Faculdade Pra Quê?

A internet deixou os meios de transmissão de conhecimento tradicionais obsoletos. Façamos uso dos novos!

C'est Gore
5 min readJan 14, 2014

De uns anos pra cá, o mundo vem mudando. Não precisa de nenhuma cartomante pra te dizer isso — basta olhar pros lados. A educação, sendo o processo de aculturação como ela é, protagoniza essa cena de transformações. Desde a invenção do livro, atribuído às regiões da Ásia menor há mais de 4000 a.C, talvez esse processo nunca tenha passado por uma reviravolta tão grande. Afinal, estamos por fim saindo do livro como objeto físico, inteiramente concreto, e reduzindo-o a meros dados binários. Tal fato facilitou seu transporte, incrementou sua durabilidade, seu poder de alcance e diminuiu drasticamente seu preço de custo.

Os mais saudosistas certamente não crêem que essa transição seja algo tão positivo. Afinal, existe um charme difícil de descrever, remetente ao ato de carregar um livro na mochila ou guardá-lo na estante do quarto. Mas, colocando de lado esse tipo de vaidade, pode-se dizer que esse acontecimento vulgarizou o conhecimento. E por “vulgarizar”, entende-se a deselitização daquilo que há alguns séculos era restrito apenas aos membros do ápice da pirâmide econômica e social.

A barreira que impedia o acesso dos menos favorecidos ao conhecimento se desmaterializou diante da internet. Qualquer filho de pedreiro que tenha um computador com internet (lembrando que hoje isso é uma realidade de grande parte das famílias brasileiras), tem a seu dispor uma imensidão de obras das mais diversas áreas do conhecimento. E se ele souber inglês então, a lista de expande a números infindáveis.

‘’A woman reading’’, de Monet

Nesse contexto, diversos sites surgem com o intuito de fazer parte desse processo. Talvez o mais ambicioso deles é o chamado Coursera . Nele, são disponibilizados cursos integrais das mais prestigiadas faculdades do mundo, como a Stanford, University of Melbourne, MIT e por aí vai. As matérias são dos mais variados temas, tanto de exatas, como de humanas e biológicas. E em grande parte desses cursos, o aluno é submetido a testes à medida que vai avançando nas aulas. Caso ele atinja uma média pré-definida (que varia dependendo de cada curso), é possível obter um certificado de conclusão dessa matéria — podendo ser utilizada até mesmo em algumas faculdades do Brasil, caso esta matéria esteja na grade do seu curso.

Outro site que pode ser de grande ajuda, é o CodeAcademy. O fundador dele, um cara chamado Zach Sims, percebeu que nesse mundo que está se formando, saber programar é fundamental. Ok, talvez você seja um pouco averso a essa possibilidade, pois já vê programar como um dom predestinado a apenas alguns poucos seres iluminados. Pois é, seja lá de onde você tirou isso, mentiram feio pra você.

Programar é nada mais do que conseguir entender uma nova sintaxe — forma de estruturar palavras e símbolos — e fazer uso dela com palavras-chave que possuem significados específicos. É tipo o que estou fazendo agora ao escrever esse texto: concatenando palavras e símbolos, que graças ao seu conhecimento do modelo sintático da língua portuguesa e do vocabulário, produz disso algum sentido.

O lado bom é que, no geral, as sintaxes das linguagens de programação são bem simples. Simples ao ponto de conseguir aprendê-la bem, caso se esforce, em apenas um dia. Claro, pra fixar o conhecimento é necessário maior treinamento — assim como demanda certo tempo pra se construir um código robusto. Mas nada que fuja do alcance do cidadão comum. O foco do site é justamente a essas pessoas que nunca tiveram que lidar com programação na vida, e que pretendem aprender.

Você deve estar aí pensando consigo mesmo: pra quê eu vou aprender essa merda? Bom, as vantagens são inúmeras, mas vou citar apenas algumas.

Programar é libertador. Ao se aprender uma linguagem de programação, você terá em mãos uma ferramenta com recursos infindáveis para exalar seus impulsos criativos. E por cima, dependendo da sua ideia, você poderá monetizá-la em poucos passos e ajudar a sociedade como um todo.

Programar é divertido. Prometo que é verdade. Poucas coisas são mais gratificantes do que ver um projeto seu que demorou horas pra ser concluído, ganhar vida. Desenhar não é legal? Assim como ao se fazer um desenho, programar requer calma, foco e sublimação. O processo criativo entre ambos é intimamente parecido — principalmente se seu programa também terá um forte apelo à parte estética.

Programar te dá independência. Tem um blog? Aprender HTML, CSS e JavaScript pode te ajudar a manuseá-lo mais facilmente, conseguindo deixar ele com um aspecto mais atraente sem precisar recorrer a um webdesigner e ter que pagar uma nota.

Programar te ajuda a entender melhor o mundo atual. Ser um completo leigo quanto aos processos que se passam pro trás dos equipamentos eletrônicos é uma opção. Mas se você tem curiosidade quanto a como eles funcionam, as linguagens de programação são as melhores formas de ilustrar isso.

A parte ruim é que tanto o Coursera quanto o CodeAcademy são em inglês. Mas isso não é problema. O Livemocha é um portal que tem como objetivo fazer com que as pessoas aprendam as mais diversas línguas, tudo de forma colaborativa. Basta se cadastrar, escolher a língua e começar a treinar — tanto conversação, como escrita. Há também o Duolingo como opção de aprendizado de línguas estrangeiras. A vantagem dele é que a metodologia de ensino não é tão ortodoxa como do Livemocha, fazendo com que o processo seja mais divertido e estimulante. Pra quem tem mania de deixar as coisas pra trás depois de um mês de treinamento (ou menos), o Duolingo é um prato cheio.

Desculpas pra não aprender algo novo a gente sempre tem: não dá pra pagar a mensalidade daquela faculdade que você quer fazer, não tem tempo de estudar pra uma pública… Mas talvez seja a hora de quem enrolou tanto tempo pra dar inícios a projetos novos, começar com o pontapé inicial, sem ter que gastar um dinheirão pra bancar seus estudos. Uma dica que eu dou, é que faça tudo de forma despretensiosa, e colha os resultados à medida que o fluxo os traz a você. Tente mentalizar que o motivo inicial do aprendizado, é simplesmente o aprendizado em si. Ficar antecipando mérito é uma merda pro seu progresso.

Ah é, mencionei que os três são de graça? ☺

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