Eu sei que você não liga pra isso, mas eu deletei o app do Facebook
Alguns dias atrás, estava conversando sobre Facebook com uma amiga quando ela me disse que não estava mais postando na plataforma. Embora estivéssemos usando o Facebook Messenger naquele momento, a impressão dela era de que o Facebook enquanto rede social estava se tornando desinteressante, e ela me perguntava se eu sentia o mesmo.
“A cada dia eu uso menos o Facebook. Tô vendo que vários amigos estão nessa pegada também. Você acha que o Facebook está perdendo relevância?”, perguntou ela.
Eu queria lembrar à minha querida amiga millennial que ela poderia estar observando um efeito bolha. “Pode ser que num outro canto tenha uma galera usando ainda mais”, respondi.
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Mas então parei pra pensar e percebi que eu também não estou usando tanto o Facebook. Dentro da nossa bolha, o Facebook está, de fato, se tornando irrelevante. Tanto, aliás, que ontem eu decidi não andar mais por aí carregando seu aplicativo.
O que eu percebi ontem foi que o Facebook é uma plataforma chata e carente, que está constantemente chamando atenção e me distraindo de coisas mais importantes.
Recebia notificações o tempo todo quando meus amigos iam a eventos que não me interessavam, quando eles começam uma transmissão ao vivo a que eu não quero assistir, ou porque o Facebook acredita que eu me importo por ser “amigo de Facebook” de alguém que na realidade eu conheci 10 anos antes.
As notificações indesejadas, no entanto, não foram a única razão para eu ter removido o Facebook do meu aparelho móvel. Afinal de contas, eu poderia simplesmente desabilitá-las pelas configurações do iOS. Também há o fato de que o Facebook se tornou um tanto inútil pra mim.
Aquele recurso “Neste Dia” é ótimo para reparar isso: 6 ou 7 anos atrás, meus amigos e eu tínhamos posts com literalmente centenas de comentários. Um de nós postava algo sobre sair à noite e então de 5 a 10 dos demais daria início a uma longa conversa composta por respostas curtas sobre o que fazer e a que horas. Fazíamos o mesmo antes por e-mail, mas migramos para o Facebook em algum momento. Depois, pulamos para os Grupos, então para o Messenger ou o WhatsApp. E agora eu raramente vejo ou faço posts com dezenas de comentários.
Eu não acesso o Facebook para ver fotos e vídeos porque eu faço isso no Instagram. Eu não confio no Facebook como fonte de notícias. Não uso o Facebook para negócios porque o LinkedIn é muito melhor nisso. E, considerando a enorme superioridade do YouTube, eu definitivamente não vejo o Facebook como uma plataforma de vídeos.
A única ferramenta do Facebook que eu ainda uso pra valer são os Eventos. Me ajuda a saber o que está acontecendo pela cidade e, por causa do Facebook, meus amigos podem me convidar para seus eventos com facilidade. Mas, de novo, não é algo totalmente indispensável. Na semana passada, fizemos uma festa em casa e as cerca de 20 pessoas que vieram foram convidadas individualmente. Não foi necessário ter um evento no Facebook. Além disso, não preciso ver meus convites imediatamente. Se for urgente, vou receber uma mensagem sobre isso.
Então pra que diacho eu tenho o app do Facebook, uma vez que ficaria tudo bem se eu esperasse para checar a rede social de tempos em tempos no meu computador? A verdade é que eu não preciso do Facebook pra nada. Então eu deletei seu aplicativo.
E eu sei que você provavelmente não se importa, mas um corte no Facebook não seria uma experiência tão iluminadora se eu não falasse bastante sobre isso. É como se tornar vegano ou perceber que Deus talvez não exista. Fale para que seja verdadeiro.
Bom, vamos ver por quanto tempo eu serei capaz de viver sem a onipresença do deus Zuckerberg.
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Leonardo Pereira é um jornalista brasileiro que vive em Dublin. Aspirante a redator, ele também escreve no The Language_. Você pode encontrá-lo por aí no mundo digital procurando por @leeopereira.
