A MERITOCRACIA DO GRANDE CIRCO
Por Bruno Rocha
Pois o Grande Circo é como um dono de circo que saiu de manhã cedo para contratar palhaços para o seu picadeiro.
Ele combinou pagar-lhes 500 reais pelo dia e mandou-os para o seu circo.
Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros palhaços que estavam desocupados na praça, e lhes disse:
- Vão também trabalhar no circo, e eu lhes pagarei o que for justo. E eles foram.
Saindo outra vez, por volta do meio dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa.
Saindo por volta das cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: — Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo? — Porque ninguém nos contratou.
Ele lhes disse: — Vão vocês também trabalhar lá no circo.
Ao cair da tarde, o dono do picadeiro disse ao trapezista: — Chame os palhaços e pague-lhes o cachê, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros.
Vieram, então, os palhaços contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu 500 reais.
Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu 500 reais.
Quando receberam, começaram a se queixar ao dono do circo, dizendo-lhe:
- Estes palhaços contratados por último trabalharam apenas uma hora, e você os igualou a nós, que suportamos o peso da montagem da lona e o calor da apresentação do dia.
Mas ele respondeu a um deles:
Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por 500 reais? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que dei a você. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso? Assim, os últimos palhaços serão primeiros, e os primeiros palhaços serão os últimos.
Bruno Rocha
Palhaço, professor e pastor. Formou-se em bacharel em Teologia (FTBSP) e atualmente cursa Teatro (IFF). Seus temas de reflexão são: arte, educação, teologia da libertação e palhaçaria.
