O NOSSO AMOR EXISTE

Redação — Instituto Mosaico
Instituto Mosaico
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3 min readJun 14, 2019

Por Vladimir de Oliveira

O ano é 1963, e um jornalista pergunta ao presidente norte-americano Truman, se ele pensava na possibilidade do casamento entre pessoas de cores diferentes, se tornaria natural em seu País. “Espero que não. Você gostaria que sua filha se casasse com um negro?” Respondeu ele.

Imagem de Free-Photos por Pixabay

Harry S. Truman acreditava que o casamento interracial era biblicamente inaceitável. Para ele, a separação sexual por meio da raça era uma verdade judaico-cristã. O próprio chegou afirmar: “Deus criou o mundo assim! Vá ler sua Bíblia, e você verá!”

Em 1958, 94% dos americanos pensavam assim: as raças não deveriam se misturar. No mesmo ano, o livro infantil: “The Rabbit´s Wedding”; uma fábula sobre o casamento de um coelho branco com uma coelha negra, geraram protestos de cristãos contra tamanha perversão da obra do Criador.

Muitos antes da abolição da escravidão, a forte oposição ao sexto/casamento entre pessoas de cores diferentes eram interpretadas no contexto da defesa que a religião cristã fazia da escravidão.

Inúmeros cristãos brancos compreendiam que os negros eram descendentes de Caim, e que Deus havia amaldiçoado; ou de Cam a quem o pai, Noé, amaldiçoara e condenara a servir como escravo de seus irmãos, por toda a eternidade.

Na Bíblia, há inúmeras narrativas onde Deus está proibindo os israelitas de casarem com mulheres, que pertenciam aos povos vizinhos.

Toda uma hermenêutica foi estabelecida durante séculos, para perpetuar uma prática desumana/racista.

Toda uma hermenêutica foi estabelecida durante séculos, para silenciar/aniquilar outras formas de amor/expressão afetiva.

“Deus Todo-Poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e as colocou em continentes separados. O fato de ter separado as raças mostra que Ele não deseja que se misturassem!”; esse é um trecho da sentença que condenou a um ano de prisão ou à expulsão, por 25 anos, do estado da Virgínia, em 1958, o casal Richard (branco) e Mildred Loving (negra).

Em 1967 a Suprema Corte Americana, considerou irrelevante esta argumentação, quando afirmou que as proibições racistas de casamento que ainda vigoravam em dezesseis estados, não tinham embasamento constitucional.

Loving (2016) do diretor Jeff Nichols, narra essa história. O casal oficializara a sua união em Washington D.C, e passaram quase dez anos de suas vidas lutando/fugindo do Ato de Integridade Racial do Estado da Virgínia, onde moravam. A película abarca os primeiros passos da oficialização do casamento interracial, em solo americano.

Como sempre, o amor venceu. Ele sempre vence!

Nos últimos anos, toda uma hermenêutica segregacionista foi abandonada.

Nos últimos anos, toda uma hermenêutica foi revista/corrigida/atualizada.

Quais serão as próximas expressões afetivas/amorosas, que terão a sua hermenêutica também revisitada, pelo crivo da razão e do tempo?

Vladimir de Oliveira

Formado em Teologia pelo STBSB e Pedagogia pela UNESA. Possuí Pós-Graduação em Gestão Escolar. É Coordenador Pedagógico/Articulador Social da Casa Semente, que fica em Jardim Gramacho. Vlad também é o Mentor/Pastor da Redenção Baixada. A Redenção é uma Igreja Simples com ênfase em Direitos Humanos & Justiça Social, que se reúne em um Co-Working na #BXD.

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