A fragilidade da felicidade adolescente

Redação — Instituto Mosaico
Instituto Mosaico
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3 min readDec 6, 2017

A vida não é feliz, mas apresentam-se dias ou momentos de profunda felicidade.

O que você faria se descobrisse que a felicidade não existe? Não estou falando aqui de dias felizes, momentos alegres e descontraídos, mas a felicidade daquelas dos finais de contos de fada do tipo “… e foram felizes para sempre…” já pensou o que faria?

Tenho percebido que muitos adolescentes em nossas conversas de ambiente escolar se veem buscando essa felicidade pueril, abstrata que, no mundo adulto, já percebemos que não existe.

Uma aluna, prestes a encarar o temível vestibular, visitou uma das mais renomadas faculdades para os estudos de ciências exatas, o Massachussets Institute of Technology (MIT); conversando com um dos graduandos de lá, percebeu sua desmotivação e até um certo arrependimento. Vindo conversar comigo ela se abriu dizendo que apenas queria ser feliz. Como não tenho um perfil de respostas prontas, fomos conversando. Mas assustou-me o fato de que ela, já com seus 17 anos, ainda buscasse esse “amigo imaginário” que é a felicidade plena e abjeta.

A vida não é feliz, mas apresentam-se dias ou momentos de profunda felicidade. Afinal, não me parece que a felicidade seja, em si, um sentimento pleno. Talvez o ideal seja o entendimento de que na vida já existem momentos de profunda dor e desilusão, e momentos de alegria e contentamento. Sendo assim, a felicidade é uma busca, uma construção.

Penso que talvez seja mais urgente, acima de tudo no país e momento histórico-social que vivemos, termos esperança e força para lutar e construir dias melhores. Uma perspectiva de construção de um estado feliz, com perspectivas superiores, é mais urgente que a busca abjeta de uma felicidade típica dos contos de fadas. Na vida há durezas e enfrentamentos causticantes, mas se inserir pronto para as adversidades que se apresentam é urgente em uma sociedade que se esqueceu de como lutar, e pelo QUÊ lutar.

Vejo adolescentes que são frágeis, não por se sensibilizarem com o mundo, mas por não terem visto a urgência de suportar as adversidades da vida. Nesse sentido, o termo “geração floco de neve”, que ouvi na mídia, se encaixa perfeitamente nesta geração fragilizada pelo encantamento e pela utópica busca da felicidade.

Não sou contra as utopias, mas penso que elas devam estar sempre no campo das ideias, presentes e fortes como símbolos do que devemos ser; mas é necessário a sensatez de saber que vivemos em um mundo real e que estes sonhos são uma busca diária.

Seja feliz para sempre, mas saiba que diariamente, essa é uma perspectiva que deve ser renovada a cada manhã. E se hoje não houve felicidade, tenha bom ânimo, amanhã será outro dia, uma nova luta, uma nova possibilidade de ser feliz. 

Thiago Barbosa é Biólogo, teólogo e atua como professor no ensino médio em Palmas, Tocantins. Gastronomia e motociclismos são hobbies que ajudam a entender sua personalidade sempre disposta à experimentar o mundo.

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