De Pernambuco para o Brasil

Larissa cesar cavalcante
interjor2019
Published in
3 min readMay 29, 2019

A revista de cultura Continente, da editora CEPE, traz um conteúdo cultural que perpassa o nível local, tanto em suas páginas como nas bancas onde são vendidas

Por Larissa Cavalcante

Páginas da Revista Continente/Foto: Aimée Ximenes

Cultura não é apenas arte, cultura envolve tudo. Essa é a mensagem que a revista pernambucana Continente Multicultural, ou simplesmente Continente, passa para seus leitores. A revista completa 20 anos de existência em dezembro deste ano, e é publicada pela editora CEPE, empresa estatal e, portanto, recebe dinheiro do Governo do Estado de Pernambuco.

A editora publicava o Diário Oficial do Estado de Pernambuco, que não é mais impresso, mas migrou para a plataforma digital. Nele, era publicado mensalmente um suplemento cultural, e a partir dele, a revista Continente foi criada, tendo como seu editor-fundador o jornalista e escritor Mário Hélio. Desde os primeiros anos, a revista carrega em sua proposta a ideia de ser da editorial de cultura, não apenas de Pernambuco, mas também do Brasil e do mundo, com um olhar partindo do estado onde é publicada.

Mariana Oliveira, que trabalha na revista há 16 anos, hoje é editora assistente explica que apesar de ser uma revista do governo, a publicação tem muita independência. “A revista passou por três governos e nenhum deles interviu no conteúdo” ela completa, frisando que em nenhum momento de sua história, a Continente serviu de chapa branca governamental. Ela conta também que não é do caráter da revista fazer matérias de denúncia quanto a questões do governo, mas pode acontecer de ser publicada uma matéria de caráter comparativo em relação a estrutura brasileira quando colocada na questão mundial.

Sobre a revista sofrer censura por ser pública, Marina afirma que isso não acontece, mas, como editora assistente, ela entende que há certos assuntos que não se deve comentar, como não redação de qualquer jornal. “ Mas eu não fico me lamentando pelo o que eu não posso fazer porque sei que posso falar de outras coisas, levantar tantas outras questões relevantes” Completa.

Edição #000/Foto: Scribt

Ao longo desses quase 20 anos, a revista passou por algumas reformulações no seu design, mas não no seu estilo, já que aborda a cultura de modo amplo. A edição número zero da revista teve como capa uma obra do artista pernambucano João Câmara e continha em sua matéria principal uma reportagem especial a respeito do pintor e suas obras. Já as últimas edições lançadas, a de abril e a de maio, são de número 220 e 221 e essa última conta com uma ilustração de Guilherme Luigi fazendo alusão a ideia fim do mundo, o que é mostrado em sua reportagem principal.

Edições #220 e #221/Foto: Aimée Ximenes

Apesar de ser uma revista impressa, cada vez mais ela tem investido nas plataformas digitais, para publicar algumas notícias e fazer divulgação do conteúdo de suas edições. Essa migração para o digital se deve ao fato de haver uma dificuldade de continuar no mercado impresso, por causa da quantidade conteúdos online. “Mas temos uma marca muito forte que é a continente, a gente defende o jornalismo de qualidade, jornalismo cultural de qualidade, não é um jornalismo de entretenimento” conta a editora assistente, sobre a Continente trazer conteúdo aprofundados em relação à cultura.

Esse leque cultural que a revista traz, percorre as bancas do Brasil inteiro e essa abrangência fez a publicação chegar na mãos de Bethânia Aragão, pedagoga e poeta sergipana. Ela conta que a revista trouxe para ela um outro olhar a respeito da cultura pernambucana, pois com ela, a poeta pode visitar o estado e conhecer suas belezas. “ A revista me levou até Pernambuco, até a zona da mata para ver de perto Siba criando um novo som, o brincantes do maracatu, os mestres moleiros e até o artesanato de Bezerros” ela conta sobre a experiência de ler a Continente há 13 anos.

Abaixo, Marina Oliveira conta um pouco da rotina da revista e sua própria rotina. Confira:

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