Crimes Imaginários: o que é isso? (Parte 1)

Míriam Medeiros Strack
Published in
3 min readJan 9, 2019

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Recentemente finalizei a leitura do livro Crimes Imaginários (Lewis Engel e Tom Ferguson) por indicação da minha psicóloga e achei que as informações contidas nele são muito interessantes e merecem ser compartilhadas. Como são muitas informações, resolvi fazer uma série de textos para conseguir abarcar tudo e tornar a leitura mais fácil. Vamos lá!

O que são crimes imaginários?

“São essas ideias inconscientes — de que causamos a infelicidade, a frustração e o sofrimento de nossos pais e irmãos — que chamamos de crimes imaginários” (1).

Essa frase de Engel e Ferguson resume bem a ideia toda. Quando somos crianças, inconscientemente, podemos pensar que o sofrimento de nossos familiares é nossa culpa, que nós somos os causadores de suas frustrações. Podemos ter “um senso de responsabilidade falso ou exagerado pela infelicidade de entes queridos” (2).

O problema é que esses pensamentos da infância, se não identificados e tratados, podem nos acompanhar por toda a vida adulta e nos trazer problemas dos mais diversos.

Quais são os crimes imaginários mais comuns?

Segundo os autores, temos seis crimes imaginários principais, mas podem haver outros:

  • Suplantar: de um modo geral, quando somos mais felizes, mais bem sucedidos, etc., que nossos familiares.
  • Sobrecarregar: quando sentimos que o nosso nascimento e a nossa existência sobrecarregam ou sobrecarregaram nossos pais.
  • Roubar amor: quando sentimos que roubamos o amor que era destinado a um de nossos irmãos.
  • Abandono: quando saímos de casa, podemos sentir que estamos abandonando nossos pais.
  • Deslealdade: quando pensamos diferente deles, podemos sentir que estamos sendo desleais.
  • Maldade básica: quando, por algum motivo, fomos levados a acreditar que há algo de errado conosco e que somos naturalmente maus, egoístas, repulsivos, ou mesmo indignos de amor.

Boa parte desses fatos descritos acontecem com todas as pessoas, porém, o que vai definir se são crimes imaginários ou não, é a reação que os pais e familiares tem a partir das suas ações. Para muitos, sair de casa e morar em outro lugar é tranquilo. Mas se você sabe que sua família tem problemas, ou se algum dos seus familiares apresentou depressão quando você foi embora, você pode se sentir culpado pelas suas ações.

O que pode acontecer se eu tiver esses crimes imaginários?

Quando temos algum crime imaginário e acreditamos nele, podemos nos punir de formas diversas:

  • auto sabotagem;
  • incapacidade de ter um bom relacionamento íntimo;
  • incapacidade de relaxar a aproveitar a vida;
  • pensamentos punitivos;
  • em casos graves, pode levar à depressão, ansiedade ou outros transtornos psicológicos.

Como nos absolvermos dos crimes imaginários?

É possível melhorarmos nossa vida e até nos curarmos de transtornos físicos e psíquicos ao nos absolvermos dos nossos crimes imaginários. Seguem algumas coisas que podemos fazer para que isso aconteça:

  • Terapia: sempre a melhor opção quando falamos sobre problemas psicológicos.
  • Auto perdão: se achamos que cometemos um crime imaginários e nos sentimos culpados com isso, trabalhar com o perdão, principalmente de si mesmo, é de grande ajuda.
  • Auto conhecimento: quanto mais você se conhece, mais é capaz de identificar quando se sentir culpado por um crime imaginário.
  • Formulação do projeto inconsciente: uma técnica sugerida no último capítulo do livro que entrarei em detalhes em um texto futuro.

Aproveito e indico um vídeo recente da Jout Jout em que ela fala sobre essas culpas que os outros colocam na gente: Armadura de Teflon. Ela fala justamente sobre nos conscientizarmos dessas culpas para que quando alguém tentar “colocar” uma na gente, a gente perceba e não deixe ela nos afetar.

Iniciamos hoje, então, com esse resumão sobre os crimes imaginários. Se você gostou e se interessa pela assunto, continue acompanhando aqui que vou postar outros textos aprofundando em cada um dos crimes, das punições e das opções de “tratamento”. Enquanto espera, se já tiver alguma dúvida, pode postar nos comentários que vou levar em consideração na hora de escrever os outros textos.

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1 LEWIS, Engel. Crimes imaginários. Por que nos punirmos e como interromper esse processo. São Paulo: Nobel, 1992. p. 22.

2 Idem. p. 15

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Míriam Medeiros Strack
Introverso

Escritora, professora, bailarina, artista. Falo sobre consciência emocional, consciência corporal e autenticidade. Insta: @miriam.mest