Como impedir que as pessoas invadam o seu espaço?
Eu recebi essa pergunta de um leitor e achei muito interessante redigir a respeito.
Sendo um introvertido, como socializar com os demais e impedir que eles invadam o meu espaço?
Primeiramente, é importante definir: “o que é invasão de espaço”? Por invasão de espaço nos referimos aqui a pessoas que durante a socialização, vão além do limite estabelecido por nós.
E este é o grande ponto: é preciso estabelecer limites durante as conversas e interações. Evidentemente que, para tais limites serem estabelecidos, você precisa se conhecer, descobrir até que ponto consegue ir e o que consegue oferecer de você às pessoas durante a socialização.
Durante uma interação, quais assuntos você está disposto a tratar?
Você se sente confortável conversando com pessoas que gesticulam demais e/ou que falam muito alto?
Você aceita ser cobrado pelo outro para que fale mais, dê mais risada e que te critique por ser muito quieto?
Você está disposto a gastar algum tempo ouvindo um assunto que não te interessa?
Você aceita prosseguir uma conversa em que é constantemente interrogado ou interrompido?
Conheça-se primeiro, descubra os seus limites e assim será mais fácil interagir com os outros sem que estes sejam invasivos.
As pessoas só invadem o seu espaço se você permite, independente de você ser introvertido, extrovertido ou ambivertido. Para que esta invasão aconteça, você precisa autorizá-la de alguma forma. O grande ponto aí é que talvez, para o outro, esteja muito claro a sua autorização, mas para você, não. Você percebe a invasão das pessoas, não gosta, mas não compreende de onde a invasão vem. Não compreende, digamos assim, onde está escrito em suas atitudes o “seja invasivo comigo”.
Alguns exemplos de invasão são:
1) você não quer mais conversar, mas a pessoa insiste nas small talks;
2) você não quer tocar em certo assunto delicado, mas a pessoa pergunta sobre e ainda insiste em obter uma resposta;
3) você se afasta com o corpo da pessoa, mas ela insiste em se aproximar, às vezes abraçar, apertar sua mão e beijar sua bochecha.
Após ter o seu limite definido, se torna mais difícil que as pessoas invadam o seu espaço, pois uma vez consciente de até onde você pode ir numa conversa e o que você pode oferecer a uma pessoa, é mais complicado até para você próprio ir além dos seus limites. Entretanto ainda é possível que pessoas queiram ir além do seu limite claramente conhecido e estabelecido e nestas situações é importante ser sincero com os outros e ter um pouco de consciência corporal — ajuda bastante.
Por que consciência corporal?
Durante uma conversa em que você está desconfortável, como fica o seu corpo? Braços e pernas cruzados? Sobrancelha franzida? Boca torta? E os olhos? Os olhos mexem muito, encaram o olhar do outro ou se esquivam? Ou você se mantém sorridente e com uma expressão complacente?
As pessoas não podem ler sua mente, mas podem ler sua expressão corporal. As expressões corporais são universais, não há nada de muito enigmático em um braço cruzado ou um tronco jogado para trás. O primeiro é rejeição, o segundo é esquiva. Se nos seus pensamentos você está amaldiçoando de todas as formas a conversa, mas estampa um sorrisão e uma postura de VENHA CONVERSAR COMIGO, FREE HUGS, é isto o que as pessoas irão ver em você, não importa o que você esteja pensando ou sentindo.
Portanto é muito importante manter-se consciente durante uma conversa, principalmente em uma conversa que não te agrada. A postura corporal adequada vai ajudar quem conversa com você a compreender que você não quer conversar mais. O tom de voz adequado e as palavras corretamente utilizadas também irão contribuir nessa compreensão.
O último e mais importante ponto sobre como socializar sem que as pessoas invadam o seu espaço é o verbal. É preciso saber dizer aos outros que você não quer responder alguma pergunta, ou que não quer continuar conversando, que precisa se ausentar, enfim.
Para trabalhos em grupo, visitas a casa de amigos/conhecidos/parentes ou o que quer que seja que exija mais de você, eu penso da seguinte forma: todos nós temos obrigações, todos nós temos que agir de alguma forma que não gostamos, mas todas essas ações são temporárias. Por exemplo, eu não gosto de fazer apresentação de trabalho, ir lá na frente, parecer espontânea, inteligente, confiante e aberta a criticas e sugestões. Eu não sou assim, mas às vezes é preciso sê-lo. Em situações como essa, o que eu prezo bastante é o fim, quero dizer, aquela obrigação em algum momento vai acabar, eu não vou ficar em pé falando em público o tempo todo, no momento que aquela apresentação acabar, eu me recolho no meu canto, ligo meu kobo e coloco meus fones de ouvido — ainda que eu não esteja lendo e nem ouvindo música, é uma boa forma de manter alguma distância. Ou seja, após uma tarefa exaustiva socialmente, eu prezo por um tempo comigo mesma, por uma atividade que me recompense e me dê prazer.
Saiba se planejar: para cada atividade desagradável e que possa exigir mais do que o seu natural, programe alguma atividade que você possa fazer sozinho, algo que seja revigorante e prazeroso. É com estas recompensas que a socialização torna-se mais confortável.
E diga sempre com sinceridade ao outro o que passa com você. Talvez você não queira mais conversar porque quer voltar a ler o seu livro, ver o seu seriado, ou você simplesmente quer voltar a ficar sozinho. Ok, diga. As pessoas compreendem, acredite em mim, desde que você diga com educação e respeito.
E você, sente facilidade em desvincular-se das interações sociais? É fácil sair de uma roda de amigos ou você fica confuso sobre como avisar que prefere se ausentar? E quando as pessoas forçam a barra, achando que você deve conversar e interagir do modo que elas querem e esperam, como você costuma lidar? Diga aqui nos comentários! :)