EQUIPE DE TRANSIÇÃO NO GOVERNO FEDERAL

Redação — Instituto Mosaico
Instituto Mosaico
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3 min readDec 26, 2022

Por Fernando Roberto de Freitas Almeida

Foto: Reprodução

Em 12 de dezembro ocorreu a diplomação do presidente eleito e de seu vice, respectivamente Luís Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin. A centro-esquerda e a centro-direita, que ambos representam, acordou frente ampla para a derrota da extrema-direita, tendo amplo sucesso. A mensuração da diferença de votos para o candidato derrotado mostra uma vitória por margem estreita. Contudo, uma visão mais cuidadosa aponta que o partido do eleito avançou 13,3 milhões de votos de 2018 para 2022 enquanto o derrotado ampliou em apenas 403 mil votos seu eleitorado.

Contudo, transcorridos mais de dois meses do resultado do pleito, contestações espúrias, movidas por um comportamento de seita continuaram a perturbar, não só o cenário político do país, mas, também, a vida de cidadãos comuns, com manifestações as mais diversas: de bloqueio de estradas a orações em frente a quarteis e até diante de um pneu colocado numa estrada. Lamentavelmente, num país extremamente desigual, com baixos índices de escolarização, informações corretas não chegam à maior parte da população, que prossegue sendo municiada por diversas fontes mal-intencionadas, que a Justiça demora a identificar e punir.

Ampla divulgação das declarações de Alckmin e assessores, citadas por Daniel César, no site Último Segundo, sobre o estado calamitoso em que a gestão que se encerra agora deixa o país se faz necessária:

Desde que entrei na vida pública, nunca vi nada parecido. A impressão que se tinha é de que não havia gestão e que tudo era decidido aleatoriamente”. Que bom que vencemos. O Brasil não suportaria um segundo governo de Jair Bolsonaro. Há documentos desaparecidos, há apagões de dados que sempre existiram em governos anteriores e há rombos financeiros inexplicáveis.

Questionado se a questão deve ser tratada como corrupção, a resposta é automática: “Nem isso dá para saber, simplesmente não existe registro de nada”. Os dados dão a entender que o governo Bolsonaro aconteceu na Idade da Pedra em que não havia palavras ou números. Há sistemas governamentais que não são abastecidos desde 2020 e ninguém tem explicação. A verdade é que o governo Lula não tem como saber o que precisa ser feito com base nos indicadores porque eles não existem. A política pública terá que ser criada do zero. O desempenho do governo Bolsonaro foi tão ruim que qualquer trabalho mais ou menos será melhor. Não é difícil superá-lo.

Boa parte das ações recentes do governo que sai, após meses apenas gastando recursos públicos para tentar a reeleição, manteve os padrões de hostilidade contra a cultura, educação e questões ambientais, como mostraram os cortes recentes nas verbas para as universidades federais. A reversão disso tudo será trabalhosa e ainda se tem de garantir que programas assistencialistas emergenciais sejam mantidos. Também há a batalha contra instrumentos espúrios, como o fantástico “orçamento secreto” e, também ideias à la Pinochet, como a criação de cargo se senador vitalício e anistias absurdas.

Fernando Roberto de Freitas Almeida

Carioca, economista e historiador, professor adjunto do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordenador do Curso de Relações Internacionais

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