A decisão que a maioria de nós deixa ao acaso

Tradução para o português do original do PandoDaily: “The biggest decision most of us leave to chance”

Jacqueline Lafloufa
Interwebz
Published in
3 min readJul 19, 2013

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“The biggest decision most of us leave to chance”, 18/07/2013
Autoria original: Francisco Dao.
Tradução: Jacqueline Lafloufa
Ilustração: Hallie Bateman

Recentemente, um amigo meu me disse que o seu objetivo era fazer ‘uma porrada de dinheiro’. Esse era um novo objetivo para ele, já que nunca antes ele havia priorizado uma boa bolada. Enquanto conversávamos sobre as suas opções, ele descreveu diversas oportunidades promissoras nas quais ele decidira não investir, porque elas não eram interessantes para ele. Apesar de ter declarado que ‘fazer dinheiro’ era a sua nova prioridade, ele não conseguia mudar o fato de que ele não estava apenas querendo em ser motivado financeiramente.

Já vi muita gente tentar se convencer que fazer dinheiro era o seu objetivo principal, mesmo que não fosse. Já me senti culpado por ter tentado a mesma coisa. De verdade, eu acho que a minha vida seria muito mais simples se eu fosse ‘funcionasse por dinheiro’, mas eu não funciono. E apesar do que outras pessoas que pensam como o meu amigo possam dizer, a maioria das pessoas também não faz coisas apenas por dinheiro. Grande parte delas não compreende isso, mas a força que motivações não-financeiras podem ter sobre nós traz um dos maiores dilemas que muitos podem ter em toda a sua vida.

A não ser que você seja um daqueles sortudos que adora justamente aquilo que é naturalmente lucrativo, essa é a escolha que você enfrenta: você quer fazer algo com que você realmente se importa, mas que pode ser difícil, se não for impossível, de tornar lucrativo? Ou você deixa de lado suas motivações pessoais e sai em busca de qualquer coisa que possa prover a melhor oportunidade de gerar uma grande quantidade de dinheiro com poucos obstáculos?

Eu tenho certeza que você pensou nisso antes, mas você provavelmente só o fez como um exercício filosófico. Você realmente pensou nisso quando aceitou seu último emprego? Para os empreendedores que me leem, você realmente ama a sua startup? Ou uma oportunidade aleatória simplesmente se apresentou, e você apenas seguiu com ela enquanto esteve convencido de que enviar coisas em uma caixa pelo correio era a sua empresa dos sonhos?

A decisão muitas vezes parece parcial, porque não existe medida real para as nossas motivações pessoais. Só você sabe o quanto elas importam pra você. No entanto, somos bombardeados com mensagens que correlacionam sucesso financeiro com sucesso absoluto. Terminamos perdendo a decisão de vista porque um dos lados da equação está berrando pra gente sobre casas enormes, carros luxuosos, e o respeito dos nossos pares, enquanto o outro lado oferece algo que nada no mundo poderá medir. Assim, é difícil enxergar que existe uma decisão a ser feita. Mas não é apenas porque um lado é mais ‘quietinho’ do que o outro que ele é menos importante.

Apesar dessa decisão determinar o curso das nossas vidas, poucos de nós realmente a levam a sério. Hipocritamente citamos Confúcio e dizemos a todos para “escolherem um trabalho que amam, e não precisarão trabalhar um só dia de suas vidas”, enquanto passamos nossos dias em trabalhos que honestamente não nos importam tanto assim. De alguma forma, quando chegou a nossa hora de decidir por nós mesmos, provavelmente não pensamos de verdade sobre o assunto. É bem possível que tenhamos deixado as circunstâncias ou a conveniência tomar a decisão por nós e terminamos com o que quer que seja que tenha sido colocado à nossa frente, ao invés de escolher o nosso próprio caminho.

A não ser que o meu amigo tenha muita sorte, eu não acho que ele conseguirá atingir a sua meta de ‘ganhar uma bolada’. Ele apenas não é assim e eu não acho que ele pode se forçar a ir atrás de dinheiro se ele não puder ser apaixonado pelo que fizer.

Pra mim, foram diversas escolhas que me deixaram refletindo, “por que raios eu estou fazendo isso?”, antes de decidir que todas as minhas decisões acerca de trabalho seriam guiadas apenas pelo meu interesse pessoal e nada mais. É uma escolha que me faz feliz, mas que certamente me fez recusar diversas boas oportunidades financeiras.

E você? Como fez as suas escolhas? Ou você preferiu deixá-las ao acaso?

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Jacqueline Lafloufa
Interwebz

Jornalista, consultora e curiosa. Editora da @interwebzbr. De olho em inovação, tecnologia e comunicação. Atende por @jacquelinee nas redes sociais