Faxina de final de ano: limpe também seus desejos
Escrevo esse texto ainda nos últimos dias de 2018. Sei que essa época, para muita gente, é epoca de faxina da casa, daquelas completonas para entrar o ano com tudo limpo e no lugar. Mas além da faxina externa, como anda sua faxina interna?
Sei que internamente há muita coisa para limpar, mas como não são coisas materiais e visíveis, é mais difícil fazer essa seleção. Vou falar hoje especificamente sobre desejos. Que tal “fazer uma limpa” nos seus desejos?
Explico melhor (e não só explico, exemplifico também): tem alguns desejos que já deixamos de desejar há muito tempo, mas nosso apego e costume a eles fazem com que achemos que ainda desejamos essas coisas. Exemplo: como meus pais são separados, passei anos da minha vida querendo passar um Natal onde os dois se encontrassem presentes. Normalmente era dia 24 com um e dia 25 com outro, e eu gostaria de passar dia 24 com os dois. Esse ano isso ocorreu, porém, quando eu soube disso, já tinha me programado para passar o Natal aqui em MG. Fiquei alguns dias me perguntando se não seria uma boa ideia trocar minhas passagens, cancelar os compromissos aqui e ir passar o Natal lá com a família reunida. Foi então que percebi que, para mim, ter os dois juntos no Natal já não fazia tanta diferença assim. Eu alimentava esse desejo mais por costume do que por realmente ainda o desejar (a-há!).
Comecei a pensar então em todas as vezes que isso aconteceu: já desejei muito casar na igreja, e com o tempo, vi que isso perdeu o sentido para mim; já quis muito fazer parte de uma determinada companhia de dança, mas quando eu saí do grupo de base dela vi que senti mais alívio do que tristeza; já terminei relacionamento sentindo alívio e zero tristeza; entre outros.
“Ela se apegou mais ao fato de ter um desejo do que ao desejo em si
Nem percebeu em que momento foi que o desejo desapareceu
O apego a ele era maior
Só notou que realmente não desejava mais aquilo
no momento em que teve a oportunidade de realizá-lo
Então percebeu que não fazia mais sentido”
E com tudo isso percebi outra coisa aqui: receber o objeto de nosso desejo, sem desejá-lo mais é pior do que desapegar do desejo assim que parar de desejá-lo. Sério, das vezes em que me foi dado algo que eu desejava, e eu não senti nada, porque o desejo já havia sumido há muito, a sensação de indiferença interna foi bem pior do que das vezes em que eu percebi antecipadamente que já não desejava algo e desapeguei da ideia.
Então, o ponto que levanto aqui hoje para vocês é: quais velhos desejos ainda estão aí dentro de vocês mais por costume e apego do que por vontade real? Será que já não está na hora de deixar eles irem para abrir espaço para novos desejos, assim como você faz com seu guarda-roupas? Aproveita esse faxinão aí e desapega! ;)
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