Por que a escola é um alvo?
A campanha midiática-empresarial que anuncia a educação como um eterno nicho de mercado
Grandes empresários Políticos fazem fortuna, trabalhadores fazem apenas um “aumento de renda”
Há muito tempo eu não ficava imóvel e estéril diante de um tema aparentemente tão banal. Lidar com educação pública há muitos anos faz com que o lugar de observador/participante seja privilegiado.
Sempre temos a sensação/certeza de que algo precisa ser feito. Nesse quesito, não há quem seja contrário. No entanto, entre as várias ações possíveis e as medidas governamentais, professores e alunos, e porque não dizer, a comunidade escolar, se vê diante de um caso sem solução fácil ou aparente.
É relativamente fácil reconhecer giros diferentes dentro de uma mesma realidade. Não que isso seja em si um problema, mas quando os giros começam a ser silenciosos e admitidos como naturalidade inquestionável, entramos no eixo da filosofia do cada um por si.
Explico: gestores governamentais decidem ações à distância, longe do chão da escola, dentro de gabinetes com copeiros de luvas brancas; professores decidem como, a despeito da maioria das decisões distanciadas, fazer sua lida ficar confortável para si mesmos; alunos vão minimizando seus dilemas escolares ora cumprindo, ora burlando normas, o que muitas vezes se torna algo muito sério; comunidade escolar espera da escola mais do que até a escola redentora prometera. E por aí vai. Esses giros vão assumindo formas de meta-realidade - realidade fantasiada de real - mas com gosto de surreal. Uma bela conversa de estrangeiros em idioma nenhum.
Se puder somar a isso a campanha midiática-empresarial que anuncia a educação como um eterno nicho de mercado em que grandes empresários/políticos fazem fortuna e trabalhadores fazem apenas um “aumento de renda”, aí então que temos outro problema: os giros, que falei acima, podem ter como motor o interesse guloso desses empresários/políticos.
Aqui chegamos a um ponto: os atores desses giros precisam começar a considerar que seus interesses particulares podem não ser tão somente seus. Enfim, esses atores gestores, professores, alunos e comunidade escolar podem ser alvos de uma formação, conformação, desinformação, deformação que faz todo sentido nesse mundo.
Nesse espaço, assumo que do lugar privilegiado que tenho farei vistas a essa questão. Do grotesco ao sensível vamos expor ações e ideias.
Conatus.
Luther King de Andrade Santana. Doutorando em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Professor Doc-I da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro na área de Filosofia.