A INFLEXÃO ESTADUNIDENSE E OS NOVOS PÁRIAS

Redação — Instituto Mosaico
Instituto Mosaico
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3 min readNov 9, 2020

Fernando Roberto de Freitas Almeida

Imagem: Confiante na América

Após dias tensos (68% dos estadunidenses com sinais de estresse, pelo processo eleitoral na pandemia), em 7/11, o democrata, Joseph Robinette “Joe” Biden Jr., nascido em 20/11/1942, tornou-se o 46º presidente dos EUA. Acompanhado na chapa por uma mulher, considerada negra pelos padrões locais, descendente de jamaicana e indiano, com 56 anos, sua vitória marca ponto de inflexão, de retorno aos padrões tradicionais da política de seu país. Desde os tempos da Grande Depressão dos anos 1930, associa-se a questões relacionadas ao mundo do trabalho e pautas de interesse social. As origens mais distantes do partido estão na fundação do Partido Democrata-Republicano, por Thomas Jefferson, em 1791, mas foi constituído em 1828, elegendo o presidente Andrew Jackson, em 1829. De lá para cá, houve quinze presidentes democratas, o mais recente o advogado Barack Obama. Em agosto último, o Partido publicou sua plataforma oficial, em que cita:

“usar força somente quando necessário, sempre como último recurso, e com o consentimento do povo estadunidense”;

. “recorrer a parcerias internacionais e instituições para “encontrar desafios em comum que nenhum país consegue encarar sozinho”:

-“encerrar de maneira responsável nossas guerras duradouras”;

“Nossas ações militares, que se espalharam da África Ocidental até o Sudeste da Ásia, custaram mais de US$ 5 trilhões e mataram mais de meio milhão de vidas. Nossa guerra no Afeganistão é a guerra mais duradoura na história estadunidense.” Por isso, “é hora de encerrar quase duas décadas de conflitos incessantes”;

- acordo de paz no Afeganistão;

- fim do apoio à guerra liderada pelos sauditas no Iêmen (uma guerra que “é responsável pela pior crise humanitária do mundo”):

- trabalhar com o Congresso para revogar autorizações de uso de força militar, para abordagem estreita e específica que garantirá que possamos proteger os estadunidenses de ameaças terroristas enquanto encerramos essas guerras intermináveis”.

- “ao invés de ocupar países e depor regimes para prevenir ataques terroristas, os democratas vão priorizar ferramentas diplomáticas e de inteligência mais efetivas e menos custosas”.

- menos gastos militares, para “estabilidade, previsibilidade, e disciplina fiscal nos gastos de Defesa”. “Gastamos 13 vezes mais com exército do que com diplomacia, 5 vezes mais no Afeganistão a cada ano do que com saúde pública global e prevenção contra pandemias. Podemos manter uma defesa forte e proteger nossa segurança por menos”.

— ajudar países em desenvolvimento nas crises financeiras causadas pela pandemia;

- “mudar “as relações no Oriente Médio para longe da intervenção militar” e encerrar políticas cruéis da administração Trump em Cuba e na Venezuela.

É uma declaração de intenções, e não será aplicada dessa maneira. Biden não discorda da ideia de “America First”, por outros meios, mas quem pretendia continuar respaldando no governo dos EUA o seu neofascismo, local e para exportação, deve se preparar para ser tratado como pária.

Fernando Roberto de Freitas Almeida

Carioca, economista e historiador, professor adjunto do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordenador do curso de Relações Internacionais

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