Não-design de resultados

O início da democratização da autoria

Guilherme Schneider
Interideias
3 min readAug 1, 2016

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Enquanto “criativos” sempre somos incentivados a assinar o que fazemos, quem nunca ouviu aquela tia — “assina seu nome e o ano no cantinho!” ? Aquilo fazia sentido, não é mesmo? Manter o registro do que fizemos e quando foi feito parecia coerente, até agora.

A autoria tem sido tema de debate intenso há anos (um bom texto sobre o tema, caso queira se aprofundar), e aparentemente estamos nos aproximando de um ponto crítico da discussão: o autor é quem produz o resultado final ou quem produz o meio pelo qual o resultado é alcançado? Ambos são autores ou o produto final é um conjunto de causalidades relacionadas a ferramentas?

A autoria na Era Maker

Esses questionamentos tem se mostrado no design contemporâneo: designers tem projetado cada vez mais meios de criação de visuais e de produtos em detrimento do projeto do produto final, estático. A interação do usuário com o meio de criação se mostra de uma nova forma. Na “era maker” o designer assume o papel de agente-facilitador e empoderador do usuário, habilitando-o a criar, expressar e desenvolver seu próprio design através dos meios tecnológicos antes elitizados pelo conhecimento técnico. Interfaces de fácil acesso, controle a partir de movimentos gestuais, design paramétrico, criação espontânea, vários métodos de projetar surgem nesse momento de democratização da autoria.

O grande desafio nesse novo modo de projetar são as barreiras técnicas, começamos a perceber que o designer, por si só, não é preparado em sua formação para atuar como agente transformador nesse novo panorama de interações, somos ensinados a criar conceitos visuais e produtos finais, não processos e interações.

Creation Hierarchy (Casey Neistat)

Criar produtos agradáveis visualmente é um desafio muito simples comparado à criação de um design que inspire outros a criar, que por sua vez é menos complexo que a criação de ferramentas que cedam o poder de criação ao usuário. Projetar um fim é mais fácil que um meio.

Exemplos

Não vou me alongar muito na teoria da criação de meios, até porque ela mesmo ainda é um processo em desenvolvimento ao redor do mundo, prefiro deixar aqui alguns exemplos de projetos que já tem tangenciado os conceitos de autoria anônima e transferência do “poder” do designer para o usuário ainda que limitados às barreiras tecnológicas que devem ser derrubadas num futuro próximo.

Kinematics

Site que possibilita a criação de ornamentos e a impressão dele posteriormente. http://n-e-r-v-o-u-s.com/kinematicsHome/

Flat Surface Shader

Gerador de visuais geométricos, pode ser exportado como estamparias ou vetor depois de criado. http://matthew.wagerfield.com/flat-surface-shader/

CONSTRVCT

Plataforma para criação de peças e estampas http://constrvct.com

Semplice

Plataforma de criação de sites/portfolios http://www.semplicelabs.com

EmpowringDesignPractices

Projeto que visa criar uma relação de autoria conjunta com comunidades e seus espaços de convivência.http://empoweringdesignpractices.weebly.com

Thingiverse

Plataforma colaborativa de designs para fabricação rápida http://www.thingiverse.com

Prisma App

Snapchat

Firewall

PomPom Mirror

NAMA

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