NATAL, SANTA COERÊNCIA
Distribuição de renda como generosidade e não como direito
Apoiaram o golpe em nome da decência pública.
Disseram amém para a liderança política do irmão Eduardo Cunha.
Festejaram quando o Rodrigo Maia proclamou que a Congresso funcionaria para atender ao Mercado.
Gritaram “ô Glória!” com a reforma trabalhista.
Estão na “oração silenciosa” diante da reforma da previdência.
No Dia Internacional dos Direitos Humanos — domingo, 10 de dezembro — importante denominação evangélica fez campanha para que os homens fossem aos templos de azul e as mulheres de rosa. Queria demarcar o repúdio ao que entendem como “Ideologia de Gênero”.
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Mas eis que dezembro chegou com seu espírito natalino, confraternização universal, festa, troca de presentes e sobretudo, SOLIDARIEDADE!
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No culto dessa manhã observo que os irmãos são convidados a trazerem as suas ofertas. A novidade? Alguns trazem cestas de natal, outros bolsas de mercado com gêneros alimentícios, há quem prefira entregar dinheiro no envelope para que o departamento de ação social reverta em oferta para os pobres.
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Muitas igrejas e muitos crentes anunciam neste natal que distribuição de renda é uma questão de beneficência, GENEROSIDADE, e não de direitos. “Os pobres, sempre tereis entre vós.”
Jesus está pelado no presépio que ostenta riqueza. Mas ele não é o centro. Nem Maria, nem José. Aquele papo de “contemplou a humildade de sua serva, por isso, me considerarão bem-aventurada…” Soa como fala simpática de uma jovem ingênua.
Somente as pessoas especiais percebem que o ator principal do natal é a tal MÃO (perna/pescoço/cara) invisível. Essa entidade tão misteriosa é onipotente, onisciente e onipresente. Alardeia força, poder e glória.
Falo com dor, as igrejas estão embasbacadas diante desse falso deus!
Valdemar Figueredo (Dema). Professor, Escritor e Diretor/Editor do Instituto Mosaico. Doutor em Ciência Política (IUPERJ) e doutorando em Teologia (PUC-RJ, 2017)