Seis cartas sobre as humanidades científicas de Bruno Latour

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4 min readAug 13, 2021

Bruno Latour nasceu em 1947 em Beaune, Borgonha. Formado em filosofia e Antropologia, foi professor no Centre de sociologie de l’Innovation na Ecole nationale supérieure des mines de Paris entre 1982 a 2006 e também professor na Sciences Po Paris entre 2006 a 2017, lá também foi vice presidente de pesquisa entre 2007 a 2013. Se especializou em na análise de cientistas e engenheiros e trabalhou com filosofia, história, sociologia e antropologia da ciência, colaborou em estudos de política científica e gestão de pesquisa. Entre muitas publicações de artigos e livros, talvez dois dos mais conhecidos sejam “Ciência em Ação” e “Jamais Fomos Modernos”, além disso há outros livros como “Reagregando o Social. Uma Introdução à Teoria do Ator-Rede”, “A vida de Laboratório” e “A esperança de Pandora: Ensaios sobre a realidade dos estudos científicos”, o último o qual ele explora as consequências das “guerras científicas”. E entre seus trabalhos mais recentes, “Diante de Gaia: Oito conferências sobre a natureza no Antropoceno” de 2015 e “Down to Earth. Politics in the New Climatic Regime” de 2018 com o enfoque maior sobre questões da ecologia política. Atualmente é professor emérito associado ao Medialab ao programa de artes polóticas da Sciences Po Paris e é curador de Zonas Críticas no ZKM e da Taipeh Biennale of Art. Membro de várias academias, recebeu diversos prêmios e títulos de Doutor Honoris Causa.

Seu livro “Cogitamus Seis cartas sobre as humanidades científicas” de 2016, Bruno Latour, estabelece através de cartas a explicação, a discussão e o desenvolvimento sobre a história da ciência e seu curso “Humanidades Científicas”. Originalmente publicado em 2011, têm a edição em português, edição brasileira, apenas em 2016 e por muitos considerado um de seus trabalhos mais maduros, sucintos, com linguagem mais simples, uma espécie de síntese de temas por ele já amadurecidos, elaborando um exercício da filosofia especulativa e da antropologia das ciências e das técnicas. Devido a essas características é uma oportunidade de introdução para aqueles que têm interesse no tema e nos trabalhos de Latour. Outro ponto interessante para os iniciantes no tema é a bibliografia apresentada por ele, sobre história das ciências, epistemologia e das humanidades científicas, em suas notas de rodapé.

Além disso, enquanto muitos(as) filósofos(as) da ciências e das técnicas vão abordar que as tecnologias afastam as pessoas das coisas, Latour diz o contrário.

“[…] em oposição à ideia corrente, segundo a qual quanto mais “avançadas” são as ciências e as técnicas “mais perdemos o contato direto com as coisas”, nosso contato atual com as coisas se torna muito mais íntimo que o de Ötzi” * e “[…] quanto mais avançamos no tempo, menos fica possível distinguir a ação humana, o uso das técnicas, a passagem pelas ciências e a invasão da política.”

*(Ötzi, o Homem de Gelo de 5,3 mil anos de idade)

Ele estabelece duas interpretações, a primeira de emancipação e modernização e a segunda de vinculação e ecologização. “No primeiro caso, os sujeitos não param de se afastar dos objetos, enquanto no segundo, não param de se aproximar”. Entre muitas polêmicas, conceituações e exercício filosófico destacamos abaixo um trecho que retrata um pouco do que você pode encontrar ao longo das seis cartas.

“[….] Não se trata mais — como era para Tycho — de observar o céu para a maior glória de Deus e de um príncipe, senão de se decidir agir ou não para modificar o quadro comum de nossa existência coletiva. Passaram-se quatrocentos anos, mas sempre existem os príncipes e os homens de ciência e… há muito mais príncipes e muito mais cientistas.”

O trecho a cima explicita o que Latour aborda em seis cartas, seis capítulos, em sua epistemologia das ciências, ou como ele chama, humanidades científicas, uma vez que ele defende estar trabalhando o tema de ciências e as técnicas e suas relações com a história, cultura, literatura, economia e política.

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