A fluidez como meio para excelência operacional

Lorena Fiori
Integrativa
Published in
4 min readJan 30, 2020

Escrito por: Julio Cesar de Freitas

Sabe aquela coisa que todo mundo diz que precisa, que “…seria maravilhoso se tivesse” e que “a vida com certeza seria mais tranquila quando conseguirmos implantar em nossa empresa”? Pois é, alguns de nós já pensou assim em relação a um equipamento melhor, outros em em relação aos espaços de trabalho, mobiliário profissional, processos e até mesmo com relação ao fluxo de informações na empresa. Ou seja, estamos falando aqui de algo que todo mundo quer, precisa e até mesmo deseja muito!

Agora vamos para o nosso dia-a-dia. Trabalhamos em empresas grandes, médias ou mesmo pequenas e seja qual for o tamanho ou tecnologia empregada, somos as pessoas que um dia fizeram as afirmações descritas acima. O mais curioso disso tudo é que mesmo com toda expertise, formação e como disse, tecnologia, somos as mesmas pessoas que um dia (e não muito distante de hoje), fizemos as afirmações descritas acima.

Hoje vivemos a indústria 4.0, que indiscutivelmente impulsionou a qualidade e eficiência das atividades produtivas e gestoras na indústria. E a chegada avassaladora dos RPAs (Robotic Process Automation). Este último, excelente para as tarefas repetitivas onde a ação humana é geralmente necessária. Ambos decorrentes da verdadeiramente fantástica corrida tecnológica em busca da eficiência de processos e entregáveis para o mercado profissional.

Ainda assim, com todos esses reconhecidos méritos, as tradicionais siglas nos acompanham como KPIs, PDCA, 5S, 5W2H, Seis Sigma, entre outros. Notem, de um lado a lógica computacional regida pela dualidade do verdadeiro ou falso. Do outro, métodos comportamentais de predominância qualitativa onde a presença humana é o ponto de partida e de chagada ao mesmo tempo.

No meu entender, essas duas metades de um mesmo pretenso inteiro, quando juntas e dinamicamente ativas, não promovem a tão desejada excelência operacional por si só. Precisa de um sobre esforço unilateral para “caminhar”. E o lado que diariamente se esforça para isso, ainda é o humano.

Em todos esses anos de experiência com a produção e a gestão de diferentes tipos e tamanhos de negócios, independente do momento tecnológico ou do modelo de gestão da qualidade em vigor, sempre presenciei profissionais super qualificados se desdobrando em horas e horas de trabalho extra para tentarem atingir as metas criadas por eles mesmos. E quase sempre com um índice regular de sucesso.

Também após todos esses anos, entendo que metas e excelência são importantes e indispensáveis signos que nos acompanham no mundo profissional. Mas esse mundo profissional das metas e da excelência é regido por números definidos à priori ou apurados à posteriori. Em minhas pesquisas acadêmicas e experiências práticas profissionais, percebi que faltava aí um componente não exclusivamente ou predominantemente numérico, mas que pudesse promover a catalisação entre a lógica computacional das novas e indispensáveis tecnologias com a complexidade natural que rege a vida e o comportamento humano desde sempre.

Nesse momento, para mim o que melhor representa esse componente e fecha a equação é a fluidez (…particularidade do que flui; espontaneidade ou naturalidade).

Sabemos que a natureza é fluida. Que a ordem estruturante dessa maravilhosa criação auto reguladora que chamamos de corpo humano, é fluida. Que a mecânica dos nossos pensamentos, é fluida. E que a inteligência humana, complexa e fluida por natureza, cria coisas consistentes, densas, complicadas e pouco fluidas.

Eis aqui o nosso desafio, transformar coisas densas, consistentes e complicadas em coisas fáceis de se entender e fluidas na sua existência, seja por si mesma ou na relação de si com os seres humanos, sejamos profissionais, estudantes, pesquisadores ou simplesmente, humanos.

Imagine agora suas atividades profissionais sem problemas, erros ou interrupções por incidentes que poderiam ser previstos. Um “reloginho” como falamos pelos corredores ou em salas de reuniões da empresas que trabalhamos. Parece utopia, não? Mas não é. É fluidez!

Quando a fluidez ocorre, todo engenhoso trabalho tecnológico “desaparece”. Isso mesmo, quanto menos nossa engenhosidade aparecer na execução das atividades diárias, sejam simples ou complexas, mais a fluidez estará presente e atuante.

Mas como fazer essa “mágica”? Não tem mágica! Tem empatia, conhecimento especializado e pesquisa. De forma correspondente, com a aplicação do Design (como campo de conhecimento e suas ferramentas ágeis), para entender as reais demandas humanas em qualquer área de atuação, somando a Tecnologia (em todas as suas formas de manifestação) como meio para a realização dos encaminhamentos propostos a essas demandas e a incessante pesquisa em Inovação (também em todas as suas possíveis formas de atuação), teremos o elemento catalisador entre a lógica estruturada dos modelos dinâmicos de gerir nossas atividades profissionais e a lógica flexível e compassiva do ser humano em realizar o impossível para fazer com que as coisas deem certo.

Bem vindos ao mundo da fluidez!

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