durou 6h, entre caminhada, trilha e rapel. Eu nem estava me sentindo preparada, nem conhecia o restante do grupo, nem jamais havia feito rapel na minha vida, mas fui. Durante o percurso, vários desafios foram superados, e compartilho aqui os 5 Melhores Insights.

1) Não adianta conhecer a trilha se você não conhecer a si mesmo

É importante pesquisar sobre o local para o qual está indo, descobrir ao máximo suas peculiaridades e definir a melhor rota. Mas nada disso terá valor se você não conhecer a si próprio, se não souber reconhecer suas fortalezas, pontos de melhoria, motivadores. Parei e me perguntei: “Afinal, o que me trouxe até aqui? O que me fez saltar da cama às 6h da manhã de um domingo e seguir para uma região distante para encontrar um grupo “desconhecido” para, ‘juntos’, seguirmos por uma trilha inteiramente nova?” Entender o que lhe motiva é só o começo da jornada.

2) Não registre toda a trilha. S-I-N-T-A a trilha e tudo ao seu redor

Aproveite a trilha para perceber sua programação mental. Você costuma reclamar? Fala sobre assuntos aleatórios sem parar? Necessita registrar cada passo, filmar cada instante? Prefere guiar a ser guiado? O significado das experiências que vivenciamos quase sempre está nas entrelinhas, na simplicidade, no silêncio. Estou falando do mesmo fenômeno que comprova que pessoas que visitam exposições SEM celulares tem uma experiência MUITO mais rica, pois conseguem descrever tudo o que sentiram, enxergaram, escutaram, inalaram e tocaram simplesmente porque estão presentes de fato e em essência, e não enxergando o mundo pela tela de um dispositivo.

3) Não julgue nem se compare. A trilha parece a mesma, mas cada um tem seu próprio MAPA

Assim como na vida, numa trilha a gente se depara com todo tipo de “Avatar”. No meu caso, eram cerca de 15 pessoas que, entre perfis e visões, gostos e ritmos, escondiam uma infinidade de pensamentos e sentimentos diferentes, divergentes e por vezes opostos aos meus. Estávamos no mesmo lugar, com propósitos diferentes. Sentíamos o mesmo calor, fome, sede e cansaço, mas reagíamos de formas diferentes. É aí que você percebe que inteligência é perceber essa heterogeneidade. Mas sabedoria é entender que não há certo nem errado, perfil bom ou ruim, companhia agradável ou inconveniente. O que há é o MEU MAPA e o MAPA DO OUTRO. E é por ele que somos efetivamente guiados.

4) Quando achar que já chegou ao limite, expanda sua mente e seus sentidos

Somos nossos maiores sabotadores. Nossa mente cria situações e contextos para justificar o “status quo” com maestria. Respeite seu corpo, seu condicionamento físico, as condições climáticas, mas não caia na armadilha de se vitimizar, de achar que já foi longe o suficiente, que aquele tempo de caminhada já deu, que já está satisfeito com o que alcançou, que é hora de voltar. Traga esses pensamentos sabotadores pra sua vida e pense nos passos medíocres que você deu por medo, preguiça, conformismo ou crenças limitantes. Pense nos resultados pífios que alcançou pelo “coitadismo” recorrente, pela ausência de protagonismo, pela zona de conforto. E pense ainda sobre a forma como tem (des)cuidado de seu corpo. Do que essa dupla (mente e corpo) tem se alimentado ultimamente? Que preço você está pagando agora pelas decisões que tomou (ou deixou de tomar) ao longo dos anos? Depois disso tudo, tome cuidado para não olhar para os lados e negligenciar o que lhe rodeia. Assim como as pessoas, absolutamente NADA é igual numa trilha. Nem uma pedra, nem uma folha, nem uma árvore, nem um pássaro. Se você não consegue perceber a beleza que lhe rodeia, em paisagens, cheiros, cores, sabores e possibilidades, certamente deve haver um excesso de ruído interno em você. Esvazie sua mente e limpe seu coração. Em seguida, observe e apenas agradeça por estar exatamente aonde deveria estar.

5) Quando a caminhada chega ao fim, na realidade ainda não terminou

A vitória não vem no final. Ela está bem ali, disfarçada em cada curva, em cada parada reflexiva, em cada deslizada de tênis, em cada desafio superado. Comemore, sinta, contemple. Reconheça suas conquistas. Não importa se estamos falando do 15º pico mais alto do seu Estado (como era o caso), ou da montanha mais alta do Planeta (Everest). Só alcança o topo quem ousa dar o primeiro passo. É óbvio que quem se prepara chega melhor.

A nossa jornada tem tudo para ser incrível. Internamente, já temos todos os recursos capazes de nos inspirar, impulsionar, agir, evoluir. Podemos não saber utilizá-los, mas a vida não dá “pause” enquanto aprendemos a rota. Assim como as trilhas estão esperando para serem desbravadas, seu cérebro está esperando para ser desafiado, decifrado, treinado. Expandir a mente para novas experiências requer a coragem de desbravar primeiro sua trilha interior. No final das contas, é ela quem vai decidir se em breve você estará diante de paisagens deslumbrantes ou de caminhos inóspitos e sombrios. Faça sua escolha. Trilhe seu caminho.

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Marla Rochelli
Instituto Mandara

Fundadora do Instituto Mandara. Trabalha com criatividade, carreira, propósito, protagonismo e paixão. Inquieta por natureza. Ousada por opção.